Nos últimos 30 dias, 45 policiais militares foram afastados de suas funções e dois foram presos por envolvimento em casos de abuso de autoridade e letalidade policial no estado de São Paulo. Os episódios vieram à tona graças a flagrantes captados por câmeras de segurança ou celulares.
A escalada da violência policial em todo o Brasil, especialmente em São Paulo, tem chamado a atenção nos últimos meses. Diversos casos têm sido registrados por câmeras de segurança ou por indivíduos que captam essas cenas em seus celulares. É importante ressaltar que tudo isso ocorre com o aval direto do governador do Estado e de seu Secretário de Segurança Pública.
Um vídeo registrou o momento em que um policial militar pisou na cabeça de um motorista de aplicativo na noite do último domingo (8), durante uma abordagem no bairro Campo Grande, na Zona Sul de São Paulo. Segundo o boletim de ocorrência, a confusão começou na Avenida Engenheiro Alberto de Zagottis, quando o motorista ultrapassou uma viatura ocupada por dois policiais e supostamente avançou o sinal vermelho.
Iniciou-se uma perseguição até a Rua Jurumirim, onde ambos desembarcaram dos veículos. Parte da abordagem foi gravada por uma testemunha. Nas imagens, o motorista aparece imobilizado no chão por um agente, enquanto outro pisa em sua cabeça. Duas mulheres se aproximaram dos policiais, tentando impedir a ação truculenta.
]No vídeo, uma delas grita: “Solta ele, ele mora aqui”. Outra, desesperada, apela: “Moço, não pode fazer isso. Isso é abuso de autoridade”. Em resposta, o policial ordena que ambas se afastassem e chegou a apontar a arma para uma delas.
Em Rondônia, outro vídeo mostra policiais atacando um motoqueiro pelas costas com cassetetes durante uma carreata de Natal. Policiais militares, que acompanhavam a carreata de viatura, agrediram o motociclista que pilotava à frente enquanto assistia ao desfile. O episódio aconteceu no dia 3 de dezembro, na cidade de Ji-Paraná. Antes de a gravação ser interrompida, é possível ver dois militares projetando o corpo para fora da viatura e iniciando os golpes contra o cidadão.
Além disso, na semana passada, outro vídeo mostrou um policial militar arremessando um homem de uma ponte no bairro Vila Clara, na zona sul de São Paulo. O caso foi tão absurdo que resultou no afastamento de 13 agentes envolvidos na operação.
Os números não deixam dúvidas: a PM atua como um verdadeiro esquadrão da morte. Apenas nos dados oficiais, 355 assassinatos foram cometidos pela polícia em um ano, quase um por dia. E todos sabem que esses números estão subnotificados.
Embora as câmeras sejam importantes para denunciar e identificar os policiais, é evidente que esses agentes do terror não se preocupam mais com o fato de serem filmados ou identificados enquanto matam e brutalizam a população. Sob o governo de Tarcísio de Freitas, um bolsonarista, e de seu Secretário de Segurança, Derrite (expulso da ROTA por ser extremamente violento), a PM age com total liberdade para atacar o povo, especialmente os pretos e pobres.
Esses militares são julgados por tribunais militares, resultando, na maior parte das vezes, em penas brandas: afastamentos temporários, reclusão em prisões militares, transferências para outros setores na corporação ou para cidades do interior, onde continuam a cometer crimes longe dos holofotes. É preciso colocar um fim nisso, e a solução não passa por desmilitarizar ou humanizar a polícia, como defendem setores da esquerda pequeno-burguesa. É necessário extinguir a polícia. No caso de São Paulo, fora Tarcísio e toda a sua laia do governo do Estado.