O Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo (SIPRI), think tank da Suécia, publicou um relatório que aponta para um aumento no número de ogivas nucleares, assim como em gastos nessas armas por parte dos países que possuem bombas atômicas (Estados Unidos, França, Inglaterra, Rússia, China, Coreia do Norte, Índia, Paquistão e “Israel”).
Os nove países aumentaram em 13,4% seus gastos com armas nucleares em 2023, o que equivale a um aumento de 91,4 bilhões de dólares. Somente os Estados Unidos aumentaram em 18%, o que, em números absolutos, supera a soma dos outros nove países juntos. Em bilhões de dólares, a Rússia observou um aumento de 2,4 bilhões, enquanto a China teve 1,4 bilhão de dólares a mais que no ano anterior. Já o Paquistão foi o país que mais teve um aumento nos gastos, com cerca de 60%, o que não é tão grande, já que o acréscimo se dá sobre um valor pequeno perto do que os EUA, por exemplo, gastam com suas ogivas por ano.
O relatório, publicado a cada cinco anos e que, desta vez, analisa os dados entre 2019 e 2023, afirma também que o último quinquênio teve um aumento de 34% nos gastos com armas atômicas. O número total de ogivas oficialmente espalhadas pelo mundo é de 12.100, com 9.500 prontas para serem usadas, enquanto outras 3.900 já estão em mísseis e aeronaves. A maioria das ogivas estão na Rússia, que possui 4.380, e nos EUA com 3.708.
O aumento nos gastos no ano passado demonstra como o imperialismo está se preparando para levar o mundo a uma guerra de grandes proporções, na qual as armas nucleares terão um papel muito importante tanto para a defesa dos países atrasados, quanto em sua utilização por parte dos países imperialistas e seus aliados.
Mais uma demonstração de que há uma mudança na maneira com o que o imperialismo trata a questão das armas atômicas é o fato de que, na última terça-feira (18), o Senado dos EUA aprovou uma lei para acelerar o processo de fabricação e implementação de reatores nucleares para a fabricação de energia elétrica.
Apesar de a fabricação de energia nuclear ser diferente da fabricação de bombas atômicas, nunca é demais lembrar a pressão exercida por parte do imperialismo contra esse tipo de energia, utilizando, justamente, o argumento de que o enriquecimento de urânio para a fabricação de energia era, na verdade, um meio de encobrir sua utilização em armas atômicas. O caso do acordo nuclear do Irã é um grande exemplo disso.
Além de ser um país independente, o imperialismo nunca permitiu ao Irã um programa nuclear pleno. Para se ter uma ideia, as agências de inteligência dos EUA e do Estado de “Israel”, que estão bombardeando mulheres e crianças palestinas neste momento, disseram também, na terça-feira, que começarão uma investigação contra o Irã após analisarem modelos de computador do país e chegarem à conclusão de que Teerã está interessada em construir armas nucleares.
Toda a preocupação com o Irã por parte do imperialismo, enquanto apoia “Israel” no genocídio, se dá também em meio a declarações da Suécia e da Polônia no sentido de que estariam abertas a, no caso da Suécia, abrigar tropas norte-americanas e possíveis armas nucleares e, no caso da Polônia, abrigar armas nucleares e garantir que os abrigos antibombas estariam cheios de suprimentos para o caso de um ataque russo.
Outra das preocupações do imperialismo é a Coreia do Norte, o que fez com que a Coreia do Sul assinasse um acordo de cooperação com os EUA em 2023 no sentido de poder abrigar armas nucleares. Além disso, o presidente sul-coreano, Yoon Suk-yeol, disse que o país deveria ter um programa de armas nucleares próprio, se tornando, assim, o décimo país a possuir tais armas.
Sobre isso, Elbridge Colby, ex-oficial do Pentágono, disse que a possibilidade de armas nucleares na Coreia do Sul pode, na verdade, ser muito útil em relação à China em um futuro conflito com Taiuan.
Também na terça-feira (18), o ex-conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos do governo de Donald Trump, Robert O’Brien, disse que os Estados Unidos deveriam voltar a testar armas nucleares, o que ocorreu pela última vez em 1992.
Toda essa mobilização do imperialismo, como se pode ver na matéria Os EUA precisam de mais armas nucleares. Biden finalmente entende isso (The US Needs More Nukes. Biden Finally Gets That), publicada pelo Bloomberg em 14 de junho de 2024, que defende o aumento de ogivas por parte dos EUA; tem como pretexto a suposta corrida nuclear que países contrários a sua dominação estariam levando adiante. A campanha contra o Irã, a Coreia do Norte e, principalmente, contra a Rússia e a China se centram em afirmações como a de que a Rússia estaria pronta para colocar armas nucleares em veículos espaciais, o que já foi negado pelo país, e em afirmações como a de que a China teria aumentado suas ogivas em 2023 para 500, como aponta o próprio relatório SIPRI.
Não se pode ter dúvidas sobre a possibilidade da utilização de armas nucleares. Os EUA utilizaram duas vezes esse tipo de armamento contra a população japonesa no fim da Segunda Guerra Mundial e não teriam problema em utilizá-lo novamente caso seja necessário para manter seus interesses.