O sítio norte-americano Common Dreams publicou uma extensa reportagem, intitulada A Detailed Look at What the US Doesn’t Want You To Know About Weapons It Sends to Israel (Stephen Semler), que como indicado, fornece um minucioso relatório sobre como a principal potência imperialista do planeta auxilia “Israel” a prosseguir com o genocídio do povo palestino. Segundo a reportagem publicada pelo sítio, “se o governo Biden estiver realmente preocupado com a perda de vidas palestinas inocentes em Gaza, ele pode impedir as atrocidades de Israel negando-lhe as ferramentas necessárias para cometê-las”.
Common Dreams destaca na reportagem que mais de US$20,3 bilhões já foram gastos com todo tipo de recurso usado por “Israel” para massacrar o povo palestino, em operações consideradas vendas apenas “tecnicamente”: “a maior parte, se não todo esse material, é paga pelos contribuintes dos EUA”, diz Semler. A reportagem denuncia ainda uma manobra do Executivo norte-americano para fazer transações do gênero com a ditadura sionista porém usando valores “abaixo do limite” da lei, e com isso, escapando de depender do aval do Congresso. A denúncia de Semler é que apenas no mês de março, um total superior a cem negociatas desse tipo ocorreram, “uma a cada 36 horas, em média”, diz.
O método já foi usado pelo governo Biden, destaca a reportagem de Common Dreams, apontando que “de 2017 a 2019, os EUA aprovaram milhares de vendas de armas abaixo do limite para a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos no valor total de US$11,2 bilhões”.
Entretanto, não se trata apenas de números e cifras. Esse apoio incondicional dos EUA a “Israel” vai muito além das transações financeiras e bélicas. Trata-se de uma política deliberada e calculada de apoio à limpeza étnica e ao genocídio do povo palestino.
O governo Biden, assim como seus predecessores, é cúmplice direto na carnificina que se desenrola em Gaza. Desde o início dos bombardeios indiscriminados por “Israel”, mais de 40 mil civis foram brutalmente assassinados, a maioria mulheres e crianças. Isso não é um mero “dano colateral”; é o reflexo de uma política imperialista que visa perpetuar a dominação e o extermínio de um povo.
A reportagem de Common Dreams expõe que a maioria das bombas lançadas sobre Gaza é fabricada nos EUA, incluindo as mortíferas bombas MK-84 de 2.000 libras, cujas explosões destroem bairros inteiros e ceifam milhares de vidas. Não é coincidência que “Israel” dependa dessas armas para realizar seus ataques genocidas. Os EUA fornecem não apenas as bombas, mas também o combustível, os aviões e a tecnologia necessários para que “Israel” continue sua campanha de extermínio. É uma aliança macabra que tem o sangue de incontáveis inocentes em suas mãos.
A hipocrisia do governo Biden é escancarada na reportagem. Enquanto promove a entrega de armas a “Israel” em segredo, sob pretextos legais e técnicos, o mesmo governo é transparente sobre o envio de armas para a Ucrânia, apresentando essas transações como uma política industrial que beneficia a economia dos EUA. Essa seletividade demonstra que o verdadeiro objetivo é manter “Israel” como uma fortaleza militar no Oriente Médio, um posto avançado do imperialismo norte-americano na região.
A reportagem não poupa detalhes dos horrores causados pelas armas fornecidas pelos EUA. Cidades inteiras foram reduzidas a entulho, hospitais, escolas e mercados alvejados sem aviso. Desde outubro de 2023, 116 jornalistas foram mortos em Gaza, silenciados pelos bombardeios indiscriminados de “Israel”. Essas mortes não são acidentes; são parte de uma estratégia deliberada para eliminar testemunhas e qualquer possibilidade de denúncia dos crimes de guerra cometidos com o apoio dos EUA.
Os ataques relatados na reportagem demonstram a cumplicidade norte-americana em cada fase da operação genocida. Em apenas três semanas, “Israel” lançou 6.000 bombas por semana em Gaza, um número que supera em muito a média semanal de bombas lançadas pelos EUA e seus aliados na campanha contra o ISIS no Iraque e na Síria. Isso mostra que a destruição em Gaza não é apenas uma “resposta” a uma ameaça; é uma campanha planejada para eliminar o povo palestino, com o aval e o apoio material dos EUA.
