Nesta segunda-feira (15), tiveram início as primárias do Partido Republicano, um dos dois principais partidos representantes do imperialismo norte-americano. As primárias, que irão durar até o dia 11 de junho, têm como objetivo a escolha do candidato do partido que irá disputar a presidência dos Estados Unidos, contra um candidato do Partido Democrata.
Esse primeiro dia de primárias foi marcado por uma vitória esmagadora do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na convenção política que ocorreu no Estado de Iowa, situado no centro-oeste dos EUA.
Trump obteve 51% dos votos, saindo à frente de Ron DeSantis, ex-governador da Flórida, que obteve apenas 21,2% dos votos. Em terceiro lugar, ficou a ex-governadora da Carolina da Sul, Nikki Haley, com 19,1%.
Segundo informações da imprensa imperialista, a convenção de Iowa foi marcada por uma forte nevasca, o que resultou em alta abstenção. Apesar disto, a votação em Trump mostrou-se alta, mostrando a fidelidade e convicção dos eleitores do ex-presidente.
Já há tentativas de minimizar o resultado, pois em primárias de eleições presidenciais anteriores, candidatos como George Bush teria alcançado mais de 90%. Contudo, deve ser frisado que ele era presidente à época.
Quando presidentes dos EUA se candidatam à respectiva reeleição, suas primárias partidárias para que ele seja escolhido candidato tendem a ser mera formalidade. Afinal, o atual presidente normalmente é o candidato mais competitivo de seu próprio partido. Daí a alta porcentagem.
Contudo, este não é o caso de Trump. Ele é um ex-presidente que perdeu as eleições anteriores. De forma que o resultado alcançado por ele é inédito entre candidatos que não são presidentes no momento em que disputam ao cargo.
E ele não é um ex-presidente qualquer: é um que está perseguido pelo próprio imperialismo com vista a impedi-lo de se tornar presidente novamente.
Quando Joe Biden foi vitorioso nas eleições presidenciais de 2020, Trump questionou a legitimidade de sua vitória, questionando pontos como o envio de votos por correios. Como era seu direito, não reconheceu a vitória de Biden.
Em 6 de janeiro, apoiadores seus ocuparam o Capitólio, um órgão público. Desde então, o imperialismo, seja através de sua imprensa, de seus órgãos estatais (Judiciário, Procuradoria etc.), do Partido Democrata e mesmo do Partido Republicano, vem desatando uma dantesca perseguição política contra Trump, de forma que já são 55 processos, em 8 estados.
Contudo, como se vê com o resultado da convenção de Iowa, no âmbito das primárias Republicanas, a popularidade de Trump não diminuiu em nada perante seus eleitores, apesar de toda a perseguição judicial.
Pelo contrário. Sua popularidade e sua autoridade política só aumentam. E os candidatos que o imperialismo tenta fabricar dentro do Partido Republicano, para concorrer com Joe Biden, de forma que consiga retomar o controle do regime político norte-americano, amargam fracassos atrás de fracassos.
E esta é a questão política central dessa primeira convenção das primárias republicanas.
A perseguição judicial que a burguesia imperialista e o Partido Democrata estão fazendo contra Trump, sob a justificativa de combater a extrema direita, o autoritarismo, o fascismo (ou qualquer outro adjetivo semelhante que utilizem para classificar o fenômeno político que o ex-presidente representa) está servindo apenas para fortalecê-lo perante o povo norte-americano.
Afinal, a população sabe que aqueles que o perseguem são os mesmos que a explora diariamente, expropriando sua riqueza e a reprimindo em caso de revolta. Sabe também que as explicações que a burguesia imperialista utiliza para justificar a perseguição e todos os processos judiciais contra Trump não possuem fundamento ou, se possuem, não se comparam ao crime do imperialismo contra o povo americano e os povos oprimidos do mundo. Nesse sentido, vale citar a declaração do jornalista norte-americano Glenn Greenwald, ao comentar sobre o resultado em Iowa. Segundo ele, “eleitores consideram irrelevantes acusações judiciais contra Trump”, fazendo questão de frisar que a vitória do ex-presidente revela a descrença do povo nas instituições dos Estados Unidos.
Em suma, a burguesia imperialista e seus principais representantes políticos, ao perseguirem Trump, perdem crédito perante a população. E a esquerda norte-americana, ao ficar atrelada ao Partido Democrata, e a essa política persecutória, ditatorial, acaba afundando com a direita tradicional, com o imperialismo.
E o mesmo tende a acontecer no Brasil, com a esquerda, em relação ao seu apoio à perseguição que a burguesia e a direita realizam contra o ex-presidente Jair Bolsonaro.
De forma semelhante (praticamente igual) ao que está acontecendo nos EUA, com Donald no Trump, aqui no Brasil a direita tradicional, principal representante da grande burguesia brasileira (por sua vez representante do imperialismo no país) vem perseguindo Jair Bolsonaro para tornar inviável uma nova candidatura sua à presidência da República. Para impedir que ele se torne presidente do País novamente. Aliás, se possível, para removê-lo completamente da cena política.
Para isto, é feita uma campanha diária, por meio da imprensa burguesa, de que ele seria “fascista” enquanto que a direita tradicional, que durante toda a história nacional reprimiu o povo por meios fascistas, seria democrática.
Assim, sob a justificativa de combater o fascismo, a burguesia persegue Bolsonaro violando todo tipo de direito democrático, ou seja, de forma ditatorial. E, para atingir Bolsonaro, persegue vários de seus seguidores, a exemplo dos bolsonaristas do 8 de janeiro (vários pegaram mais de 10 anos de prisão, e um chegou a morrer no cárcere).
Exatamente o mesmo que acontece com Trump, nos EUA.
E, assim como lá, a esquerda brasileira segue a reboque da burguesia e da direita tradicional, pedindo mais e mais repressão contra Bolsonaro e os bolsonaristas, sendo válido atropelar todo e qualquer direito democrático para persegui-los.
Apesar de tudo isto, a popularidade de Bolsonaro não diminui. Nesse sentido, pesquisa realizada pelo Datafolha realizada em setembro de 2023 constatou que o Brasil possuía 29% de apoiadores de Lula, contra 25% de apoiadores de Bolsonaro. No mesmo sentido, uma pesquisa da Genial/Quaest, divulgada em 7 de janeiro de 2024, constatou que “47% dos entrevistados dizem que houve algum tipo de influência de Bolsonaro nos chamados atos golpistas, enquanto que 43% rechaçam tal influência”, sendo que, em outra pesquisa, o mesmo instituto constatou que a maioria dos brasileiros (66%) apoiam que os ministros do Supremo Tribunal Federal têm que ter mandato limitado, revelando desconfiança nessa instituição.
Todos esses dados mostram que a perseguição ditatorial a Trump e a Bolsonaro e aos seus apoiadores está servindo para fortalecê-los politicamente, para fortalecer a extrema-direita, ao contrário de combater o fascismo.
O resultado das primárias em Iowa mostra que a tendência é Trump se eleger novamente presidente dos Estados Unidos, caso não seja organizado um golpe para retirá-lo das eleições.
Da mesma forma, caso Bolsonaro continue a ser perseguido no Brasil, o bolsonarismo sairá cada vez mais fortalecido, de forma que ele (ou mesmo Michelle Bolsonaro) poderá ser reeleito presidente em 2026.



