Nessa segunda-feira (4), o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, alertou sobre as novas ofensivas imperialistas que buscam impor o fascismo como modelo político e econômico na América Latina. Para Maduro, figuras como o recém-eleito presidente argentino Javier Milei e o presidente do Equador, Daniel Noboa, são peões do imperialismo que trabalham para instaurar governos autoritários e “neocoloniais” na região. Em vez de liberdade e prosperidade, eles carregam um objetivo claro: submeter os povos latino-americanos a uma exploração brutal e destituí-los de toda forma de soberania.
A resistência ao ALCA
Maduro falou sobre o exemplo histórico da Cúpula das Américas de 2005, quando Hugo Chávez e Néstor Kirchner uniram forças contra a Área de Livre Comércio das Américas (ALCA). Este projeto, impulsionado pelos Estados Unidos, buscava consolidar o domínio econômico do imperialismo sobre o continente através de um modelo que centralizava a economia dos países latino-americanos nas mãos de empresas estrangeiras e destruía a base produtiva nacional.
“A derrota do ALCA foi uma vitória da classe trabalhadora e dos movimentos populares contra o neoliberalismo e o domínio colonial”, afirmou Maduro. Ele ressaltou a importância desse marco como um ponto de chegada e um ponto de partida: a culminação de uma luta histórica e o início de um novo ciclo de resistência contra o imperialismo. Desde então, a classe trabalhadora e os movimentos sociais se organizaram para enfrentar as ofensivas do capital estrangeiro e lutar por sua soberania.
A tentativa de impor o fascismo
Para Maduro, o que se vê atualmente é uma nova versão desse mesmo projeto, mas em uma crise ainda mais profunda. O imperialismo, em sua tentativa desesperada de manter o controle da região, recorre agora ao fascismo aberto. “O modelo que querem impor hoje, com figuras como Milei e Noboa, é um modelo fascista”, alertou o presidente venezuelano.
Sob o pretexto de combater a corrupção e promover o crescimento econômico, esses governos utilizam políticas autoritárias e repressivas para suprimir qualquer tipo de resistência popular e aprofundar o controle imperialista sobre os recursos e o território latino-americano.
Maduro descreve essa investida como parte de uma campanha de desestabilização ampla e organizada, voltada para desarticular governos soberanos e movimentos populares que se opõem ao imperialismo. No caso da Venezuela, essa campanha inclui sanções econômicas devastadoras, tentativas de golpe de Estado e uma guerra de propaganda incessante para minar a moral do povo e dividir as forças progressistas.
Da ditadura neoliberal ao fascismo
Maduro ainda lembrou que o neoliberalismo foi imposto ao continente através de golpes militares e ditaduras sangrentas na década de 1970, com figuras como Videla na Argentina, Pinochet no Chile e Bordaberry no Uruguai. Esses regimes serviram como laboratórios para o modelo neoliberal que buscava acabar com os direitos do povo, destruir o movimento operário e abrir as portas para o capital estrangeiro. Os golpes eram justificados pela política da “modernização” e “eficiência econômica”, mas, na prática, representavam a submissão dos povos latino-americanos aos interesses de Washington.
A ascensão de figuras como Milei e Noboa representa uma continuidade dessa política de dominação, agora disfarçada sob uma retórica de “liberdade econômica” e “meritocracia”. Como ressaltou Maduro, o imperialismo adota um discurso de liberdade para mascarar a verdadeira intenção: submeter os povos da América Latina a uma nova era de dependência e exploração, em que os recursos naturais, a força de trabalho e a soberania são colocados à disposição das potências estrangeiras.
A resistência da Venezuela
Maduro enfatizou que a Venezuela representa hoje um dos principais focos de resistência contra essa ofensiva fascista. Caracas é vista como a “capital da rebeldia e da luta” na América Latina, um bastião da resistência que não se rende diante das pressões e agressões imperialistas. Para o presidente venezuelano, a luta que se trava hoje é essencialmente uma luta pela autodeterminação dos povos e por uma América Latina livre do domínio estrangeiro.
A posição da Venezuela é clara: resistir a qualquer custo. Em aliança com Cuba, Nicarágua, Bolívia e outros países da região, o governo venezuelano tem liderado a resistência contra as políticas econômicas e as campanhas de difamação orquestradas pelo imperialismo. Essa posição se mantém firme, apesar das sanções econômicas, do bloqueio e da constante ameaça de intervenção militar.
Maduro também conclamou os movimentos sociais da Argentina e de toda a América Latina a se unirem em solidariedade à Venezuela e aos povos que lutam contra o fascismo. Ele destacou que, assim como na época da ALCA, a resistência ao imperialismo só será eficaz se for organizada e coordenada em escala continental. Para ele, a solidariedade internacional é o único caminho para derrotar as forças reacionárias e assegurar um futuro de paz, justiça e igualdade para a América Latina.
“O futuro de nossa região depende de nossa capacidade de resistir ao imperialismo e de construir um projeto de desenvolvimento independente e socialista”, declarou Maduro. Ele ressaltou que a luta é de todos os povos e que cada avanço em um país é uma vitória para toda a América Latina.