O uso de tecnologia avançada como o programa de inteligência artificial “Lavender”, citado na reportagem, é mais uma prova do caráter genocida dessas operações. Ao automatizar a seleção de alvos, “Israel” maximiza a eficiência de seus ataques, enquanto minimiza qualquer possibilidade de responsabilização. O resultado é uma carnificina sem precedentes, que só é possível graças ao financiamento e ao fornecimento de armas por parte dos EUA.
A ironia de tudo isso é que, enquanto o governo Biden lamenta publicamente a perda de vidas palestinas, ele continua a fornecer as ferramentas para que essas mortes aconteçam. O conselheiro de segurança nacional Jake Sullivan admite que os EUA têm “informações suficientes para nos preocuparmos” com as violações do direito internacional cometidas por “Israel”, mas a ação concreta para impedir esses crimes nunca vem. Afinal, a prioridade dos EUA não é a vida dos palestinos, mas sim a manutenção de “Israel” como seu aliado estratégico na região.
A reportagem de Common Dreams deixa claro que o governo Biden, assim como todos os governos dos EUA que o precederam, é cúmplice ativo no genocídio do povo palestino. Os mais de 40 mil mortos são vítimas não apenas das bombas de “Israel”, mas também da política imperialista dos EUA, que vê na destruição da Palestina um preço aceitável para a manutenção de seu poder global.
Ao final, a máscara cai: os EUA não são mediadores de paz, mas sim os verdadeiros inimigos do povo palestino, que opõe uma tenaz e heroica resistência ao sionismo no país invidado. Abaixo, reproduzimos na íntegra a reportagem com a tradução feita pelo Diário Causa Operária:
Recentemente, o governo Biden aprovou cinco grandes vendas de armas para Israel, incluindo aviões de combate F-15, munição para tanques, veículos táticos, mísseis ar-ar, cartuchos de morteiro e equipamentos relacionados para cada um deles. Embora tecnicamente sejam vendas, a maior parte, se não todo esse material, é paga pelos contribuintes dos EUA – Israel usa grande parte da ajuda militar aprovada pelo Congresso como um cartão de presente para comprar armas fabricadas nos EUA.
O valor total das cinco vendas de armas ultrapassa US$20,3 bilhões.
Mais extraordinário do que o preço desses negócios de armas é o fato de a Casa Branca tê-los tornado públicos. Antes dos anúncios da semana passada, ela havia divulgado apenas duas vendas de armas para Israel. Em março, o governo Biden já havia dado luz verde a mais de 100 negócios de armas separados para Israel, ou cerca de um a cada 36 horas, em média. O governo presumivelmente manteve o valor de cada negócio de armas “abaixo do limite” para evitar ter que notificar o Congresso.
De 2017 a 2019, os EUA aprovaram milhares de vendas de armas abaixo do limite para a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos no valor total de US$11,2 bilhões. A exploração dessa brecha ajudou o governo Trump a evitar o escrutínio de sua permissão de uma campanha de bombardeio devastadora e indiscriminada no Iêmen. O governo Biden parece estar seguindo o mesmo manual para a destruição que está permitindo em Gaza.
A Casa Branca não tem vergonha de divulgar as transferências de armas para outros países. Por exemplo, ela tem sido muito transparente sobre a ajuda militar que enviou à Ucrânia desde fevereiro de 2022. Biden promove o armamento da Ucrânia como política industrial, comercializando a ajuda militar como um benefício para a fabricação e os empregos domésticos. O Pentágono não apenas relaciona o material específico que os EUA enviam para a Ucrânia, mas também mostra em um mapa onde essas armas e equipamentos são fabricados nos EUA.
Em contrapartida, quase todas as informações disponíveis publicamente sobre as transferências de armas dos EUA para Israel vêm de vazamentos divulgados pela imprensa. O governo Biden diz muito pouco sobre as armas que entrega a Israel ou como os militares israelenses as utilizam. A análise a seguir tem o objetivo de esclarecer ambos. Ao fazer isso, ela ajuda a explicar por que o governo Biden prefere armar Israel em segredo.
O que se segue é uma lista não exaustiva de ataques das forças armadas israelenses desde 7 de outubro que provavelmente violaram o direito internacional, agrupados pelo tipo de arma fornecida pelos EUA envolvida no ataque.
Para que um ataque seja listado abaixo, deve haver evidências suficientes de que ele violou o direito internacional. Em todos os casos a seguir, é pelo menos mais provável que o ataque tenha sido uma violação. Muitos deles quase certamente violaram a lei internacional. Esse é um limite muito alto – como escreveu o ex-advogado do Departamento de Estado, Brian Finucane, na Foreign Affairs, “A lei da guerra permite uma vasta morte e destruição. Isso é verdade mesmo sob interpretações restritivas da lei”.
