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Política internacional

Ucrânia abre o bico

Com o Exército em colapso, regime de Kiev só é capaz de continuar a guerra se entrar na OTAN

Na última semana, a revista britânica The Economist, um dos mais importantes porta-vozes do imperialismo, publicou, em sua capa, a seguinte manchete: “Ucrânia: tempo de crunch [esmagamento, em inglês]”. A matéria afirma que a guerra que os russos têm levado adiante no território ucraniano está sendo muito prejudicial ao regime de Kiev e que a Ucrânia e seus aliados devem mudar de curso para evitar uma derrota.

A iminência de uma derrota na Ucrânia se tornou evidente. São vários relatos que falam que os novos recrutas não duram mais que uma batalha. A quantidade de baixas ucranianas é tão grande que, há mais de um ano, o governo vem recrutando pessoas à força. O comando do Exército, pressionado pelo medo de seus soldados, vem se desentendo sistematicamente com o próprio governo.

A crise militar tem levado a uma inevitável crise econômica e social. A guerra afetou tanto a vida política do país que Vladimir Zelenski teve de dar um golpe e cancelar as eleições presidenciais. Zelenski é um presidente sem mandato – em qualquer país do mundo que não fosse um aliado dos Estados Unidos, seria chamado de “ditador”.

Diante da crise, o normal seria pensar que The Economist proporia um acordo para evitar o colapso da Ucrânia. Mas o imperialismo, que está sendo derrotado na Palestina e vem sofrendo uma série de derrotas, um acordo com os russos não é possível. A mudança de rumo que o imperialismo quer não é a paz; The Economist defende que a Ucrânia entre definitivamente na Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). Isto é, defende que o imperialismo dobre a aposta, uma vez que a mera ameaça de a Ucrânia entrar na OTAN já foi o que desencadeou a operação militar russa.

A proposta da revista britânica pode ser entendida da seguinte forma: a Ucrânia abriu o bico. A Ucrânia está clamando por socorro. Está prestes a ser completamente liquidada e, diante disso, implora para que os países imperialistas declarem de guerra de uma vez ao regime de Vladimir Putin. The Economist não está sozinho. O também britânico Financial Times e o norte-americano The Wall Street Journal também defendem o ingresso da Ucrânia na OTAN.

Se a Ucrânia, entrar na OTAN, isso significa que, formalmente, a Ucrânia não poderá mais batalhar em uma guerra sozinha. Ela terá de ser assistida pelos demais países que são membros da organização. Assim, com a Ucrânia na OTAN, Reino Unido, França, Portugal, Alemanha e outras dezenas de países iriam intervir com suas forças armadas na guerra. Na prática, esses países já intervém. Com o ingresso da Ucrânia na organização, essa participação seria explícita.

A proposta que vem dos principais jornais do imperialismo é de uma guerra total contra a Rússia. E não há porque acreditar que o único alvo seria a Rússia. São todos os países que, assim como hoje é a Rússia, apresentam uma postura de insubordinação perante a ordem mundial controlada pelos Estados Unidos. É a China, é o Irã, é a Venezuela.

A tendência natural, como se está vendo no Oriente Médio, onde se formou o Eixo da Resistência, é que os países oprimidos formem alianças para se defender da ofensiva do imperialismo. Neste sentido, o. imperialismo se prepara para entrar em guerra com o mundo todo.

O imperialismo norte-americano já tem sanções contra 50 países do mundo. O que mostra que quem se rebelar, quem levantar a cabeça, vai ser bombardeado. As imagens de destruição em Gaza são o futuro da humanidade sob o imperialismo “democrático”.

Para que não haja dúvidas da gravidade da situação, Putin declarou que, se os países imperialistas entrarem na guerra da Ucrânia, Putin lançará contra os países que se envolverem. A Rússia tem duas possibilidades: abaixar a cabeça e morrer, ou reagir. E Putin, corretamente, afirmou que não irá abaixar a cabeça.

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