John Textor já prestou um grande serviço ao futebol brasileiro ao colocar em dúvida o VAR. Denunciando um suposto esquema de manipulação de resultados, ele mostrou a senadores, na CPI que investiga esse problema, um caso do árbitro de vídeo, durante partida entre Vasco e Palmeiras no Campeonato Brasileiro do ano passado, em que as imagens utilizadas são diferentes.
Quando acusou manipulação de resultados, toda a imprensa e as entidades de futebol se uniram para atacá-lo. Mas sua denúncia fez efeito: não há mais uma única alma que confiança na arbitragem brasileira. Quer dizer, com exceção da imprensa e da CBF.
Juca Kfouri, trans-esquerdista que escreve para a Folha de S.Paulo, é um dos poucos brasileiros que defende a arbitragem brasileira e a CBF — mesmo tentando aparecer como questionador e crítico em coisas sem nenhuma importância. Agora, na hora em que essa postura que ele tenta passar é para valer, Kfouri vai para jogo defender a “lisura” da CBF e da arbitragem brasileira.
Para isso, ele coloca que todos os que questionam a incorruptibilidade são bolsonaristas e trumpistas, resumindo-os como “negacionistas”. “Quem nega vacina, quem nega orientação sexual, quem nega a diversidade racial, o aquecimento global, o resultado eleitoral, não deixaria de fora o que acontece no futebol”, escreve Kfouri em sua coluna John Textor e os sete bolsonaristas.
Já aí dá para perceber a posição totalmente pró-imperialista de Kfouri: não se pode negar nada. Se criticar algo, será taxado de “negacionista” — o que tem sendo usado para estabelecer a censura em todo o mundo, especialmente no Brasil.
“Aí aparece no Brasil, mais especificamente no Botafogo, um empresário trumpista chamado John Textor e, para não explicar por que seu time deixou escapar uma taça que estava no papo, faz denúncias com pé torto e cabeça artificial, sugerindo manipulação de resultados para beneficiar o campeão Palmeiras”, diz Kfouri.
Kfouri está sendo desonesto. Textor nunca citou que haveria um esquema para beneficiar o Palmeiras, acusou o Campeonato Brasileiro do ano passado de ter sido manipulado. A carapuça serviu para a banqueira Leila Pereira, presidente do Palmeiras e da Crefisa, e nova garota propaganda do identitarismo no futebol nacional.
Kfouri segue: “Aproveita da natural desconfiança do torcedor brasileiro, assolado por décadas de corrupção na CBF, três presidentes seguidos banidos pelo escândalo do Fifagate, além da Máfia da Loteria em 1982, caso Ives Mendes em 1997, Máfia do Apito em 2005 e, pronto! Joga areia no ventilador com meias verdades, muitas vezes piores que mentiras inteiras”.
O jornalista pseudo-esquerdista deveria explicar: diante de tantos casos, por que os torcedores brasileiros deveriam nutrir alguma confiança na CBF e na arbitragem? Simplesmente não faz sentido.
Como muitas pessoas têm questionado da lisura da arbitragem nos últimos jogos, graças às denúncias de Textor, Kfouri tenta desmoralizá-los todos: o técnico Renato Gaúcho (Grêmio), os zagueiros Felipe Melo (Fluminense) e Wagner Leonardo (Vitória), os dirigentes do Flamengo Marcos Braz e Bruno Spindel, e os senadores Eduardo Girão e Carlos Portinho.
“O que os sete têm em comum? Ganha uma passagem para a bela Budapeste, capital da Hungria, quem adivinhar. Embora a resposta seja óbvia por se tratar de papagaios do adepto de Donald Trump e, por consequência, de Jair Bolsonaro, cuja imoderada erisipela ainda infecciona boa má parte do país”, conclui Kfouri, que sem a intenção de analisar as denúncias acusa os outros de “negacionistas”.
Mas como Kfouri não quer revelar que é um boneco de ventríloquo, ele diz: “E antes que a rara leitora e o raro leitor, talvez bissextos, estranhem, há décadas denunciamos corrupção no futebol brasileiro e clamamos por profissionalização da arbitragem, razão pela qual em vez dos nomes das vítimas (sim, são vítimas) usamos o termo assoprador de apito”.
“Do mesmo modo, fazemos referência à Casa Bandida do Futebol, além do mais, modernamente, também antro de assédio sexual. Tudo fundamentado, tudo baseado em tudo o que aconteceu e acontece nela, com a cumplicidade dos clubes”.
Quer dizer, Kfouri assume a política de atacar a CBF e — passando um pano — a arbitragem, mas ataca também aqueles que têm denunciado erros grotescos contra seus clubes. É a continuação da política oportunista da esquerda pequeno-burguesa e pró-imperialista.
Sabemos bem que Textor não é nenhum paladino da moral e dos bons costumes, que fez as denúncias entendendo que isso seria importante para que seu clube — historicamente prejudicado — pudesse atingir os objetivos que ele estipulou. Mas suas denúncias já fizeram um grande bem para o futebol brasileiro: ninguém mais confia na arbitragem e na CBF.
Os jogos todos terão de ser muito bem apitados — algo que ainda não ocorreu, em cinco rodadas de polêmicas no Brasileirão — para evitar qualquer suspeita. Se tudo der certo, o VAR tem seus dias contados no Brasil, mas isso é tema para outro artigo.
Kfouri, por sua vez, só denunciará manipulação e corrupção no futebol brasileiro quando isso for do interesse do imperialismo para tomar conta da situação no País, como ocorreu contra o grupo de Ricardo Teixeira e Del Nero.