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Ric Jones

Médico homeopata e obstetra. Escritor, palestrante da temática da Humanização do Nascimento no Brasil e no exterior.

Coluna

Sonho

Não há guerra de libertação sem sacrifícios

Meu sonho é estar vivo para ver a queda de Tel Aviv para reviver alegria que tive ao testemunhar a queda de Saigon.

Quem acha que o império romano desapareceria sem a queda de Roma, que o nazismo terminaria sem a queda de Berlim, que as monarquias absolutistas teriam um golpe fatal sem a queda da Bastilha e que o sionismo não vai ruir sem a queda de Tel Aviv, então é melhor acordar, porque a história do mundo necessita dessas destruições simbólicas para que seja possível a renovação e o progresso. E por “queda” não falo destruição, não falo de mortes ou catástrofes, mas do caráter revolucionário deste ato. Falo da saída dos sionistas desta terra, a exemplo do que ocorreu no Afeganistão quando os invasores ianques lotaram aviões para abandonar o país após o fracasso asso colonialista. Sim, eu desejo a expulsão de todos aqueles ligados ao sionismo maldito, a retomada do país pelos democratas e a construção de uma Palestina por todos aqueles que desejam uma nação multiétnica. Quero a entrada triunfal das forças palestinas unidas, da mesma forma como entraram os bravos vietcongs na queda de Saigon, libertando o país de séculos de exploração.

Eu entendo todos aqueles que nutrem um desejo de paz. Durante décadas também sonhei com o entendimento, a conciliação, a paz e até distribuí pelas redes sociais imagens cafonas de crianças palestinas segurando a mão de crianças judias, sem me dar conta que não passavam de um estratagema pérfido criado para nos fazer acreditar que na região os embates eram produzidas por diferenças de fé. A idade me fez perceber que não há mais espaço para a ingenuidade. Os 70 anos de massacres contínuos de Israel sobre a população palestina nos mostram que não há – e nunca houve – qualquer disposição para negociação por parte dos sionistas, muito menos para o reconhecimento de uma pátria palestina autônoma, livre, independente e multiétnica nas bases da partilha da ONU. Portanto, a ideia de vitória da democracia e contra o apartheid sem a queda da capital e símbolo da presença sionista me parece uma ilusão.

Não há mais espaço para negociação; os sionistas estão pelo “tudo ou nada”. Por isso a opção pelo terror, por isso atacam a população civil da palestina, suas mulheres e crianças. Por isso também o bombardeio aos bairros densamente populosos do Líbano e o ataque a uma base russa na Síria; é puro desespero de causa, na tentativa de atrair os americanos para a guerra, nem que com isso o planeta venha a explodir. Entretanto, pela primeira vez nos últimos 80 anos, existe uma sinalização de paz no horizonte, e ela foi iniciada pelo levante palestino de 7 de outubro 2023 e pela consequente solidariedade mundial com sua causa. A história do futuro contará esse episódio como o dia que se iniciou a libertação da Palestina, assim como descrevem a vitória vermelha na Segunda Guerra Mundial a partir da resistência ao cerco de Leningrado.

Não vejo nenhuma razão para perder a esperança. Eu achei que não veria nesta vida muitas coisas que acabei vendo, por que não veria a paz brotando no solo da Palestina? Há poucos meses Netanyahu estava jantando com o Rei Mohammad Bin Salman da Arábia Saudita, na tentativa de normalizar relações com seus desafetos históricos, estabelecendo negociações com países árabes e com isso relegando a causa dos palestinos ao absoluto esquecimento. Parecia o fim da Palestina Livre e do sonho de colocar um fim ao racismo pútrido e supremacista do sionismo. Pois em alguns poucos meses, graças à ofensiva genial das forças de resistência, o jogo virou. Os árabes se uniram contra os colonizadores, Tel Aviv pela primeira vez em 70 anos arde em chamas, o planeta inteiro se coloca ao lado do povo oprimido da Palestina e o exército de Israel se desmancha. Não há como ser pessimista diante de tantas notícias boas, depois de 70 anos de torturas, massacres, violências e mortes. Não será agora que perderei as esperanças e ninguém vai me tirar o direito de me manter otimista.

* A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a opinião deste Diário

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