Além disso, para que um ataque seja incluído na lista, deve haver provas forenses concretas de que uma arma fornecida pelos EUA provavelmente foi usada para cometer a provável violação da lei internacional. São considerados apenas os tipos de armas que os EUA supostamente forneceram a Israel desde 7 de outubro. Este relatório baseia-se em investigações forenses realizadas por organizações internacionais de renome, grupos da sociedade civil, meios de comunicação e analistas independentes.
Os 20 incidentes a seguir representam uma pequena fração dos possíveis crimes de guerra cometidos com armas fornecidas pelos EUA. Primeiro, a coleta de informações e a apuração de fatos são extremamente difíceis. Israel restringe o acesso da ONU e de ONGs a Gaza e não coopera com investigações sobre o uso indevido de armas fornecidas pelos EUA. Membros da imprensa têm acesso negado ou são atacados rotineiramente: Desde outubro de 2023, 116 jornalistas e profissionais de comunicação foram mortos por ataques aéreos israelenses ou tiros de franco-atiradores em Gaza, o que representa 86% de todos os mortos em todo o mundo, de acordo com dados do Comitê para a Proteção dos Jornalistas. Os blecautes prolongados de comunicação são comuns em Gaza.
Segundo, a campanha militar de Israel depende de armas dos EUA e, portanto, o material dos EUA está envolvido em quase todas as facetas da campanha de Israel. Por exemplo, Israel usa aeronaves fabricadas nos EUA, como o F-35, o F-16 e o F-15, para lançar bombas fabricadas nos EUA, incluindo as bombas MK-84 (2.000 libras), MK-83 (1.000 libras), MK-82 (500 libras) e bombas de “pequeno diâmetro” de 250 libras, que podem ser equipadas com kits de orientação JDAM (Joint Direct Attack Munition) fabricados nos EUA.
A grande maioria das bombas que Israel lança em Gaza é fabricada nos EUA. Os EUA fornecem até mesmo combustível de avião a Israel. Os EUA enviaram tantas armas para Israel desde 7 de outubro que o Pentágono tem tido dificuldades para encontrar aeronaves de carga suficientes para entregar o material.
Terceiro, a campanha de Israel é historicamente destrutiva. Nas três semanas após 7 de outubro, Israel lançou uma média de 6.000 bombas em Gaza por semana. Em comparação, as forças dos EUA e da coalizão lançaram em média 488 bombas por semana sobre militantes do ISIS no Iraque e na Síria durante a Operação Inherent Resolve (OIR) entre agosto de 2014 e março de 2019. A OIR causou imensos danos a civis – especialmente em áreas densamente povoadas como Mosul e Raqqa – mas a escala de morte e destruição não chega perto do que Israel fez em Gaza.
Um ex-oficial de alto escalão do exército israelense disse ao Haaretz que as forças israelenses poderiam ter feito tanto progresso quanto fizeram até agora em Gaza com um décimo da destruição. Essa conduta “excepcionalmente esbanjadora” e “imprudente” “reflete uma suposição absoluta de que os EUA continuarão a armá-lo e financiá-lo”, disse ele.
Além disso, de acordo com a reportagem, Israel usou um programa de Inteligência Artificial chamado “Lavender” para gerar um número sem precedentes de alvos de bombardeio com supervisão humana mínima. O programa de IA é codificado com instruções que parecem inconsistentes com a lei internacional e é implantado com pouca ou nenhuma supervisão humana.
O governo Biden reconhece que Israel provavelmente violou a lei de direitos humanos com armas fornecidas pelos EUA, mas afirma que não tem provas suficientes para vincular as armas fornecidas pelos EUA a violações específicas que justificariam o corte da ajuda militar a Israel. Como disse o conselheiro de segurança nacional Jake Sullivan à CBS, “não temos informações suficientes para chegar a conclusões definitivas sobre incidentes específicos ou para fazer determinações legais, mas temos informações suficientes para nos preocuparmos… Nosso coração se parte com a perda de vidas palestinas inocentes”.
Nada disso é crível. Como este relatório demonstra, há informações disponíveis mais do que suficientes. Se o governo Biden estiver realmente preocupado com a perda de vidas palestinas inocentes em Gaza, ele pode impedir as atrocidades de Israel negando-lhe as ferramentas necessárias para cometê-las.
