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Rio Grande do Sul

Um mês de enchentes causadas por Eduardo Leite

Estado mais populoso do Sul se encontra devastado e continua nas mãos de parasitas do capital financeiro

Há pouco mais de um mês, no dia 26 de abril, começaram as enchentes que deixaram mais da metade do estado do Rio Grande do Sul debaixo d’água. Segundo dados informados pelo próprio governo gaúcho, 172 pessoas foram mortas e 44 se encontram desaparecidas. Mais de 620 mil pessoas foram forçadas a saírem de suas casas.

Os primeiros locais a serem atingidos foram os municípios do Vale do Rio Pardo. Em Santa Cruz do Sul, por exemplo, choveu por 10 dias seguidos. Segundo a Defesa Civil, ao menos 15 cidades registraram prejuízos causados pelo temporal. Até aquele momento, no entanto, não se sabia que viria um longo período de enchentes que deixariam cidades inteiras debaixo d’água.

As chuvas começaram a se intensificar dois dias depois, no dia 29. Ao final do dia, o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu um informe prevendo que mais da metade do estado receberia um elevado volume de chuvas. No dia seguinte, vieram as primeiras mortes. Na cidade de Paverama, no Vale do Taquari, dois homens que estavam dentro de um carro morreram após o veículo ter sido arrastado pela água. Oito pessoas ao todo morreram.

Na segunda semana, no dia 2 de maio, o Rio Taquari ultrapassou os 30 metros de altura e atingiu o seu maior nível da história. No dia seguinte, a capital gaúcha, Porto Alegre, chegaria a 39 mortes causadas pelas enchentes. No dia 4 de maio, as enchentes se tornaram, oficialmente, a maior catástrofe do Rio Grande do Sul, com 55 mortos confirmados. No dia 8 de maio, a água chegou à região sul do Rio Grande do Sul, generalizando a catástrofe. Quase um milhão de pessoas ficaram sem luz.

Foram necessárias mais de duas semanas para que a água baixasse pela primeira vez. No dia 16 de maio, a água começou a baixar em Porto Alegre, expondo animais mortos e esgoto. Uma das 10 maiores capitais do País se transformou em um imenso lixão a céu aberto.

Desde então, o Rio Grande do Sul praticamente sumiu da grande imprensa, como se o estado fosse uma cidade japonesa, acostumada com grandes desastres naturais, de tal modo que sua população tem onde se abrigar e consegue retomar a vida normalmente. No entanto, as chuvas continuam sendo um problema. Na madrugada da última segunda-feira (3), o nível do Guaíba voltou a subir, ultrapassando a cota de inundação em Porto Alegre. Com isso, a água avançou sobre as ruas, alagando novamente as vias públicas. O lago subiu mais de 30 centímetros em cerca de cinco horas.

O único problema, no entanto, não é a permanência das chuvas, mas sim a permanência do governador Eduardo Leite (PSDB). Responsável não apenas por todos os estragos causados pelas chuvas, mas também por impedir que houvesse qualquer reparação real aos atingidos pelas chuvas.

As chuvas são algo bastante frequente na região. Em 2023, 70 pessoas morreram após enchentes e ciclones no estado. Milhares de pessoas ficaram sem casa. E o que Eduardo Leite fez? No mesmo ano, o governo gaúcho reduziu drasticamente o financiamento destinado à Defesa Civil, passando de R$1 milhão para apenas R$100 mil. Este valor foi ainda mais reduzido em 2024, para meros R$50 mil! Além disso, a Gestão de Projetos e Respostas a Desastres Naturais também sofreu cortes significativos, com uma diminuição de quase R$1,4 milhão em seu orçamento entre 2022 e 2023. A responsabilidade de Leite também vai além dos cortes de financiamento. Durante sua gestão, a Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema) foi desmantelada e fundida com a Secretaria Estadual de Infraestrutura.

O governo de Eduardo Leite, por sua vez, é um retrato do que são os governos neoliberais. Isto é, os governos comandados por funcionários dos bancos, funcionários do grande capital. Leite faz parte do mesmo grupo que delinquentes como Emmanuel Macron, responsável direto pela destruição da Catedral de Notre-Dame. A passagem de governadores como Eduardo Leite é como a passagem de uma nuvem de gafanhotos, que destrói todo o aparato do Estado para que o dinheiro da população vá parar por inteiro nas mãos dos bancos. Ou, melhor: dos bancos e da polícia, para impedir que a população se revolte após ser maltratada.

