Nas últimas semanas, as temperaturas despencaram na Faixa de Gaza, piorando ainda mais a crise humanitária causada pelo bloqueio imposto por “Israel” e os bombardeios contínuos contra o povo palestino. Três bebês morreram de hipotermia em um campo de refugiados no sul do território, onde milhares de famílias vivem em condições precárias, desprovidas de abrigo adequado ou aquecimento.
Entre as vítimas, está Sila Mahmoud al-Faseeh, uma menina de apenas três semanas. Seu pai, Mahmoud al-Faseeh, descreveu em detalhes o sofrimento da família, que se abrigava em uma tenda improvisada na região de al-Mawasi, próxima à cidade de Khan Younis. “Dormimos na areia. Não temos cobertores suficientes e sentimos o frio dentro da tenda. Somente Deus conhece nossa situação”, disse al-Faseeh à emissora catarense Al Jazeera.
Na madrugada do dia 25 de dezembro, as temperaturas chegaram a 9 °C, um frio insuportável para as condições de vida no local. A pequena Sila acordou chorando diversas vezes, mas foi encontrada rígida e sem vida pela manhã. O pai a levou imediatamente ao Hospital Nasser, onde médicos confirmaram a morte por hipotermia. “Ela estava saudável, mas o frio extremo fez seu sistema corporal parar de funcionar”, afirmou Ahmed al-Farra, diretor do setor pediátrico do hospital.
Além de Sila, outros dois recém-nascidos – um de três dias e outro de um mês – sucumbiram ao frio nos últimos dois dias. As imagens de Sila (foto de destaque deste artigo), divulgadas pela imprensa, mostram seu corpo com lábios roxos e pele pálida, um retrato devastador das consequências do bloqueio e da destruição em Gaza.
A área de al-Mawasi havia sido designada por “Israel” como uma “zona segura” para os deslocados. Contudo, o local já foi alvo de bombardeios nos últimos meses, e a infraestrutura é praticamente inexistente. Tendas improvisadas oferecem pouca proteção contra o vento e a areia fria do solo.
Desde o início desta etapa do genocídio perpetrado por “Israel”, mais de 45 mil palestinos foram assassinados, mais da metade mulheres e crianças, segundo o Ministério da Saúde de Gaza. Os ataques sanguinários também resultaram no deslocamento de 90% dos 2,3 milhões de habitantes do território, forçando muitos a viverem em condições desumanas em campos de refugiados.
Organizações de ajuda humanitária têm enfrentado grandes dificuldades para entregar alimentos e suprimentos básicos devido ao bloqueio total imposto por “Israel”. Há uma grave escassez de cobertores, roupas de inverno e lenha para aquecimento, enquanto a fome ameaça se espalhar.
Mahmoud al-Faseeh, que agora carrega a dor irreparável da perda de sua filha, pediu ajuda urgente para os habitantes de Gaza. “Nosso sofrimento não pode continuar ignorado. Precisamos de ajuda para sobreviver ao inverno”, clamou o pai.