Na medida em que se agrava a crise econômica e política, os chefes imperialistas avançam cada vez mais na preparação de uma grande guerra. Provocada diretamente pela ação dos governos dos países mais ricos do mundo, defensores dos interesses dos grandes monopólios, esta guerra irá intensificar a situação atual de conflitos que atingem os países oprimidos.
Os sinais são evidentes e estão em todas as partes. Na Europa, diante da derrota da operação imperialista contra a Rússia, que tem a Ucrânia como “bucha de canhão” do imperialismo, não há um minuto em que não se discuta a ampliação do conflito com a participação direta das tropas da OTAN e até mesmo do uso de armas nucleares. No Oriente Próximo, crescem as provocações contra o Irã, os ataques ao Líbano, Síria etc., ameaçando levar toda a região a um grande conflito. No Sudeste Asiático, crescem as provocações contra a China, envolvendo desde a Península Coreana à Austrália. Na América Latina, as ameaças e ações golpistas atingem a Venezuela, Bolívia, Peru, Colômbia e mais.
O enfrentamento entre o imperialismo e os países oprimidos chega a níveis nunca vistos nas últimas décadas diante da espetacular reação dos povos explorados, que vêm impondo pesadas derrotas aos Estados Unidos e seus parceiros criminosos nos últimos anos, como nos recentes casos das vitórias do Talibã e do povo afegão; do povo sírio e dos seus aliados contra os bombardeios criminosos do imperialismo; da retirada forçada das tropas ianques do Iraque; da combativa guerra libertadora que o povo russo trava e vence contra a Ucrânia/OTAN; da reação de países latino-americanos, como a Venezuela, contra a ação golpista dos EUA e dos seus capachos da direita; do papel de liderança revolucionária do Irã à cabeça do Eixo da Resistência e, principalmente, da heroica revolução do povo palestino e seus aliados contra o regime nazista do sionismo na Palestina desde 7 de outubro de 2023.
Frente a esta situação, é impossível adotar uma posição de neutralidade em relação aos blocos em conflito. O Brasil, assim como todos os países de capitalismo atrasado, ou se alinham ao movimento de enfrentamento real da ordem mundial, não apenas em palavras ou em questões secundárias, ou acabam servindo de correia de transmissão da política das potências imperialistas.
O governo Lula e de todos os países oprimidos ou se juntam de fato ao bloco dos que lutam contra o imperialismo, ou assumem a posição de capachos do imperialismo contra os povos em luta e contra seu próprio povo, como acontece com os governos ilegítimo de Zelensky, na Ucrânia, de Milei, na Argentina, e tantos outros. Não há meio-termo possível!
Nos últimos dias, o governo brasileiro mostrou – de modo muito grave – que está apontando na direção oposta a dos interesses e necessidades da maioria do povo trabalhador que o elegeu e que, para defender seus interesses contra os abutres capitalistas responsáveis pelo caos e miséria que se impõem ao País e a todo o planeta, precisa estar ao lado da luta da classe trabalhadora e dos povos oprimidos de todo o mundo contra o imperialismo.
Depois de assumir a posição vergonhosa de exigir que o governo venezuelano (um aliado da maior importância na América Latina) apresentasse as atas das eleições, algo que nunca pediu para nenhum país e que nem lhe cabe pedir, o governo Lula usou seu poder de veto para impedir que o país com as maiores reservas de petróleo comprovadas do mundo e, por isso, alvo de pesados ataques e seguidas tentativas de golpe, ingressasse no BRICS.
O Ministério das Relações Exteriores brasileiro reafirmou a posição de não romper relações com o governo genocida de “Israel”, poucos dias depois do direitista ministro da Defesa, José Múcio, contrariar a própria política do governo Lula e defender a compra de armas da ocupação sionista sob a alegação absurda de que “houve agora uma concorrência, uma licitação, e venceram os judeus [sic], o povo de Israel“, em uma clara defesa – inclusive religiosa – do sionismo.
Estes posicionamentos expressam uma capitulação diante dos inimigos do povo brasileiro e de todos os povos oprimidos. São gestos de servilismo aos genocidas, golpistas e senhores da guerra e de hostilidade contra os que lutam pagando, inclusive, com suas vidas e de milhares de pessoas contra a odiosa dominação imperialista.
Significa também uma capitulação em larga escala diante da direita, da burguesia golpista inimiga do povo trabalhador e que, desde o começo, buscou encurralar o governo Lula. Este governo sucumbe, mostra fraqueza, não se dispõe a realizar a mobilização pelo enfrentamento com a direita, até mesmo se alia a ela (“frente ampla”) e, de forma covarde, sequer atua para defender os seus aliados naturais.
Derrotado nas eleições, por sua política covarde diante da direita, o governo discute um pacote pós-eleitoral para atacar os trabalhadores, com pesados cortes em áreas sociais e até mesmo ataques aos seus direitos históricos (FGTS, aposentadorias, BPCs etc). Um estelionato! Ouve os banqueiros, mas não ouve a CUT (como protestou sua Direção Nacional). Volta as costas para o povo e suas organizações de luta. Coloca-se nas mãos da direita e abre caminho, portanto, para sua derrubada.
Não foi para isso que Lula foi eleito!
O Brasil, pela sua importância entre os países atrasados, pela força de sua classe operária, deveria ter uma política oposta. Ao invés de permitir que o imperialismo ataque seus irmãos, deveria liderar a aliança desses países com o bloco de nações que estão lutando para se libertar da dominação imperialista.
Em vez de vetar a Venezuela, deveria condenar a ação golpista dos fascistas e do imperialismo que agem para derrubar Maduro, como fizeram com Dilma.
Ao contrário da “parceria” (submissão) ao imperialismo, deveria estar empenhado em consolidar o BRICS e todo tipo de articulação econômica e política que imponha barreiras a esses abutres. Em vez de condenar o Hamas e defender os interesses de “Israel”, deveria seguir condenando o genocídio do regime nazista e apoiar a heroica luta da resistência palestina.
Mais do que nunca, faz-se necessário adotar uma posição de independência e soberania, de unidade com os povos oprimidos, e não de submissão diante dos cães imperialistas.