MK-84 e outras bombas de 2.000 libras
Quantidade entregue desde 7 de outubro: pelo menos 14.100 (até 28 de junho). Os EUA enviaram a Israel pelo menos 14.000 bombas MK-84 de 2.000 libras do início de outubro ao final de junho. Outra remessa de 1.800 MK-84s está pendente: A Casa Branca aprovou sua transferência em março, mas interrompeu o envio em maio. Os EUA também entregaram 100 bombas bunker BLU-109 de 2.000 libras entre 7 de outubro e 1º de dezembro.
Em meados de dezembro, o governo Biden já havia fornecido a Israel mais de 5.000 bombas MK-84 de 2.000 libras, quatro vezes mais pesadas do que as maiores bombas que os EUA lançaram na Síria e no Iraque em sua guerra contra o ISIS. No primeiro mês de sua ofensiva militar em Gaza, as forças israelenses lançaram mais de 500 bombas de 2.000 libras, das quais mais de 40% foram lançadas em zonas seguras designadas por Israel. Seis semanas após o início da guerra, Israel havia lançado mais de 200 vezes bombas de 2.000 libras em áreas para as quais havia instruído os civis a fugirem.
- 9 de outubro de 2023: Ataques aéreos israelenses atingiram um movimentado mercado no campo de refugiados de Jabalia, matando pelo menos 69 pessoas. O mercado estava mais lotado do que o normal porque as pessoas estavam fugindo de suas casas sob instruções dos militares israelenses. A análise do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH) informou que “foram utilizadas uma ou duas munições lançadas por via aérea GBU-31” e não encontrou nenhum objectivo militar que justificasse o ataque. O GBU-31 é feito de uma bomba MK 84 ou BLU-109 de 2.000 libras fabricada nos EUA e um kit de orientação JDAM. Nem o ACNUDH nem a Amnistia Internacional encontraram provas de um alvo militar no momento do ataque. Mesmo que houvesse um alvo militar legítimo, a escala da destruição indica que o ataque dos militares israelitas foi desproporcional. Ataques desproporcionais são crimes de guerra – o direito internacional proíbe ataques que se espera que causem danos civis excessivos em comparação com a vantagem militar direta e comprovável prevista pelo ataque.
- 17 de outubro de 2023: Depois que os militares israelenses disseram aos habitantes de Gaza para fugirem para Khan Yunis para sua segurança, eles bombardearam a casa da família al-Lamdani em Khan Yunis. Entre 15 e 40 pessoas foram mortas no ataque. Restos de uma bomba MK-84 de 2.000 libras, fabricada nos EUA, foram encontrados no local.
- 25 de outubro de 2023: Ataques aéreos israelenses destruíram pelo menos 5.700 metros quadrados no bairro de Al Yarmouk, na cidade de Gaza, matando pelo menos 91 pessoas, incluindo 39 crianças. Uma avaliação da ONU determinou que “várias” munições GBU-31 de 2.000 libras lançadas do ar foram provavelmente lançadas pelas forças israelenses no ataque. De acordo com um relatório do ACNUDH da ONU, “O uso de uma GBU-31 ou GBU-32, em áreas tão densamente povoadas no meio de bairros residenciais, quando seriam previsíveis danos civis extensos, levanta preocupações muito sérias de que esses ataques foram desproporcionais e/ou indiscriminada, e que nenhuma precaução ou foram tomadas precauções insuficientes.”
- 31 de outubro de 2023: Após os ataques aéreos israelenses em Jabalia, o maior campo de refugiados de Gaza, um hospital próximo disse ter recebido 400 vítimas, incluindo 120 mortos, a maioria dos quais eram mulheres e crianças. Uma análise do local mostrou pelo menos cinco crateras, a maior delas provavelmente de uma GBU-31. O GBU-31 é feito de um JDAM e de uma bomba BLU-109 ou MK-84 de 2.000 libras. Segundo relatos, as forças israelenses não deram nenhum aviso antes do ataque e nenhum esforço foi feito para evacuar os edifícios residenciais. O ACNUDH da ONU disse que o ataque ao campo de refugiados de Jabalia pode constituir um crime de guerra.
- 13 de janeiro de 2024: As forças israelenses lançaram uma bomba MK-84 de 2.000 libras, fabricada nos EUA, de uma aeronave F-16 fabricada nos EUA, em uma casa em Deir al-Balah, mas ela não explodiu. Um segundo ataque aéreo destruiu a casa, deixando uma cratera de aproximadamente 12 metros, característica de uma bomba de 2.000 libras com fusível retardado. Os militares israelenses designaram Deir al-Balah como zona segura em outubro. As forças israelitas instruíram os palestinianos no norte de Gaza a fugirem para lá em 11 de Dezembro e disseram o mesmo aos palestinianos no centro de Gaza em 22 de Dezembro. Em meados de Janeiro, os bombardeamentos israelitas tinham destruído quarteirões inteiros e dezenas de casas de famílias em Deir al-Balah.
