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Guerra em Gaza

Tribunal Penal Internacional, capacho do sionismo, condena Hamas

O TPI foi capaz de condenar mais palestinos do que israelenses por crimes de guerra e crimes contra humanidade, é um escárnio às vítimas do genocídio sionista 

Na segunda-feira (20), finalmente foi publicada a decisão do procurador do Tribunal Penal Internacional sobre o governo de “Israel”. Muitos focaram na notícia de que o primeiro-ministro de “Israel”, Benjamin Netaniahu, e seu ministro da Defesa, Joabe Galante, foram condenados. No entanto, isso ofusca o fato principal da decisão: o TPI condenou três dos mais importantes dirigentes do Hamas, Ismail Hanié, Iahia Sinuar e Mohamed Deif, por crimes de guerra e crimes contra a humanidade. Mais uma vez, o sionismo persegue as organizações de luta dos palestinos.

O documento do TPI, inclusive, começa com a declaração sobre o Hamas. E as acusações são completamente absurdas:

  • Extermínio como crime contra a humanidade, contrário ao artigo 7(1)(b) do Estatuto de Roma;
  • Assassinato como crime contra a humanidade, contrário ao artigo 7(1)(a), e como crime de guerra, contrário ao artigo 8(2)(c)(i);
  • Tomada de reféns como crime de guerra, contrário ao artigo 8(2)(c)(iii);
  • Estupro e outros atos de violência sexual como crimes contra a humanidade, contrário ao artigo 7(1)(g), e também como crimes de guerra, conforme o artigo 8(2)(e)(vi) no contexto de cativeiro;
  • Tortura como crime contra a humanidade, contrário ao artigo 7(1)(f), e também como crime de guerra, contrário ao artigo 8(2)(c)(i), no contexto de cativeiro;
  • Outros atos desumanos como crime contra a humanidade, contrário ao artigo 7(1)(k), no contexto de cativeiro;
  • Tratamento cruel como crime de guerra contrário ao artigo 8(2)(c)(i), no contexto de cativeiro; e
  • Atentados à dignidade pessoal como crime de guerra, contrário ao artigo 8(2)(c)(ii), no contexto de cativeiro.

Só pelas alegações fica claro como se trata de uma campanha imperialista contra o Hamas. A organização seria culpada de extermínio, assassinato, tortura, e estupros. Acusações todas diretamente forjadas pelos sionistas e que não têm nenhuma comprovação. As duas que se destacam são o extermínio e o estupro, ambas saídas diretamente da cartilha do Mossad para caluniar os palestinos.

A única acusação mais concreta é a tomada de reféns, mas as alegações em relação aos prisioneiros são todas mentirosas. Pelos relatos dos libertos, ficou mais do que claro que não há tortura ou nenhum mal-trato da parte do Hamas. “Israel”, pelo contrário, é conhecido por sequestrar e tortura palestinos todos os dias.

Os alvos também são muito reveladores. Primeiro, do Hamas, foram três condenados, enquanto que, de “Israel”, apenas dois. Segundo, os três membros do Hamas são muito importantes, de “Israel”, apenas um. Iahia Sinuar e Deif são dois dos mais importantes dirigentes do Hamas, são, respectivamente, o dirigente político e o militar da Faixa de Gaza. Hanié, por sua vez, é o principal dirigente de todo o partido. E sendo um partido de luta, as figuras da direção são muito mais importantes do que Netaniahu, que é de um partido burguês. Ele, apesar de ser importante, é mais facilmente substituível.

O TPI continua, então, com a cartilha do sionismo ao utilizar a versão falsa do que aconteceu no dia 7 de outubro de 2023 para condenar o Hamas: “meu Escritório apresenta que existem motivos razoáveis para acreditar que Sinuar, Deif e Hanié são responsáveis criminalmente pelo assassinato de centenas de civis israelenses em ataques perpetrados pelo Hamas (em particular sua ala militar, as Brigadas Al-Qassam) e outros grupos armados”. Ele Tribunal ignora que já está consolidado que “Israel” matou centenas de pessoas no dia 7 de outubro e que, portanto, é necessário haver uma investigação independente sobre a questão. Investigação essa que é defendida pelo próprio Hamas. Que criminoso defenderia a investigação de seu crime?

