No dia 7 de novembro, ocorreu uma edição especial do programa Análise Internacional, transmitido pelo canal do Diário Causa Operária. Durante o programa, Rui Costa Pimenta, presidente nacional do Partido da Causa Operária (PCO), discutiu as recentes eleições presidenciais nos Estados Unidos, que confirmaram a vitória de Donald Trump.
As eleições ocorreram em um cenário fortemente polarizado. Pesquisas anteriores à votação indicavam uma corrida acirrada entre Trump e a candidata do Partido Democrata, Kamala Harris, sugerindo uma disputa que poderia ser decidida voto a voto. No entanto, o que se viu durante a contagem dos votos foi uma vitória clara e ampla de Trump, que conquistou todos os estados pêndulo e ainda ganhou no voto popular com uma margem de mais de 4,7 milhões de votos.
“As pesquisas mostraram-se uma farsa, uma manipulação clara para influenciar a opinião pública”, afirmou Rui Costa Pimenta. Essa distorção reforça o descrédito não apenas dos institutos de pesquisa, mas também da imprensa imperialista que apoia o Partido Democrata. O governo democrata, liderado por Joe Biden, enfrentou uma gestão marcada por crises internas e pela política sionista em relação à Palestina, um dos principais fatores que contribuíram para a derrota de Harris.
O presidente do PCO destacou que os resultados das eleições para o Congresso também favoreceram os republicanos, que já garantiram a maioria no Senado com 52 cadeiras e podem chegar a 55. Na Câmara dos Deputados, as projeções indicam que os republicanos também terão uma vantagem significativa. “O Partido Republicano, porém, continua dividido”, explicou Pimenta. Essa divisão interna entre a ala trumpista e os setores mais tradicionais e anti-trumpistas do partido pode complicar a governabilidade e forçar alianças inesperadas.
Segundo Rui Costa Pimenta, do ponto de vista internacional, a vitória de Trump representa uma crise para o imperialismo mundial, que vinha jogando todas as suas fichas na guerra da Ucrânia e ameaçando novas guerras contra o Irã e a China. O ex-presidente prometeu, em campanha, cortar o financiamento para o regime de Vladimir Zelenski. “A crise se acentua, pois Trump não é um homem do sistema, é uma figura popular apoiada por um setor da burguesia, mas não pelo aparato central do imperialismo”, ressaltou.
Em relação à postura da Rússia diante do resultado das eleições, Pimenta comentou que “o governo russo prefere aguardar para ver quais serão os movimentos concretos de Trump antes de manifestar qualquer apoio”. Essa cautela se deve às acusações recorrentes de que Trump seria uma “quinta coluna” dos interesses russos, um discurso amplamente explorado pelos democratas.
A vitória de Trump também reflete uma mobilização crescente da base conservadora. Dados apresentados no programa indicaram que a participação do eleitorado aumentou em 91% das regiões que apoiaram Trump, enquanto nas áreas que favoreceram Harris houve uma queda de 11% na participação. Regiões tradicionalmente democratas, como a Califórnia, viram uma redução significativa na margem de vitória democrata, enquanto estados como a Flórida e o Texas registraram aumentos expressivos no apoio a Trump.
“Há uma mobilização forte da direita, enquanto a esquerda, que se apoia nos democratas, perdeu força, especialmente devido à questão da Palestina”, comentou o dirigente trotskista. Essa mobilização conservadora é uma resposta às políticas identitárias dos democratas. “O eleitorado não comprou essa narrativa”.
Rui Costa Pimenta destacou que a vitória de Trump traz lições importantes para a esquerda brasileira. “Se a esquerda não entender que a mobilização popular é fundamental, cairá na armadilha do seguidismo político”, alertou. A polarização ideológica nos EUA reflete uma insatisfação com a política tradicional, algo que pode ser visto também no Brasil.
O programa concluiu com um chamado à mobilização popular no Brasil, especialmente diante do próximo ato contra o G20, em que o PCO convoca todos a se unirem em protesto contra os representantes do imperialismo. “Este é o momento de mostrar que o povo brasileiro não aceita os crimes do imperialismo e se solidariza com a luta dos povos oprimidos”, concluiu Rui Costa Pimenta