GBU-39 e outras bombas de “pequeno diâmetro”
Valor entregue desde outubro: Pelo menos 2.600 (a partir de junho). Mais de 2.000 destas bombas de “pequeno diâmetro” são munições GBU-39 de 250 libras. Depois que Israel recebeu uma remessa rápida de 1.000 GBU-39 fabricadas pela Boeing no início de outubro, a administração Biden aprovou a transferência de mais de 1.000 bombas GBU-39 para Israel em 1º de abril, mesmo dia em que as forças israelenses bombardearam um comboio da Cozinha Central Mundial. , matando sete trabalhadores humanitários. É provável que muito mais GBU-39 tenham sido entregues a Israel do que a quantidade listada aqui.
Supostamente por preocupação com os civis palestinos, a administração Biden está instando os militares israelenses a usarem mais GBU-39 de 250 libras e menos bombas menos precisas de 2.000 libras. O resultado parece ter sido um aumento de possíveis crimes de guerra cometidos com as GBU-39. O tamanho relativo das bombas não importa muito se as forças israelitas desrespeitarem as regras fundamentais que regem a selecção de alvos no direito internacional, incluindo distinção, precauções e proporcionalidade. Como disse o sargento reformado da Força Aérea dos EUA, Wes Bryant, ao New York Times: “Embora utilizem bombas mais pequenas, continuam a mirar deliberadamente onde sabem que há civis”.
A Boeing comercializa seu GBU-39 como uma arma de precisão de “baixo dano colateral”. Ecoando a Boeing, o porta-voz da Casa Branca, John Kirby, disse que o uso dessas bombas de 250 libras por Israel é “certamente indicativo de um esforço para ser discreto, direcionado e preciso”. A explosão de uma bomba GBU-39 pode matar ou ferir pessoas a mais de 300 metros de distância, e os estilhaços do invólucro de aço da bomba podem matar ou ferir qualquer pessoa num raio de 170 metros.
- 9 de janeiro de 2024: As forças israelenses bombardearam um prédio residencial em um bairro para onde os militares israelenses ordenaram repetidamente que os deslocados de Gaza fugissem. O ataque matou 18 pessoas, incluindo 10 crianças, e feriu pelo menos outras oito. As forças israelenses não deram nenhum aviso para evacuar. Uma investigação não encontrou provas de que o edifício ou qualquer pessoa nele pudesse ser considerado um alvo militar legítimo. O governo israelense ainda não deu uma razão para o ataque. Fragmentos de um Boeing GBU-39 fabricado nos EUA foram recuperados dos escombros.
- 13 de maio de 2024: As forças israelenses bombardearam uma escola que abrigava civis deslocados em Nuseirat, matando até 30 pessoas. Uma barbatana caudal de um GBU-39 fabricado nos EUA foi recuperada no local do ataque
- 26 de maio de 2024: Um ataque aéreo israelense a um campo de deslocados em Rafah repleto de tendas improvisadas matou pelo menos 46 pessoas – incluindo 23 mulheres, crianças e idosos – e feriu mais de 240 outras. A cauda de uma bomba GBU-39 fabricada nos EUA foi recuperada no local do ataque. O “81873” no fragmento de munição é o código identificador que o governo dos EUA atribuiu à Woodward, um fabricante com sede no Colorado que fornece peças de bombas, incluindo a GBU-39. O Departamento de Estado recusou-se a reconhecer que se tratava de uma arma fabricada nos EUA. As forças israelenses alegaram que as munições armazenadas no campo causaram a maior parte da devastação, mas não há evidências da presença de um esconderijo de armas.
- 6 de junho de 2024: Pelo menos duas munições GBU-39 foram usadas em um ataque aéreo israelense na escola al-Sardi administrada pela ONU em Nusreit, centro de Gaza. Pelo menos 40 pessoas morreram na greve, incluindo nove mulheres e 14 crianças. Cerca de 6.000 palestinos deslocados estavam abrigados na escola quando ela foi bombardeada. Os militares israelenses negaram que tenha havido quaisquer vítimas civis. O grupo israelense de direitos humanos B’Tselem disse que o ataque é um possível crime de guerra. Um dispositivo de navegação fabricado nos EUA e fabricado pela Honeywell também foi documentado no local.
