Em uma descoberta impressionante, um manuscrito musical atribuído a Frédéric Chopin foi encontrado na Morgan Library & Museum, em Nova York, por Robinson McClellan, o curador da coleção. O item, uma valsa com anotações que sugerem a autoria do célebre compositor, despertou grande interesse entre especialistas. A peça, que exibe uma abertura tempestuosa incomum e uma breve duração de apenas 48 compassos, foi enviada para análise ao estudioso Jeffrey Kallberg, que imediatamente percebeu a raridade do achado. Depois de extensos exames do papel, tinta e caligrafia, o Morgan confirmou que a obra é provavelmente autêntica, sendo a primeira descoberta de Chopin em décadas.
A confirmação da autenticidade do manuscrito gerou debates no mundo da música clássica, um campo onde descobertas como essa são frequentemente vistas com ceticismo devido ao risco de falsificações. No entanto, o documento exibe características peculiares da escrita e estilo musical de Chopin, como uma tonalidade de lá menor e dinâmicas fortes. A autenticidade foi ainda reforçada pela consistência da notação com o estilo de caligrafia do compositor. Embora incomum, a obra traz marcas estilísticas que evocam o estilo intenso e emocional de Chopin, refletindo, segundo o pianista Lang Lang, a alma polonesa do compositor.
A história de Chopin, que deixou a Polônia aos 20 anos e nunca mais voltou, sempre foi marcada pela saudade e melancolia, sentimentos que permeiam suas obras. Em especial, suas valsas — originalmente composições alegres e para dançar — ganharam nas mãos de Chopin um caráter introspectivo e pessoal, muitas vezes destinadas a serem dadas como presentes. Esta peça recém-descoberta, pequena e delicada, pode ter sido um presente, pois foi escrita em um tipo de papel comumente usado para notas pessoais.
Apesar da autenticidade provável, a peça levanta dúvidas sobre o que Chopin teria pensado dela. Ele era conhecido por sua meticulosidade e, embora a nova valsa contenha erros e imperfeições, ela preserva um charme e uma qualidade preciosos que cativam. Especialistas acreditam que, embora Chopin tenha expressado o desejo de destruir algumas de suas composições inacabadas, ele ficaria contente com o carinho e o fascínio que sua obra ainda desperta no mundo moderno.