Então, o procurador Karim Khan se denuncia: “durante minha própria visita ao Kibbutz Be’eri e Kibbutz Kfar Aza, assim como ao local do Festival de Música Supernova em Re’im, vi as cenas devastadoras desses ataques e o profundo impacto dos crimes inadmissíveis alegados nas petições apresentadas hoje. Conversando com sobreviventes, ouvi como o amor dentro de uma família, os laços mais profundos entre um pai e um filho, foram distorcidos para infligir uma dor insondável por meio de crueldade calculada e extrema insensibilidade. Esses atos exigem responsabilidade”.

Isso aconteceu em dezembro de 2023, quando “Israel” o levou para os locais dos “crimes do Hamas”. Ou seja, o procurador responsável por investigar os sionistas, na verdade, é um aliado dos sionistas e participa de suas encenações. Por que Khan foi apenas para esses locais sob a tutela de “Israel”, mas não visitou a Faixa de Gaza? Porque, desde o início, ele sempre teve como objetivo condenar o Hamas, mas era algo quase impossível dada mobilização internacional contra “Israel”.

Aqui, é preciso lembrar que o TPI sempre foi uma ferramenta do imperialismo. Ele não deve ser confundido com a corte da ONU, a Corte Internacional de Justiça, que, apesar de controlada pelo imperialismo, expressa as ideias dos países oprimidos, como no caso da África do Sul contra “Israel”. O TPI é o tribunal que condenou Vladimir Putin por sua operação especial na Ucrânia, mas nunca condenou um único presidente dos EUA pelas dezenas de guerras. É o tribunal que demorou sete meses para condenar Netanaihu e só o fez sobre a pressão de um gigantesco movimento internacional.

O TPI é uma ferramenta do imperialismo, ou seja, uma ferramenta do sionismo. A decisão foi claramente tomada como mais um ataque direto ao Hamas. O partido palestino não demorou a responder o tribunal. A argumentação do Hamas é perfeita e, por isso, reproduzimos a nota na íntegra:

“O Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) acompanhou os mandados de prisão e detenção emitidos hoje pelo Procurador do Tribunal Penal Internacional contra apenas dois criminosos de guerra da entidade sionista. São eles “Benjamin Netaniahu” e “Joabe Galante”, que foram comprovadamente envolvidos na prática do crime de genocídio, agressão e crimes contra a humanidade contra o povo palestino.

Os mandados de prisão e detenção contra os líderes de ocupação mencionados chegaram sete meses atrasados, durante os quais a ocupação israelense cometeu milhares de crimes contra civis palestinos, incluindo crianças, mulheres, médicos e jornalistas, e destruiu propriedades privadas e públicas, mesquitas, igrejas e hospitais.

O procurador público deveria ter ordens de prisão e detenção contra todos os oficiais dos líderes de ocupação que deram ordens, e soldados que participaram da prática de crimes, segundo os Artigos 25, 27 e 28 do Estatuto de Roma, que enfatizaram a responsabilidade criminal individual de todo oficial, comandante, ou qualquer pessoa que ordenou, instigou, cometeu, ajudou ou colaborou na prática de crimes, ou deixou de tomar medidas para prevenir a prática de crimes.

O movimento Hamas denuncia veementemente as tentativas do Procurador do Tribunal Penal Internacional de equiparar a vítima ao executor ao emitir mandados de prisão contra um número de líderes da resistência palestina, sem uma base legal, em violação das convenções internacionais e resoluções que deram ao povo palestino e a todos os povos do mundo sob ocupação o direito de resistir à ocupação em todas as formas, incluindo a resistência armada, especialmente conforme estipulado no Artigo 51 da Carta das Nações Unidas.

O Hamas exige que o Procurador do Tribunal Penal Internacional emita ordens de prisão e detenção contra todos os criminosos de guerra, incluindo líderes de ocupação, oficiais e soldados que participaram de crimes contra o povo palestino. Também exige o cancelamento de todos os mandados de prisão emitidos contra líderes da resistência palestina, pois esses mandados violam convenções e resoluções internacionais.”

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