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Imprensa imperialista

The Guardian ataca X e retoma ofensiva pela censura na internet

A crise atual obriga os meios de comunicação da burguesia, sem condições de competir nas redes sociais, a abandoná-las quando não há censura

O jornal britânico The Guardian anunciou na última quarta-feira, dia 13 de novembro, que não utilizará mais a plataforma X, pertencente a Elon Musk. O motivo apontado pelo periódico é que o conteúdo da plataforma é “perturbador” e que o X permite a promoção de notícias falsas e teorias da conspiração, além de conteúdos racistas. A conta do The Guardian soma 10,8 milhões de usuários na plataforma.

https://x.com/guardian/status/1856659228649271588

Segundo o Estadão, após adquirir os direitos da plataforma, Elon Musk chegou a cortar cerca de 80% dos antigos funcionários do Twitter, em sua maioria, responsáveis pela política de censura e fiscalização contra o “discurso de ódio”, além de ter participado da campanha de Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos.

O The Guardian também anunciou que já pensava no assunto há algum tempo, mas que o divisor de águas foi justamente a campanha presidencial dos Estados Unidos. O jornal também argumentou que não consegue competir com o conteúdo postado na plataforma por outros usuários. No entanto, disse que poderá utilizar postagens do X no corpo de suas notícias e permitirá que usuários postem suas matérias na plataforma.

A declaração de que o Guardian irá se retirar do X indica que a crise do regime político atual está se acentuando nos países imperialistas. Em primeiro lugar, é importante entender que o The Guardian é um dos principais jornais do imperialismo britânico, tendo uma influência sobretudo na esquerda do Reino Unido. A falta de censura nas redes sociais enfraquece esse tipo de órgão oficial da burguesia imperialista, que se vê incapaz de competir com o conteúdo produzido por páginas muito menores.

Prova disso é a crise que se abriu com a questão Palestina após o 7 de outubro do ano passado, já que a imprensa burguesa internacional passou a esconder os crimes israelenses durante o genocídio, enquanto as denúncias contra o regime sionista inundaram as redes sociais.

A rede de Elon Musk, ainda que censure uma parte considerável das notícias favoráveis à Palestina, apresenta um nível de censura inferior ao de outras redes sociais como o Instagram, o Facebook e outros.

A saída do The Guardian, portanto, serve como um indicativo de que a burguesia não pode lidar com a falta de controle sobre as notícias se não houver um grande aparato de censura nas redes sociais e que, a partir de agora, muitos meios de comunicação burgueses se retirarão do X como uma espécie de boicote, na tentativa de retirar dinheiro da plataforma e a obrigar a controlar o que é dito, ou então, acabar por tornar inviável manter a plataforma por questões financeiras.

Como se trata de uma empresa de notícias, o movimento do The Guardian também parece apontar para uma campanha para que os usuários não deem crédito para as notícias compartilhadas pela plataforma e que, por fim, acabem esvaziando o X.

As eleições norte-americanas parecem também ter sido um divisor de águas para o jornal abandonar a plataforma pois pode haver um certo receio de que os usuários do X possam acabar escapando da influência da imprensa imperialista britânica em futuras eleições na região, o que deve acontecer em maio do próximo ano, em eleições locais.

Nas últimas eleições do país, acontecidas em julho deste ano, o vencedor foi Keir Starmer, da ala direita do Partido Trabalhista. Sua política de defesa de “Israel” e contra os trabalhadores britânicos fez com que sua popularidade despencasse. Dados de outubro deste ano, ou seja, apenas 3 meses após sua eleição, já mostravam Starmer com apenas 27% de aprovação, contra 63% de britânicos que consideram seu governo ruim ou péssimo.

A crise aberta após a eleição de Trump chegou imediatamente à Europa e já indica a falência do governo alemão de Olaf Scholz. A liberdade de pensamento prejudica e muito o imperialismo neste momento e pode levar ao fim do governo de Starmer, assim como acontece com seu parceiro alemão. Nesse contexto, a restrição à liberdade política surge como uma prioridade para o setor fundamental do imperialismo britânico.

O movimento, no entanto, indica a tendência para o próximo período, o que deve atingir o mundo todo, já que, assim como controlar a opinião das metrópoles, também se faz necessário o controle da informação nas colônias.

No Brasil, essa política já chegou. No começo de setembro, o ministro do STF Alexandre de Moraes proibiu a atuação do X no Brasil por conta de recusa da plataforma em punir usuários bolsonaristas. O caso se deu em meio a denúncias de que Moraes havia agido de forma contrária à lei brasileira para perseguir desafetos e exigir sua exclusão da plataforma. Coincidentemente ou não, a plataforma ficou fora do ar durante todo o período do primeiro turno das eleições municipais deste ano.

A política de censura acabou por conquistar parte da esquerda pequeno-burguesa, que acredita que o cerceamento de opiniões por parte da burguesia levaria a uma diminuição da perseguição às minorias. A ideia, no entanto, é completamente oposta à realidade. O que temos visto é a cada vez maior perseguição a quem se coloca contrário ao genocídio da Palestina, a maior demonstração de racismo deste século. Ao mesmo tempo, a imprensa tradicional busca defender os sionistas responsáveis pelo genocídio.

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