Em recente entrevista ao canal UOL, Ciro Gomes afirmou que, para ele, o PT era o “mal maior” no Ceará. A afirmação foi feita para supostamente explicar o porquê de seu apoio aos candidatos da direita em seu estado. Sendo ele um típico político burguês inimigo do povo, ele adotou o discurso já gasto da “luta contra a corrupção” para atacar o PT:
“Veja, eu fui fazer campanha no meu estado, em uma cidade chamada Crato, e lá o candidato é do União Brasil. Eu o apoiei porque ele está denunciando a corrupção generalizada [do governo estadual]. Tenho pouco apreço a essa prática corrupta fisiológica pouco ideológica. Em princípio, acho que o PT é o mal maior hoje no Ceará.”
Não é de se estranhar tal posicionamento. O herdeiro da família Ferreira Gomes sempre foi um inimigo da esquerda e fantoche do PSDB. Sua entrada para o PDT, legenda que já pertencera a Leonel Brizola, aprofundou a transformação deste partido em um verdadeiro puxadinho dos tucanos.
Agora, Ciro também revelou seu lado bolsonarista, pois o partido com o qual o PDT irá se aliar para se opor ao PT no Ceará e em Goiás é o próprio PL de Jair Bolsonaro. No Ceará, essa aliança irá ocorrer em Juazeiro do Norte e em Crato. Já em Goiás, as cidades em que PDT e PL estarão juntos são Aparecida de Goiânia e Trindade, ambas na região metropolitana de Goiânia.
Ciro Gomes já se revelou, sob todas as situações possíveis, um político burguês inimigo da esquerda e do povo. Infelizmente, durante o período do golpe de Estado, ele fingiu estar construindo uma aliança com a esquerda através de discursos vazios, demagogia e tentativas de se colocar como grande amigo de Lula e crítico de outras figuras como Eduardo Cunha.
Naquele período, ele se projetava em diversos meios de comunicação com bravatas como “se Lula for preso, irei fugir com ele para alguma embaixada”, procurando até vender a imagem de que seria o “melhor amigo de Lula”. Tudo isso já se revelou uma mentira grotesca, pois, desde que Lula efetivamente foi para a prisão, Ciro fez diversos ataques e críticas ao presidente e seu partido, sempre com a velha ladainha direitista da corrupção e coisas semelhantes.
Agora, Ciro volta a aparecer com o mesmo discurso, ao falar de corrupção no governo estadual do PT. Como se o seu setor, apoiado por figuras como Tasso Jereissati, não tivesse sido responsável por diversos crimes contra o povo cearense e brasileiro, incluindo a ampla campanha feita pela privatização da água em todo o País, antes mesmo de Tarcísio assumir o governo do estado de São Paulo e vender a Sabesp a preço de banana.
A revelação de Ciro Gomes como bolsonarista é importante porque mostra o acerto dos setores da esquerda que o expulsaram do carro de som durante manifestação pelo “Fora Bolsonaro” em 2021. Naquele momento, setores da esquerda pequeno-burguesa queriam utilizar a mobilização popular para limpar a barra de criminosos como Ciro Gomes e políticos do PSDB, o que foi mal-sucedido graças à ação decisiva destes setores mais combativos.
Essa nova evidência do caráter reacionário de Ciro Gomes revela que o movimento operário não pode confiar nos políticos burgueses como ele. Nesse sentido, é preciso observá-lo pela sua relação com as classes sociais e não por seu discurso, que teve uma roupagem “esquerdista”, mas se revelou uma farsa. Ciro Gomes, que agora se alia com Bolsonaro, sempre foi um inimigo dos trabalhadores e cumpria a função de tirar votos e apoio político do PT, embora parte da esquerda pequeno-burguesa tenha tentado vendê-lo como nacionalista e esquerdista.
Além disso, a aproximação de Ciro Gomes com o bolsonarismo também é uma prova de que todo o seu discurso supostamente nacionalista, o qual ele começou a ostentar no período seguinte ao do golpe de Estado, é uma demagogia gigantesca. Os bolsonaristas são todos capachos do imperialismo norte-americano e não têm nenhum interesse no desenvolvimento nacional. Evidentemente que não se poderia esperar mais de um dos responsáveis pela aniquilação da Gurgel, empresa que produzia carros 100% nacionais e foi sabotada por Ciro Gomes.
Nesse momento de crescimento da polarização política, é preciso que a esquerda se posicione de forma decisiva ao lado da classe trabalhadora e de sua mobilização. Todas as alianças que Ciro possa ter feito com a esquerda no passado eram mera conveniência e disfarce de seu caráter golpista. No momento em que a esquerda se encontra enfraquecida devido aos ataques da burguesia contra o governo Lula, Ciro imediatamente passa a se aliar com os bolsonaristas. Desmascarar e denunciar essas figuras nefastas é fundamental para o esclarecimento da população e para o avanço da luta da classe operária.