O fato ocorrido na madrugada do último sábado, quando a roda de samba Pede Teresa foi subitamente interrompida na Praça Tiradentes, revela a ostensiva repressão cultural que assola o Rio de Janeiro. A ação conjunta da Secretaria de Ordem Pública (SEOP), do Instituto Municipal de Vigilância Sanitária, do Corpo de Bombeiros e da Polícia Militar (PM) levanta o debate sobre a arbitrariedade e o autoritarismo exercido contra eventos culturais populares.
Segundo a Polícia Militar, a intervenção se deu após “denúncias de som alto, às 01h20”, e devido a “irregularidades como autorização dos órgãos públicos e som em volume excessivo”. Acontece que a PM não utilizou o medidor de decibéis para verificar o volume do som, procedimento essencial para validar tais denúncias, o que não levaria a suposta acusação a lugar nenhum. A responsabilidade por essa medição é da Prefeitura, que, através da SEOP, alegou que “o sistema do aparelho de medida estava inoperante nesse dia”. Sem a utilização do decibelímetro, a decisão de interromper o evento se torna ainda mais condenável e completamente arbitrária.
A SEOP ainda destaca que a decisão pelo encerramento do samba “não foi por nenhum aspecto administrativo da Prefeitura e foi uma decisão da PM”. Mesmo com a interrupção do evento, nenhuma pessoa foi levada para a delegacia e o caso não foi registrado pela Polícia Civil, evidenciando o imprevisto e a falta de fundamento legal.
A tendência de repressão cultural tem raízes profundas na história do Rio de Janeiro, onde manifestações culturais populares, como o samba, são frequentemente alvos de ações policiais. Essa repressão não é apenas uma afronta à liberdade, mas também uma expressão de como o Estado está orientado a intimidar e coagir as pessoas em detrimento dos direitos da população.
A roda de samba Pede Teresa, como tantas outras manifestações culturais, é uma expressão do espírito brasileiro, sendo sua interrupção arbitrária, um ataque direto à cultura popular. O alto astral dos sambistas contra essa repressão exige uma mobilização popular ampla, face a força bruta dessas ações arbitrárias que defenda o direito à cultura e à liberdade de expressão.