No dia 5 de junho a deputada Érika Hilton (PSOL) e a deputada Júlia Zanatta (PL) entraram em um bate-boca na comissão de Defesa dos Direitos das Mulheres durante a fala da ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, na Câmara dos Deputados.
Durante a discussão entre as parlamentares Júlia Zanatta disse que a ministra Cida Gonçalves deveria deixar o cargo e acusou Érika Hilton de agredir a todos e depois sair “acusando os outros de transfobia”. Após a fala da deputada do PL, Érika Hilton a chamou de “ridícula”, “feia” e “ultrapassada”. Terminou a sua fala dizendo para Júlia Zanatta: “vai hidratar esse cabelo. Vai se cuidar, pelo amor de Deus”.
Após os comentários da deputada do PSOL, Júlia Zanatta vai recorrer ao Ministério Público Federal (MPF) para que sejam tomadas medidas legais contra Érika Hilton.
No decorrer do debate entre as deputadas, o deputado Nikolas Ferreira (PL) respondeu às falas de Érika Hilton dizendo: “Pelo menos ela é ela”. Érika Hilton acionou a MPF após a fala do deputado e obrigou-o a pagar R$5 milhões, além de pedir uma investigação contra o deputado.
Todos os envolvidos nestes casos são defensores da censura, seja mais abertamente – como a esquerda pequeno-burguesa psolista – ou disfarçada – como a extrema direita do PL. Tiro trocado não dói, se um pode processar por ter chamado de “feia” o outro pode processar por ter falado “pelo menos ela é ela”. Esta política da dita esquerda trará cada vez mais situações como essa: se a esquerda pode censurar, por que a direita não pode?
A política desta esquerda arrastará toda a luta da classe trabalhadora para o buraco. A campanha dos identitários contra a liberdade de expressão tem como consequência a normalização da censura em todos os campos. Abre espaço para a burguesia censurar a todos mesmo em tempos ditos “democráticos”, a censura se tornará parte integrante da sociedade – seja em tempos de ditadura aberta ou velada. A direita utilizará a censura contra seus inimigos políticos sem pensar duas vezes.
Para além disto, se um parlamentar – que deveria ser isento de qualquer “enquadramento penal por suas opiniões, palavras e votos” como consta no artigo 53 da Constituição – é processado por expressar-se, o que será do cidadão comum que não tem a força nem o holofote político de um parlamentar? A liberdade de expressão do cidadão brasileiro estará reduzida a manifestação e expressão do que a burguesia deixar ser manifesto e expresso.
A posição tanto da esquerda identitária de Érika Hilton quanto a da extrema direita de Júlia Zanatta e Nikolas Ferreira são posições do imperialismo. Os deputados do PL não escondem sua subserviência para com o imperialismo, já a deputada do PSOL tenta disfarçar dizendo que está “defendendo os oprimidos”.
Mascarando-se na falácia de defender os oprimidos, Érika Hilton e os identitários atuam como agentes da opressão contra a grande maioria do povo brasileiro, o qual não possui acesso ao quase infinito dicionário identitário. A deputada do PSOL esconde o que de fato defende: os interesses do imperialismo.