Em 2023, o Partido da Causa Operária (PCO) realizou o maior número de atividades de luta e formação política de toda sua história. Este é o resultado do crescimento do Partido principalmente nos últimos anos, o qual está relacionado com a defesa de um programa coerente diante da crise que se intensificou no Brasil e no mundo. Enquanto o conjunto da esquerda entrou numa verdadeira encruzilhada devido à falta de uma política para os problemas atuais, o PCO trabalhou muito e aumentou ainda mais sua relevância para a luta dos oprimidos. Buscaremos apresentar aqui um balanço sobre as atividades realizadas pela organização trotskista durante todo este ano.
Réveillon Vermelho e a posse do presidente Lula
O ano começou com o Réveillon Vermelho, uma festa que já se tornou uma tradição na esquerda brasileira. Há décadas, a chegada do novo ano é celebrada pelos militantes e simpatizantes do Partido da Causa Operária. Este evento acontece na cidade de São Paulo e também tem sido realizado em Brasília, onde o PCO também participou da posse do presidente Lula.
O partido esteve nas ruas mobilizado os setores populares em todo País para derrotar, ainda que parcialmente, o golpe de estado de 2016, que derrubou a presidenta Dilma Rousseff resultando na ascensão de Michel Temer e que prendeu Lula para que Jair Bolsonaro se torna-se presidente em 2018. Os militantes estiveram presente com bandeiras, faixas, jornais e panfletos pedindo a revogação das reformas trabalhista e previdenciária, bem como, as demais reformas e todas as privatizações realizadas nos governos golpistas.
Na passagem para 2024, as festividades se repetem como forma de exaltar as vitórias sobre o imperialismo como os golpes militares no Níger e Gabão e a vitória parcial do Hamas e demais organizações da resistência palestina sobre o Estado nazista de “Israel”. Mas também para se preparar as futuras lutas: há tensões entre o imperialismo e a China no que se refere ao controle da ilha de Taiwan e entre o imperialismo e Venezuela em relação ao controle da Guiana Essequibo. Além disso, há um eminente golpe a ser executado pelo capacho imperialista Javier Milei na Argentina e um cerco que forma contra o governo de Lula no Brasil.
Universidade de Férias e Acampamento da Juventude Revolucionária
Em janeiro, também foi a realizada a 46ª edição da Universidade de Férias do PCO, cujo tema foi Uma crítica marxista do identitarismo –woke, decolonialismo e cancelamente. As teses identitárias são pouco compreendidas e Rui Costa Pimenta, presidente nacional do partido, buscou explicar o problema que representam para a luta da esquerda, uma política que, a pretexto de defender os interesses dos negros, mulheres e LGBTs, semeia confusão no interior dos movimentos populares como forma de conter sua revolta contra a classe dominante.
A atividade de formação teórica é realizada junto ao acampamento da juventude do PCO que proporciona momentos de lazer aos militantes, ativistas e simpatizantes de toda esquerda. O acampamento de 2023 aconteceu no Sítio Pé do Pico, próximo ao Pico do Jaraguá, em São Paulo, o qual visitado depois de empolgante escalada, os participantes também puderam desfrutar das piscinas, jogar futebol, sinuca e tênis de mesa, além de atividades lúdicas.
Em julho, foi realizada a 47ª Universidade de Férias no mesmo local, mas desta vez o tema foi O que é marxismo e o que não é. O objetivo do curso foi o combate ideológico a teses reacionárias e até mesmo contrarrevolucionárias que são apresentadas como sendo parte do marxismo. Entre as ideias que buscam difundir como marxismo está o “Ecossocialismo”, uma política que busca impedir a exploração de recursos naturais por países atrasado a fim de impedir seu desenvolvimento econômico. É o caso que ocorre com o Brasil, que sofre a pressão de uma forte campanha impulsionada pelo imperialismo para impedir a exploração do petróleo na margem equatorial que poderia resultar em empregos e no desenvolvimento de toda uma população que se encontra na miséria e na fome.
Publicações e imprensa
Em maio, o PCO lançou mais uma publicação imprensa de tiragem bimensal, a Revista Texto, que tem como objetivo apresentar a teoria marxista que embasa o programa de luta do Partido. A primeira edição coloca Lula na capa sob título Como Getúlio, Lula volta ao poder nos braços do povo, a mesma apresenta um balanço da enorme crise do período atual que resultou do golpe de 2016 e da prisão do presidente Lula para que Bolsonaro vencesse as eleições de 2018. Também traz outras análises como a guerra entre a OTAN e a Rússia intitulada Ucrânia: crise do imperialismo e participação do imperialismo através de suas ONGs no golpe contra o governo de Dilma Rousseff com título Dilma, a fundação Ford e o golpe. Há ainda textos como temas A Revolução Alemã de 1918 e A Semana de 22.
