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Editorial

Só não é fraude quando o imperialismo apoia

O TSE brasileiro proíbe, cancela, censura, persegue, mas o ditador é Maduro

As eleições na Venezuela terminaram nesse domingo (28). O imperialismo, há meses, vem acusando o governo do país de cometer irregularidades e preparar uma fraude eleitoral. Há uma enorme pressão contra o governo por parte do imperialismo. Até Lula, diante de uma fala correta de Nicolás Maduro sobre o perigo de uma vitória da direita, resolveu se intrometer na organização eleitoral do vizinho, o que acabou gerando uma situação incômoda com Maduro, um aliado tradicional e importante de Lula.

O interessante dessa história toda é o contraste entre o comportamento do imperialismo na Venezuela e nos Estados Unidos e também no Brasil.

No caso venezuelano, a eleição nem havia começado e toda a campanha da direita apoiada pelo imperialismo era denunciar uma suposta fraude. Pode-se falar de fraude tranquilamente que ninguém vai te censurar nas redes sociais, nem acusar de ser “negacionista” das urnas.

Já no Brasil, a eleição é mais sagrada do que a imagem de Nossa Senhora Aparecida. Qualquer palavra sobre a urna eletrônica que não seja, “glória eterna à urna eletrônica, sagrada no céu, na terra e no mar”, está passível de ser censurada. Dizer que se prefere o voto em cédula do que a urna eletrônica, é ser “negacionista”.

Aqui, a palavra fraude é proibida. Contestar o TSE é um crime de blasfêmia. E a horda de inquisidores estará pronta para perseguir quem ousar contestar qualquer coisa.

Nos Estados Unidos também não se pode falar em fraude. Quem ousa duvidar do Estado norte-americano, esse exemplo de democracia para o mundo?

Maduro, ao responder Lula, falou uma verdade. Disse que a eleição venezuelana é mais confiável que a brasileira. Ele fez muito bem em dizer isso e defender sua posição.

Aí, vejam só a ironia, aqueles que estão há meses falando que as eleições venezuelanas são fraudadas, levantam o nariz para dizer que Maduro não pode falar da eleição brasileira. Até uma parte de pseudo esquerdistas, totalmente idiotizados pelo problema da eleição no Brasil, começou a atacar Maduro e chamá-lo de bolsonarista.

Tal espetáculo revela bem o espírito colonial da questão. O imperialismo ensinou, e há uma horda de pessoas de classe média, que repete. “A eleição na Venezuela é fraudada,” podem repetir isso à vontade nos jornais e nas redes sociais, não precisa ter prova, não precisa ter nada. Quem fala isso, ganha biscoitinho do imperialismo, como um cão adestrado.

Mas ai de quem contestar o TSE brasileiro, esse local sagrado. Esse TSE, que proibiu Lula de se candidatar em 2018 e ajudou a eleger Jair Bolsonaro. Esse TSE, que interfere na eleição e nos partidos com regras burocráticas absurdas.

Não pode contestar, nem o TSE, nem as urnas, nem as eleições, sob risco de ser censurado, perseguido, cancelado, apedrejado. E depois, o ditador é Nicolas Maduro.

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