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Olimpíadas

Sororidade olimpica libertadora, mais uma loucura identitária

Milly Lacombe repete antiga fórmula da opressão imperialista: dividir para conquistar

As Olimpíadas na França, neste ano, deram vazão a um espetáculo interminável de demagogia. Uma das principais redatoras dessa posição política é Milly Lacombe, que não perde uma única oportunidade de falsear a realidade e abrir uma intriga entre mulheres e homens, negros e brancos. É a política norte-americana, imperialista.

Em uma espécie de resumo do que foi até aqui, Lacombe afirma que “em Paris, mulheres ensinam a amar”. Só essa chamada da matéria já serviria para revirar o estômago de qualquer pessoa que tem o mínimo interesse na luta real das mulheres. Logo de cara, Lacombe joga homens contra mulheres. O que, ao longo da história da humanidade, não serviu para superar a situação social de opressão feminina. Além disso, esconde o problema de classe, pois, antes a ginasta brasileira que a ginasta norte-americana, por sinal, chamada de extraterrestre por uma imprensa nacional que ao ver a bandeira dos Estados Unidos chora, desmaia e se ajoelha de emoção.

Ela prossegue: “primeiro teve Rayssa Leal pedindo que não secássemos suas adversárias porque eram amigas dela. Depois teve as ginastas de países diferentes torcendo umas pelas outras e flagradas pelas câmeras. Teve a alienígena Simone Biles rendendo elogios à categoria de sua maior rival, Rebeca Andrade. Teve jogadora de handebol brasileira carregando no colo a jogadora de Angola. Teve Biles e Chiles ajoelhadas para o pódio de Rebeca. Teve Bia Souza sendo abraçada com afeto pela israelense que ela tinha acabado de derrotar. A mesma Bia que é treinada hoje pela ex-rival. Teve o time da Espanha consolando Marta, expulsa depois de falta grave. Teve jogadora do outro time indo abraçar Putellas e pedindo uma foto“.

O interessante é que entre homens várias são as congratulações entre terceiros, segundos e primeiros lugares. Isso é natural no esporte, especialmente nas Olimpíadas, tirando grandes rivalidades. Aliás, as disputas entre as brasileiras e cubanas, no vôlei, também sempre foram recheadas de amor. Aliás, falando em rivalidade, a Rússia sequer está nas olimpíadas enquanto país. Nem os atletas russos, e nem as atletas russas. O que transforma boa parte do espetáculo em uma verdadeira farsa.

Lacombe avança: “o feminismo nos dá a linguagem para escapar dessa cilada. E, ao escaparmos, a gente percebe como viveu dentro de uma mentira. Não há no mundo força maior do que a da amizade entre mulheres. Quando mulheres se apoiam tudo passa a ser possível. Inclusive a maior do mundo se curvar à sua grande rival em gesto de nobreza inédito e público, para chilique de alguns homens“.

Esse parágrafo é uma vergonha. A luta das mulheres não tem absolutamente nada a ver com uma ginasta norte-americana homenagear a brasileira medalhista de ouro. Oras, o país que a gringa representa já explodiu dezenas de mulheres na Palestina, e o importante é a “amizade”, como se houvesse, de fato, alguma amizade. No máximo um reconhecimento, natural em uma prova olímpica. Pelo que diz Lacombe, o feminismo é a amizade entre as mulheres. O que está errado em um monte de sentidos, mas o papel aceita qualquer coisa. 

Lacombe diz: “mulheres que praticam esportes, especialmente esportes que já foram proibidos para elas, se unem na noção de que conseguiram o que um dia parecia impossível. A rivalidade cai para outro plano. O tecido que as liga é feito da consciência de que estarem ali já é uma vitória, de que muito foi conquistado, de que devemos agradecer umas às outras e às nossas antepassadas“. Mentira. A competição é a essência das olimpíadas, ou de qualquer disputa valendo alguma coisa. Todas estavam competindo. Não eram amigas. Não existe tecido de consciência que as liga (sabe-se lá o que isso quer dizer) e de que só estar lá é uma vitória. Isso é uma fantasia. A propósito, mais um pouco do vasto tecido de consciência que uniu brasileiras e cubanas no Volei ao longo da história.

Todo o raciocínio de Lacombe é neste sentido. A ponto de criticar o técnico da seleção brasileira de futebol feminino, que levou a meninas à final das Olimpíadas. Ele, por ser ele, não presta. As mulheres, todas elas, de Margaret Thatcher à Carolina de Jesus, estão unidas, ou deveriam estar, segundo Lacombe, contra os homens. Em uma “luta” que, como já vimos até aqui, não vai resultar em nada, especialmente com a baboseira da amizade e do tecido de consciência. As mulheres não ganham nada com essa enxurrada de demagogia e intriga. 

“Israel” e os Estados Unidos tem os seus representantes nas Olimpíadas. Esconder esse fato com a ideia de “mulheres amigas”, é um exercício de cinismo gigantesco, especialmente se levarmos em consideração a quantidade de mulheres (adultas e crianças) exterminadas por eles. Mas isso também não importa. O que importa é a amizade.

A política advogada por Lacombe não é uma novidade. É a velha política de dividir para conquistar. Homens contra mulheres. Negros contra brancos. Ou negros contra os próprios negros, como fizeram na África. Quanto menos união em torno de um programa verdadeiro de luta, melhor. Quanto mais a raça ou o gênero, como se diz, servir para estrangular um movimento de luta real, muito melhor. No final, quem realmente acha muito lindo o que pensa Lacombe é a CIA e os bons sabotadores da luta mundial, o imperialismo norte-americano. Essa é a verdadeira união. Esse é o verdadeiro “tecido de consciência”. 

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