Partido da Causa Operária

Uma campanha sórdida contra o PCO – Parte 2

Francisco Ladeira, no GGN, volta a atacar a organização trotskista, revelando um pouco mais do que está por trás de suas acusações

No dia 12 de janeiro, publicamos o artigo Uma campanha sórdida contra o PCO: a serviço do que?, em que respondemos às acusações do jornalista Francisco Fernandes Ladeira ao Partido da Causa Operária (PCO). Naquela ocasião, demonstramos não apenas que as acusações eram sem fundamento, mas também que elas omitiam o seu verdadeiro propósito: atacar o PCO por causa de sua crítica à política de colaboração com a direita.

Seis dias depois, recebemos a réplica do senhor Ladeira. O texto A realidade paralela do PCO, publicado no GGN, assim começa:

“Na semana passada, escrevi um artigo intitulado ‘PCO e a extrema direita’, explicando que o Partido da Causa Operária é uma organização cujo objetivo não é necessariamente eleitoral, mas servir aos interesses particulares de seu presidente. Continuando o debate, neste texto aponto que o PCO se encontra em uma espécie de realidade paralela.”

Note, leitor, que nosso detrator se propõe a “continuar o debate”, sem, no entanto, responder diretamente ao artigo publicado neste Diário. Ladeira não está continuando debate algum – ele, na verdade, já perdeu o debate assim que começou. Ao não responder nossas colocações em Uma campanha sórdida contra o PCO: a serviço do que?, Ladeira está, portanto, confirmando tudo o que dissemos.

O objetivo de Ladeira não é fazer um debate honesto. É, portanto, continuar fazendo acusações absurdas contra o PCO e ignorar por completo as acusações contra si próprio. Não se trata da continuação de um debate, mas, portanto, da continuação de uma campanha sórdida de ataques contra o Partido, conforme já havíamos tornado público.

O centro do novo texto de Francisco Ladeira é a alegação de que o PCO vive em uma realidade paralela. A alegação, por sua vez, é também típica de quem não quer fazer um verdadeiro debate. Não existe, afinal de contas, uma “realidade paralela” na política, existe a análise dos acontecimentos. Se uma organização considera absurda uma determinada análise e quer classificar o seu adversário como alguém que vive em uma “realidade paralela”, no sentido de dizer que suas ideias são inconsistentes, tem todo o direito de fazê-lo, mas seria preciso demonstrar porque as coisas são desta forma. Do contrário, acusar alguém de viver em uma “realidade paralela” tem tanto valor como xingar a mãe de alguém: é uma acusação vazia, um ataque. Um ataque que, como vimos, procura disfarçar o fato de que Ladeira não conseguiu responder nossas acusações no artigo citado.

Ao tentar explicar o que seria essa tal “realidade paralela” do PCO, Ladeira indica que o Partido – isto é, a sua direção – faria uma propaganda falsa sobre a sua importância para a política nacional e internacional, cujo objetivo Ladeira não ousa dizer explicitamente qual seria. Assim, Ladeira afirma que:

“Nesse ‘mundo alternativo’ e megalomaníaco, existe uma (suposta) perseguição do imperialismo estadunidense ao PCO. Pensem bem! É surreal pensar que a maior máquina de guerra e espionagem da história da humanidade, responsável por inúmeros golpes de Estado mundo afora, iria se preocupar, justamente, com o PCO, que elegeu somente um vereador até hoje (e mesmo assim numa aliança com partidos de direita).”

Se de fato é uma “megalomania” do PCO dizer que é um partido perseguido, Ladeira precisaria explicar porque é que o Partido da Causa Operária é vítima de nada menos que sete processos de sionistas com atuação no Brasil. Entre esses processos, a Confederação Israelita do Brasil (Conib), que já foi acusada pela presidenta nacional do PT, Gleisi Hoffmann, de agir “em nome daquele governo [de ‘Israel’] em nosso país”, pede a cassação de seu registro partidário. Todo mundo sabe que os sionistas são agentes do imperialismo – ou Ladeira pensa que não?

O que a acusação revela, no final das contas, é que Ladeira, na verdade, ignora o que é o imperialismo. Não é preciso ser uma organização com milhões de filiados e estar prestes a tomar o poder para ser alvo de perseguição do imperialismo. O grupo duguinista Nova Resistência, uma organização pequena, que sequer é registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), é comprovadamente perseguido pelo Departamento de Estado norte-americano – existe instituição que melhor defina o que é o imperialismo que essa? O próprio governo norte-americano divulgou um documento no qual acusa o movimento Nova Resistência de “disseminar desinformação” em favor da Rússia.

