No dia 5 de outubro de 2024, um evento sísmico de magnitude 4,5 foi registrado na província de Semnan, no Irã, gerando especulações de que o país possa ter realizado um teste nuclear subterrâneo. Embora tais eventos sejam normalmente atribuídos a terremotos naturais, surgiram rapidamente rumores nas redes sociais sugerindo que o episódio poderia ser um teste nuclear em resposta às crescentes ameaças israelenses de bombardear a infraestrutura nuclear do Irã.
Segundo fontes iranianas ouvidas pelo portal The Cradle, a possibilidade de um teste nuclear está sendo discutida nos altos escalões do governo em Teerã. A discussão ocorre em meio a tensões elevadas com “Israel”, que recentemente assassinou o comandante do Hesbolá, Hassan Nasseralá, e o comandante da Guarda Revolucionária, Abbas Nilforushan, em setembro. Em resposta, o Irã lançou mais de 180 mísseis balísticos contra alvos israelenses, causando danos significativos a três bases aéreas.
Essa especulação de teste nuclear vem após um relatório publicado pela Heritage Foundation, um think tank de direita dos Estados Unidos, que afirmou que o Irã pode produzir armas nucleares “mais rapidamente do que o esperado”. O relatório, publicado em 1º de outubro de 2024, citou declarações de legisladores iranianos de que, uma vez emitida a ordem, haveria apenas uma “lacuna de uma semana” até o primeiro teste nuclear do país.
Historicamente, o Irã sempre afirmou que seu programa nuclear tem fins exclusivamente pacíficos. No entanto, declarações recentes de figuras proeminentes do regime iraniano, como Kamal Kharrazi, assessor do líder supremo, sugerem que, diante de uma ameaça existencial, o país poderia mudar sua doutrina militar, que até agora só defendia o uso da tecnologia nuclear para fins civis. “Não temos decisão de construir uma bomba nuclear, mas se a existência do Irã for ameaçada, não haverá outra escolha a não ser mudar nossa doutrina militar”, afirmou Kharrazi.
Essa afirmação está alinhada com as recentes declarações de Putin, presidente da Rússia, que deixou claro que utilizaria armas nucleares caso o imperialismo ameaçasse a soberania russa. O Irã, como aliado estratégico de Moscou, pode estar adotando uma postura similar, utilizando o sigilo e a ambiguidade como ferramentas de dissuasão contra as ameaças israelenses e imperialistas. O possível teste nuclear pode, portanto, ser interpretado como uma mensagem indireta de que o Irã está preparado para se defender em última instância.
Nos últimos meses, a crescente pressão externa fez com que parte da população iraniana começasse a pedir abertamente a produção de uma arma nuclear. Manifestações populares trouxeram à tona esse clamor, visto como uma forma de proteção contra o imperialismo e as ameaças israelenses. O movimento é visto como um reflexo da insatisfação com as tentativas de desestabilização externa e uma maneira de garantir a soberania nacional.
Com o aumento do enriquecimento de urânio a níveis próximos do necessário para armas nucleares, o Irã tem demonstrado capacidade técnica de chegar a uma bomba atômica, caso decida ir por essa via. Um relatório da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) observou, entre maio e agosto de 2024, um aumento significativo do estoque de urânio enriquecido em até 60%, um passo técnico curto para alcançar os 90% exigidos para a produção de armas nucleares.
Diante dessas especulações, é compreensível que o Irã prefira manter uma postura de não confirmação, evitando dar pretextos para represálias ou sanções mais severas. Ao mesmo tempo, os recentes movimentos indicam que o país está deliberadamente sinalizando sua capacidade de defesa extrema, sem declarar abertamente a posse de armas nucleares. Essa estratégia de ambiguidade calculada faz parte de um esforço maior para evitar uma agressão direta por parte de “Israel” e dos EUA, enquanto reforça sua posição de poder regional.
Para os observadores, o recente terremoto em Semnan e a possibilidade de um teste nuclear subterrâneo podem ser vistos como um recado indireto: o Irã possui a tecnologia necessária e está preparado para utilizá-la se sua soberania for ameaçada. Em um cenário de crescente cerco imperialista, essa mensagem é central para dissuadir novos ataques e garantir que qualquer ação contra o país seja considerada com extrema cautela.