A imprensa burguesa, apoiadora número um de vampiros como Eduardo Leite, logo apresentou a tese de que as mortes seriam de responsabilidade das “mudanças climáticas”, e não da política de Eduardo Leite. Papo furado. Logo apareceu que a mesma situação já havia ocorrido em 1941. Em 1960, uma nova catástrofe foi causada pelas chuvas e a falta de infraestrutura para lidar com as intempéries climáticas.

Após a enchente de 1941, foi construído o Muro da Mauá, contendo três metros abaixo e três acima do solo, além de 2.647 metros de comprimento. Foi projetada para “cheias de até seis metros de água”. Essa estrutura faz parte do Sistema de Proteção Contra Cheias, que conta com 68 quilômetros de diques, 14 comportas e 19 casas de bombas. Há informações, inclusive, que remetem ao século XX, como quando, em julho de 1897, a histórica ponte Azenha foi destruída.

O parasitismo de Eduardo Leite fez com que o Rio Grande do Sul se tornasse uma cena de filme de apocalipse. O Diário Causa Operária obteve o relato de uma moradora que confirmou que “a imprensa não conta o que de fato aconteceu, a TV aberta é muito enganosa”. Ela relatou que “temos muitas cidades que estão submersas mesmo, a água está nos telhados. Para comer, a gente precisa levar as coisas de barcos, de jet-ski. É uma coisa indescritível o que está acontecendo aqui no Sul”.

Com a capacidade do Estado de assistir a população completamente liquidada por Leite, até mesmo o serviço de recolhimento de corpos entrou em colapso. Sem Defesa Civil existente, a própria população teve que organizar resgates. Os poucos abrigos abertos para o governo não ofereciam as condições mais básicas. Além do mais, foi impedido que a imprensa pudesse verificar o tratamento que o Estado estava dando à população nesses locais.

Não bastasse toda a desgraça, Leite ainda teve a cara de pau de conceder uma entrevista em que disse que foi avisado sobre o risco da catástrofe, mas que a prioridade era cuidar da “capacidade fiscal”. Isto é, do dinheiro dos bancos. O mesmo homem que não liga para a morte de 172 pessoas – segundo os dados do falido Estado gaúcho – disse ainda na mesma entrevista que pretendia “liderar a reconstrução do Estado”. Isto é, em nome da reconstrução, que é uma necessidade para mais de 600 mil pessoas, encher os bolsos de seus amigos empresários e banqueiros.

A negligência de Eduardo Leite é tão grande que levou o presidente Lula a intervir no estado. Mesmo muito acuado pela direita, Lula nomeou Paulo Pimenta, um ministro seu, como interventor e anunciou uma série de medidas. A mais importante delas, que despertou revolta dos banqueiros recentemente, foi a de impedir a especulação com o preço do arroz.

Diante da catástrofe, os Comitês de Luta elaboraram um programa para combater a crise causada por Eduardo Leite. O programa consiste em uma lista de reivindicações, a saber:

  • Organizar um comitê independente para estudar as causas das enchentes e as obras que não foram e precisam ser realizadas.
  • Ver todas as necessidades de quem ficou desabrigado ou afetado, garantir abrigos para todos, além de alimentação, água, luz e auxílio médico.
  • Garantir que todos tenham suas moradias reformadas ou, quando não for possível, realocadas.
  • Tarifa zero para água, energia e telefone nas áreas afetadas até normalizar a situação.
  • Tabelamento de preços e proibição e confisco se necessário das empresas que estocarem gêneros de primeira necessidade.
  • A Polícia Militar deve ser colocada sob coordenação da defesa civil
  • O governo deveria requisitar aeronaves, helicópteros, etc., para resgatar as pessoas.
  • Fim da política de austeridade, déficit zero!
  • Suspensão dos pagamentos de dívidas interna/externa, inclusive com o governo federal
  • Suspensão da lei de responsabilidade fiscal!
  • Auxilio emergencial para todos os afetados!
  • Reestatização de todas as empresas privatizadas!
  • Fora Leite!

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