Ladeira, então, continua sua pregação:

“Nessa ‘lógica’, todos os veículos de comunicação que denunciam os devaneios do PCO – A Terra é Redonda, Fórum, DCM, GGN, Carta Capital, entre outros – estão a serviço do imperialismo, do PSDB, do sionismo e/ou são financiados por ONGs”. Quem está afirmando tal coisa é o próprio Ladeira. No entanto, a ideia que merece aqui ser debatida é: seria uma ideia absurda considerar que o imperialismo procura se infiltrar nas organizações e na imprensa considerada “progressista”? Ladeira parece achar realmente que o imperialismo é uma força política inconsciente, se não até benévola, uma vez que não corrompe ninguém, não compra ninguém, não espiona ninguém.

Também citar meia dúzia de portais na Internet que teriam recebido textos que atacam o PCO não quer dizer muita coisa. Curiosamente, Ladeira não cita o maior portal da esquerda brasileira na internet: o Brasil 247. E o motivo? Muito simples: não só o portal não costuma atacar o PCO, como entrevista, toda semana, o presidente nacional do Partido, Rui Costa Pimenta, que, por sua vez, frequentemente tem artigos publicados no portal.

Da mesma forma que acusa o PCO de não ser bem visto por portais “progressistas”, Ladeira afirma que:

“Além do mais, membros de todos os ‘organismos parasitados’ pelo PCO procuram se manter distantes do partido de Rui Costa Pimenta. Gleisi Hoffmann, presidenta do PT, já se referiu ao PCO como divulgador de fake news e causador de intrigas entre a esquerda. Segundo Valter Pomar, também membro do diretório nacional do Partido dos Trabalhadores, ‘o PCO é aliado objetivo de Bolsonaro’ e ‘rapidamente ocupará o lugar do PSTU, como ‘a esquerda que a direita gosta”. Em uma live no DCM, a Secretária de Juventude da Federação Árabe Palestina do Brasil (FEPAL), Maynara Nafe, ao comentar sobre a participação do PCO nos atos pró-Palestina, afirmou que o partido ‘não tem nada a ver conosco’.”

As acusações apenas desmoralizam ainda mais Ladeira. Valter Pomar é membro do diretório nacional do Partido dos Trabalhadores, mas é dirigente de uma corrente que sequer representa 1% dos filiados petistas. Não é parâmetro algum para considerar, por exemplo, que o PCO seja um partido mal visto pelo conjunto do PT. Já o que Ladeira fala de Hoffmann não passa de uma calúnia. A presidenta do PT nunca falou tal coisa do Partido. A única declaração que guarda alguma semelhança com o que diz Ladeira foi uma frase publicada pela petista em 5 de novembro de 2021, quando, sem especificar ao que se referia, afirmou “solidariedade com Boulos e companheiros(as) do PSOL que são alvo de fake news. Não vamos cair nessa. Não vamos nos dividir por intrigas e fazer o que a direita e a extrema direita esperam”. Que “fake news” seriam essas? Quem estariam divulgando-as? A presidenta do PT jamais falou, de modo que a associação com o PCO não passa de uma voz da cabeça de Ladeira. Por fim, a tal Maynara Nafe também não é uma representante nacional da FEPAL, de modo que jamais uma fala sua poderia ser considerada como uma declaração do conjunto da comunidade palestina.

Por fim, esse trecho sobre a imprensa “progressista” também traz à tona uma outra ideia absurda de nosso detrator. Para ele, seria estranho dizer que atacar um partido de esquerda que está levando adiante uma determinada luta seria um ataque contra a esquerda. Vejamos, então, um exemplo bem concreto. Há alguns anos, a direita organizou um golpe de Estado contra o governo do Partido dos Trabalhadores (PT), que acabou levando à prisão do hoje presidente Lula. As organizações de esquerda, como o PSTU, que, naquela época, atacavam o PT e Lula, não estavam colaborando com o golpe de Estado? Não estavam contribuindo para confundir aqueles que queriam lutar contra o golpe?

Ora, mas é justamente isso que Ladeira faz neste caso, insistindo em acusações sem fundamento contra o partido que mais está envolvido na defesa do povo palestino.

