Em março deste ano o militante do Partido da Causa Operária (PCO) Fábio Picchi participou do Congresso do Partido dos Comunista dos Estados Unidos representando a agremiação brasileira, fato que foi tema do programa “Resumo do Dia” da Causa Operária Tv. Nele, os companheiros Antônio Carlos e Neuder Bastos fizeram uma entrevista com Picchi, que trouxe detalhes de sua participação como representante do PCO no Congresso.
O Partido dos Comunista dos Estados Unidos (PCUSA) advém de um racha do Partido Comunista dos Estados Unidos (CPUSA). Picchi esclarece que a ruptura se deu em 2016 por parte das lideranças pequeno-burguesas do CPUSA, que hoje atuam como uma força reacionário e um sustentáculo do Partido Democrata. Em 2022 o PCUSA sofreu uma tentativa de sabotagem por parte de setores pequeno-burgueses em suas fileiras, que acabaram rompendo com o partido após uma campanha de difamação e uma tentativa de roubo do sítio da agremiação. A origem da sabotagem e da cizânia foi a posição adotada pela direção com relação à Guerra da Ucrânia.
“A questão da Ucrânia foi o que nos unificou inicialmente, eles têm uma posição firme em defesa da Rússia contra a OTAN”, disse Picchi. O PCUSA participou inclusive no Festival da Juventude Mundial na Rússia em 2024, tendo sido saudado pelo ministro das Relações Exteriores do país, Seguei Lavrov, pelo apoio à posição russa. Quanto ao posicionamento do partido sobre a Ucrânia, Picchi informou que a sigla comunista se vê um tanto quanto isolado nesta posição, contrastando com o Brasil, onde o apoio aos russos é ponto pacífico entre a esquerda séria.
Ainda sobre as diferenças entre a esquerda brasileira e a norte-americana, Picchi aponta como a defesa das liberdades democráticas – acesso irrestrito as armas e liberdade de expressão irrestrita – são facilmente defendidas nos EUA, enquanto no Brasil vemos apenas o PCO nesta frente.
Durante o Congresso, o PCO estabeleceu contatos não apenas com o PCUSA, mas também com outras organizações que participaram do evento, como o Partido da Democracia Popular na Coreia do Sul e o Partido Comunista da Grã-Bretanha. Demonstrando a importância da luta anti-imperialista mundial e da posição do PCO. Quanto a isto, Picchi afirma:
“O momento é muito proveitoso para a política anti-imperialista. A gente sempre tem dificuldade de dimensionar a grandeza do nosso próprio trabalho, mas depois da entrevista com o Dr. Basem Naim do Hamas e mais os materiais que publicaremos em breve, vemos que o PCO ocupa um lugar central nesta política. E dá para ver que isso atrai outras organizações. Estamos construindo esta unidade e essa frente anti-imperialista internacional”.
Picchi também foi questionado sobre a posição do PCUSA quanto a questão palestina. Afirmou que o Partido possui uma posição anti-imperialista firme. Entretanto, notou uma divergência entre a velha guarda e a juventude do partido, com os jovens apoiando de forma mais firme a luta palestina. Picchi disse também que pediram para o PCO intervir nesta questão e tentar conseguir uma entrevista entre o PCUSA e o Hamas, por acreditarem ser de grande importância que uma organização norte-americana demonstre também este apoio à luta palestina.
“Uma coisa importante, é o nosso apoio e o apoio que receberam de diversas organizações do mundo. Do ponto de vista do nosso trabalho, mostra o crescimento da nossa organização. A opinião do PCO é escutada, não só no Brasil”, afirma Picchi.
O militante também ressalta a importância da visita para a superação do sectarismo. Apesar do Partido dos Comunistas dos Estados Unidos terem origem stalinista e manterem esta posição, deixaram o sectarismo de lado a se uniram com o PCO para a luta anti-imperialista. Picchi termina afirmando que:
“A nossa visita é uma prova que está na hora de deixar o sectarismo para trás e unir todas as forças que querem enfrentar o imperialismo de forma consequente para dar este golpe final”.