O livro Quem somos e por que lutamos foi outra publicação lançada no ano de 2023, que aconteceu na Conferência Nacional do Partido da Causa Operária realizada em julho. A obra se trata de uma coletânea de textos incluindo o programa do partido, do coletivo de mulheres e de negros, também da juventude do PCO e da Corrente Sindical Nacional Causa Operária (CSNCO). Os textos são de extrema importância para compreensão da política do Partido, suas ideias centrais e a sua orientação.
Além de apresentar a história do PCO no seu conteúdo, o livro apresenta a estratégia para a classe trabalhadora tomar o poder. No lançamento da obra, o presidente nacional do Partido, Rui Costa Pimenta, autografou e escreveu uma dedicatória aos companheiros que participaram do evento e adquiriram seus exemplares.
O Partido também publicou dezenas de edições das revistas dos coletivos de negros (João Cândido), de artistas (GARI), de mulheres (Rosa Luxemburgo), da juventude (Aliança da Juventude Revolucionária), de futebol (Zona do Agrião) e sobre política internacional. Também foram impressos dezenas de milhares de exemplares do Jornal Causa Operária (JCO), suplementos Causa Operária, Jornal dos Comitês de Luta, panfletos e adesivos.
Além de tudo isso, a Causa Operária TV (COTVi manteve durante o ano todo uma grade com os mais variados programas como a tradicional Análise Política da Semana, com Rui Costa Pimenta, o Esquenta da Análise, com João Jorge Pimenta, o Reunião de Pauta, com Francisco Muniz e Márcio Roberto, o Resumo do Dia, com Antônio Carlos, a Análise Internacional, a Análise da Terça, o Tição – Programa de Preto, a Análise Sindical e o Programa de Índio.
A COTV realizou ainda coberturas ao vivo de atos e atividades como o lançamento do livro de Rául Capote, agente cubano infiltrado na Agência Central de Inteligência dos Estado Unidos (CIA, sigla em inglês).
Atividades de formação
O ano foi marcado também por uma série de debates e cursos realizados para compreensão dos acontecimentos e datas importantes. No mês de março, foi realizado o “Dia de luta da mulher trabalhadora” com as companheiras Izadora Dias, Marília Garcia e Nina Tenório. Além de pautas tracionais como o direito do aborto, luta por emprego e igualdade salarial, bem como direito a creches, restaurantes comunitários e lavanderias populares como forma de combater a escravidão doméstica; o debate teve como objetivo denunciar o movimento identitário que busca caracterizar tal dia como sendo da “mulher-trans”, uma usurpação cuja finalidade é combater a história e a tradição de luta das mulheres operárias.
Em maio, o PCO realizou o domingo cultural contra o bloqueio criminoso que os Estados Unidos impõem sobre Cuba. O presidente do Partido, Rui Costa Pimenta, debateu a importância do assalto ao quartel de La Moncada no evento que contou com a presença do cônsul-geral de Cuba em São Paulo, Pedro Monzón, do representante do coletivo de Jornalistas Amigos de Cuba, Vitor Noronha, da representante da Associação José Martí da Baixada Santista, Lina Noronha, e da representante do Comitê Carioca de Solidariedade à Cuba, Aleida Guevara. Também foi exibido o curta-metragem “Gota d’água” e servido pratos típicos de Cuba acompanhado de apresentação musical.
Em setembro, devido aos golpes militares no Níger e Gabão, que depuseram os prepostos do imperialismo francês e que resultaram finalmente na expulsão das tropas militares nestes países, o partido realizou debates com tema “A luta anti-imperialista na África”. Na capital paulista, o debate foi conduzido pelos companheiros Francisco Muniz e Isaías Filho, os quais explicaram a importância desses e outros golpes como em Burquina Fasso para a luta contra toda opressão imperialista no continente africano.
O debate teve como objetivo desfazer a confusão, impulsionada pela imprensa burguesa e reproduzida pelo conjunto da esquerda pequeno-burguesa, de que todo golpe militar teria um caráter reacionário. Para isso, fez-se um paralelo com acontecimentos nacionais como a Proclamação da República, a Revolução de 30, a Coluna Prestes e também internacionais como o movimento chavista na Venezuela.
