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Ric Jones

Médico homeopata e obstetra. Escritor, palestrante da temática da Humanização do Nascimento no Brasil e no exterior.

Coluna

Sobre a moça bonita

Os destinos traçados pela sociedade

 No discurso da candidata de Sergipe ao Miss Brasil Teen 2024, ela tenta se defender do que chama de “vitimismo”, como a pedir para que suas origens não sejam confundidas com um pedido de atenção especial. Entre citações em várias línguas, ela solicitou que sua condição de mulher negra, filha de mãe solteira, neta de indígenas e pobre não fosse tomada como vantagem sobre as demais concorrentes. Para ela, o fato de sua situação social ser ruim não significaria que seja “limitante”. Diante desse tipo de discurso – que sempre contém a palavra “representatividade” – creio ser importante um pequeno ajuste.

Sim, os seus “parâmetros sociais” vão, sem dúvida, limitar os seus sonhos, e por isso mesmo para uma menina pobre e periférica na maioria das vezes restam as qualidades herdadas de beleza e graça para que possa alcançar algum futuro, furar a bolha das castas e conquistar seu lugar numa sociedade de classes. Se essa condição social não fosse limitante para os pobres, onde estaria essa menina caso fosse feia, ou apenas de uma beleza normal, e não fulgurante como é a sua? Onde estão as outras meninas, as filhas de mãe solteira, netas de indígenas e que vivem nos subúrbios? Na faculdade de Medicina, fazendo o curso de Direito, de Arquitetura? Serão elas, em boa conta, empresárias e artistas? Não, elas serão em sua grande maioria mães, donas de casa, manicures, diaristas, funcionárias de escritórios e empregadas do comércio, pois a sua condição social será um enorme impeditivo para a sua ascensão. Negar isso é cegar-se à realidade cotidiana.

Quando se fala de um sujeito com qualidades especiais, em especial uma menina agraciada por incontestável beleza, não se pode tirar do horizonte que ela é uma minúscula exceção em um universo que determina desde o berço o destino de quem nasce pobre e com a cor negra a colorir sua pele. Não é justo tomar a exceção como se fosse a regra, pois a realidade bate à porta todos os dias nos mostrando que o mundo não oferece oportunidades iguais para quem nasce no bairro nobre e para aqueles da periferia dos grandes centros urbanos.

Sem que a sociedade sofra uma revolução através da luta de classes essas meninas continuarão a ser a suprema exceção, o ponto desviante, cuja única esperança de alcançar o sucesso e a fortuna na vida será através da beleza física ou, no caso dos meninos, a arte de chutar uma bola. Acreditar que o sucesso ocasional de uma pessoa representa a “vitória dos excluídos” é jogar o jogo dos poderosos, fazendo com que a sociedade injusta que temos seja tratada como normal, a qual só pune os vitimistas e os que “não se esforçaram o suficiente”.

* A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a opinião deste Diário

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