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Argentina

Tribunal mantém condenação contra ex-presidente Cristina Kirchner

Justiça argentina, obediente aos intresses do imperialismo, mantém condenação de Cristina Kirchner a seis anos prisão e banimento da vida pública

Cristina Kirchner

A Justiça argentina tratou de manter a sentença para Cristina Kirchner de seis anos de prisão e banimento perpétuo, impedindo-a de ocupar cargos públicos. Isso serve de lição para a esquerda que acredita que a ameaça de prisão serve apenas para a extrema direita e figuras como Jair Bolsonaro.

O imperialismo, nessa sua fase de crise aguda, está procurando colocar a casa em ordem na América Latina. Por isso tentou um golpe na Venezuela, ameaça Gustavo Petro na Colômbia, apoia governos golpistas como o do Peru etc.

Com a sentença, a direita tira da frente uma adversária que tem potencial para opor algum tipo de oposição aos interesses do grande capital, diferentemente de Javier Milei, o atual presidente argentino, subserviente e devidamente adestrado pelo imperialismo.

A ex-presidenta da Argentina tem apenas mais uma instância para recorrer. Kirchner é acusada de corrupção, desvio de dinheiro público em um caso apelidado Vialidad, que envolve o empresário Lázaro Báez, supostamente favorecido pelo esquema.

Kirchner já havia sido processada pela promotoria, que pedia fosse considerada culpada por associação ilícita e administração fraudulenta contra o Estado, e condenada a doze anos de prisão.

Cristina Kirchner ocupava a vice-presidência quando foi condenada. Quem acompanhou o julgamento do Mensalão e a Operação Lava Jato no Brasil, sabe do que a Justiça é capaz. Ninguém pode levar a sério que a Justiça tenha alguma intenção de combater a corrupção. Todo julgamento tem um caráter político.

Perseguição

Kirchner acusa os tribunais de lawfare, perseguição poltíca, no que está certa. A intenção é óbvia: no próximo ano haverá eleições para a renovação de algumas cadeiras no Congresso, e ela teria anunciado que voltaria a presidir o Partido Judicialista, que tem muita presença no peronismo.

Há dois anos, em 1º de setembro de 2022, Cristina Kirchner sofreu uma tentativa de assassinato.

Fernando Sabag Montiel (o acusado) havia dito que ela era corrupta. Sabag puxou o gatilho duas vezes conta a ex-presidenta, mas a arma falhou.

Podemos comparar o que está acontecendo com a prisão de Lula, que ficou 580 dias, quase dois anos, preso sem que houvesse contra ele uma única acusação com substância. As provas foram todas forjadas. Lula era investigado secretamente pelo mesmo juiz que o estava “julgando”.

No caso do “Mensalão”, o Supremo Tribunal Federal (STF), na figura de Joaquim Barbosa, chegou a importar teses estrangeiras, como o Domínio do Fato – que não deveria ser usado na área criminal – para condenar dirigentes do PT. A grande imprensa teve um papel decisivo nesses dois processos fraudulentos. No caso do Brasil, a imprensa elevou  à condição de herói figuras como Joaquim Barbosa, Sergio Moro e Deltan Dallagnol.

Condenação política

Devido À sua idade, 71 anos, Kirchner poderá não ir para a cadeia, mas cumprir a pena em casa. No entanto, temos de questionar o direito que tem um tribunal de aplicar uma pena perpétua de banimento da vida pública de um país.

A esquerda, de modo geral, tem caído na conversa do “combate à corrupção”, sem se dar conta de que essa é umas principais armas da burguesia para atacar determinados políticos, especialmente neste período em que a Justiça tem sido fundamental para a aplicação de golpes de Estado, como vimos em Honduras, Paraguai; bem como em processos ao estilo da Lava Jato no Peru, na Argentina, na Venezuela.

Vemos que a Justiça tem usurpado os atributos do Legislativo e até mesmo do Executivo, o que configura uma ditadura.

Neste momento, as ditaduras são fundamentais para o imperialismo controlar a classe trabalhadora dos países sob sua influência.

Com a derrota no Afeganistão, na Síria, no Iraque, e agora na Ucrânia, o imperialismo busca a todo custo reunir forças para atacar seus principais inimigos, China e Rússia. Mas isso será impossível sem engajar inúmeros países. No Brasil por exemplo, onde diversas parcerias estavam para ser firmadas, como a integração à Rota da Seda, a construção de via até o Pacífico, o imperialismo praticamente impôs um bloqueio, com o intuito de prejudicar a China.

Na Argentina não será diferente. O grande capital só está disposto a aceitar governos obedientes, e a Justiça é uma de suas armas principais para atingir seus objetivos.

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