No mês de outubro, foi realizado um debate intitulado “A Palestina e a crise da ocupação sionista”, onde o companheiro Rui Costa Pimenta denunciou o bombardeio criminoso do regime sionista contra a população palestina e também buscou explicar o desenvolvimento da crise que se agravou devido as incursões inéditas das forças de resistência armada do povo palestino no último 7 de outubro. O evento foi realizado no novo Centro Cultural Benjamin Péret e contou com a participação de centenas de pessoas inclusive da comunidade árabe no Brasil. O debate teve uma abordagem geral dos acontecimentos e serviu como introdução para o curso sobre “A questão palestina” relizado em dezembro.
Já em novembro, ocorreram debates com tema “Hamas: o que é, de onde surgiu e por que defendê-lo”. O debate realizado na cidade de São Paulo foi transmitido pela Causa Operária TV, o qual foi conduzido pelos companheiros Fabio Pichi, João Jorge Pimenta e Juliano Simonard. A discussão teve como objetivo apresentar o desenvolvimento da resistência armada palestina contra o colonialismo sionista, as lutas que antecederam o surgimento da Organização pela Libertação da Palestina (OLP), bem como as grandes revoltas populares contra os invasores sionistas denominadas intifadas, as quais tiveram dois marcos importantes: a degeneração do Fatá, que liderava a OLP, e a ascensão do Hamas como liderança da nova coalizão armada dos palestinos.
Ainda no mês de novembro, foi realizado o “Dia de Luta do povo negro”, um debate realizado pelo coletivo negros “João Cândido” e que se tornou uma tradição do partido. O tema do ano de 2023 foi “Luta do povo negro e a Palestina”, sendo conduzido pelos companheiros Caio Túlio, Izadora Dias e Tiago Pires. A discussão teve como objetivo esclarecer o caráter reacionário da política identitária e denunciar as organizações financiadas pelas ONGs imperialistas. Os grupos que dominam o movimento dos negros no Brasil nada fazem efetivamente pela luta que dizem fazer e tampouco para defender os palestinos que são vítimas de um regime racista e de apartheid dentro do próprio país.
No último mês do ano, o PCO realizou o curso “A questão Palestina”, que tratou desde antes da Primeira Guerra Mundial, a qual resultou no fim do Império Turco-Otomano, passando pela ocupação britânica da Palestina, bem como o desenvolvimento da ocupação sionista, as guerras árabe-israelenses, até a atual crise do regime israelense desencadeada como efeito da inédita incursão do Hamas e demais organizações da resistência armada do povo palestino. O curso tinha programação de 12 horas e teve que ser prorrogado em virtude da riqueza de dados, o mesmo está disponível na plataforma digital que pode ser acessada através do endereço unimarxista.org.br.
Atividades de mobilização pela Palestina
O Partido da Causa Operária foi a organização que mais mobilizou em defesa da Palestina nas ruas, sofreu perseguição da direita bolsonarista e também de esquerda pequeno-burguesa que serve de correia de transmissão da burguesia. Os militantes do Partido foram decisivos na convocação dos atos em defesa do povo palestino, sendo os únicos a realizar panfletagens e colagens de cartazes desde o início dos bombardeios das forças de ocupação israelense na Faixa de Gaza.
Enquanto as organizações oportunistas resolveram tirar férias, a militância do PCO continuou nas ruas a denunciar a morte de quase 10 mil crianças como forma de pressionar o governo Lula a romper as relações políticas e econômicas com o regime nazista. Desta forma, a organização trotskista se consolidou com o partido da causa palestina no Brasil, assim como foi na Luta contra o Golpe e na campanha pelo Fora Bolsonaro.
Além da luta em defesa da Palestina contra o genocídio apoiado pelo imperialismo nas ruas, o PCO participou da Marcha do Negros em São Paulo no “Dia de Zumbi e da Consciência Negra”; a Aliança Juventude Revolucionária (AJR) participou do 59º Congresso da União Nacional dos Estudante (CONUNE). O partido também foi convidado a participar da “Conferência Internacional da Paz” contra o imperialismo em Roma (Itália) e do “Encontro Internacional de Solidariedade a Cuba e o anti-imperialismo, a 200 anos da Doutrina Monroe” realizado em Havana (Cuba). E ainda participou pela segunda vez como convidado do Foro de São Paulo. em Brasília.