Outro momento em que Ladeira mostra sua ignorância em relação ao imperialismo é quando trata do futebol:

“Entretanto, os maiores devaneios do PCO, sem sombra de dúvidas, estão relacionados às ‘análises’ do partido sobre futebol. Na realidade paralela do partido, a seleção brasileira e o Menino Ney são perseguidos pelo imperialismo, pela Globo, por Casagrande, por Galvão Bueno, pelo VAR, pela FIFA, pela Conmebol, pela UEFA e pela ‘esquerda pequeno-burguesa’.”

O jornalista demonstra que, se tem alguém que vive em uma “realidade paralela”, é ele. Uma realidade em que o imperialismo é bem intencionado, honesto. Em que as coisas acontecem sem interferência de ninguém, em que os interesses políticos não determinam absolutamente nada. É ridículo.

Como pensar que o esporte mais importante do planeta, que é admirado por bilhões de pessoas, não sofre qualquer influência do imperialismo? Dirigentes da CBF são presos, os clubes brasileiros são vendidos para empresas estrangeiras, a imprensa brasileira é capaz de torcer para qualquer seleção, até pela Argentina, menos pela brasileira! Como é possível Ladeira ignorar que haja interesses por trás desses acontecimentos?

Vejamos, agora, o argumento do senhor Ladeira sobre o “parasitismo” do PCO:

“Já uma das principais táticas utilizadas pelo PCO para corroborar sua ‘realidade paralela’ é parasitar movimentos e políticos populares. Desse modo, o partido se colocou como porta-voz da candidatura Lula, da campanha pelo ‘Fora Bolsonaro’ e pela defesa da causa palestina.”

É curioso que o mesmo Francisco Ladeira que acusa o PCO de “defender bolsonaristas” como parte de sua “estratégia” não consegue ignorar que o PCO está ligado às grandes campanhas políticas do último período. Destacamos, contudo, a má fé de nosso detrator: o PCO não apareceu como “porta-voz” da campanha, no sentido de alguém que tenta usurpar a direção de um movimento. O PCO foi o primeiro partido a levantar a palavra de ordem de “Fora Bolsonaro”, saindo às ruas com essa consigna mesmo antes da vitória do hoje ex-presidente. Durante todo o ano de 2019, inclusive, o PCO foi o único partido a defender a palavra de ordem. Tanto foi assim que o presidente do Partido foi convidado para debater com o petista Breno Altman, que era contra a palavra de ordem, em um programa da TV 247. Na época, o PCO era, obviamente, identificado como o defensor dessa política.

A questão da candidatura de Lula não é diferente. Em 2020, antes da realização das eleições municipais, Rui Pimenta, em um debate com presidentes de partidos de esquerda, propôs a unidade em torno da candidatura de Lula. Nenhum dos presidentes, nem mesmo a presidenta do PT, endossou a campanha.

Quanto à campanha em apoio à Palestina, o PCO pode não ter sido o primeiro a levantar palavras de ordem em apoio ao povo palestino, visto que é uma causa defendida há mais de sete séculos. No entanto, o Partido é reconhecido como a organização que mais tem lutado, de longe, pela causa no Brasil. O PCO já imprimiu e distribuiu mais de um milhão de cartazes e panfletos e é o único partido que convoca publicamente os atos em defesa da Palestina. É por causa de sua defesa tenaz e combativa, inclusive, que o PCO tem sido cada vez mais vítima de processos da extrema direita.

Diante de tantas acusações sem fundamento, poderíamos concluir o artigo afirmando que Francisco Ladeira vive em uma realidade paralela. No entanto, não é este o caso. As calúnias aqui apresentadas, as distorções, a fuga proposital do debate e a insistência em atacar o PCO em meio à luta que está travando em defesa dos palestinos não são produto de quem apenas é ignorante. É uma atitude de quem está mal intencionado.

Francisco Ladeira inicia o artigo afirmando que o PCO é uma “organização cujo objetivo não é necessariamente eleitoral, mas servir aos interesses particulares de seu presidente”. Trata-se, claramente, de uma acusação de corrupção. Ladeira não tem coragem de fazê-lo, mas insinua que a política do PCO seria tão fora da realidade que só poderia ser justificada mediante a corrupção de seus dirigentes.

O jornalista não deveria acusar ninguém sem provas, ainda mais um partido de esquerda. Seus métodos apenas confirmam o que já dissemos: os ataques ao PCO neste momento não interessam em nada à esquerda, mas sim a seus inimigos. No caso, a direita e os defensores da frente ampla com a burguesia golpista.

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