- 10 de agosto de 2024: Mais de 100 palestinos foram mortos em um ataque aéreo israelense à escola al-Tabin, na cidade de Gaza, que estava sendo usada para abrigar pessoas deslocadas. Os militares israelenses disseram que usaram “munições precisas”. Os paramédicos que chegaram ao local disseram que encontraram corpos “despedaçados” e que muitos corpos não eram identificáveis. Os pais relataram dificuldade em identificar seus filhos falecidos. Restos de pelo menos duas bombas GBU-39 de pequeno diâmetro fabricadas pela Boeing foram identificados no local. Duas investigações não encontraram provas de que a escola estivesse a ser utilizada para operações militares, como alegaram os militares israelitas. A lista de combatentes que o exército israelense alegou ter matado no ataque incluía várias pessoas que haviam sido anteriormente listadas como falecidas e civis sem vínculos militares conhecidos.
Munições Conjuntas de Ataque Direto (JDAM)
Valor entregue desde 7 de outubro: Pelo menos 3.000 (a partir de 1º de dezembro).
- 10 de outubro de 2023: Um ataque aéreo israelense à casa da família al-Najjar em Deir al-Balah matou 24 civis. O código estampado num fragmento de munição recuperado, 70P862352, indica que uma JDAM fornecida pelos EUA foi usada no ataque. O kit de orientação fabricado pela Boeing provavelmente foi instalado em uma bomba de 2.000 libras. Sobreviventes disseram que Israel não avisou os civis sobre um ataque iminente. A Anistia Internacional disse que o ataque deve ser investigado como um crime de guerra.
- 22 de outubro de 2023: Um ataque aéreo israelense à casa da família Abu Mu’eileq em Deir al-Balah matou 19 pessoas, incluindo 12 crianças. A casa estava localizada na área para onde os militares israelenses ordenaram que os residentes do norte de Gaza fugissem em 13 de outubro. O código estampado na sucata recuperada, 70P862352, está associado a JDAMs e Boeing. O kit JDAM fabricado pela Boeing foi instalado em uma bomba que pesava pelo menos 1.000 libras. Sobreviventes disseram que Israel não avisou sobre um ataque iminente. A Anistia Internacional disse que o ataque deve ser investigado como um crime de guerra.
- 27 de março de 2024: Um ataque israelense ao Corpo de Emergência e Socorro da Associação Libanesa de Socorro, uma organização humanitária, matou sete voluntários de emergência e socorro no sul do Líbano. O ataque usou um kit de orientação JDAM fabricado nos EUA, afixado em uma bomba de 500 libras de fabricação israelense. A Human Rights Watch disse que o incidente deveria ser investigado como um crime de guerra.
- 13 de julho de 2024: Um ataque israelense em Al-Mawasi – uma “zona segura” designada pelos militares israelenses – matou mais de 90 pessoas e feriu outras centenas. Restos de um JDAM fabricado nos EUA foram encontrados no local. Com base no tamanho do fragmento da barbatana, o JDAM provavelmente foi instalado em uma bomba de 1.000 ou 2.000 libras.
Mísseis Hellfire
Quantidade entregue: Pelo menos 3.000 (em 28 de junho)
- 8 de junho de 2024: A operação de Israel para resgatar quatro reféns no campo de refugiados de Nuseirat, no centro de Gaza, matou quase 300 palestinos. Uma testemunha relatou que helicópteros de ataque israelenses lançaram muitos ataques em Nuseirat e áreas vizinhas. Outra testemunha disse que 150 foguetes caíram em menos de 10 minutos. Restos de pelo menos dois mísseis Hellfire fabricados nos EUA foram encontrados em um prédio residencial danificado. O vídeo mostra helicópteros Apache fabricados nos EUA disparando vários mísseis Hellfire contra o campo de refugiados de Nuseirat. Os militares israelitas também bombardearam um mercado movimentado, vários quarteirões a sul de onde os reféns israelitas estavam mantidos, e na direcção oposta à rota de evacuação. O ACNUDH da ONU disse que o ataque “põe seriamente em questão se os princípios de distinção, proporcionalidade e precaução – conforme estabelecidos nas leis da guerra – foram respeitados pelas forças israelenses”.
- 23 de junho de 2024: Um ataque aéreo israelense a uma clínica de saúde na cidade de Gaza matou cinco pessoas, incluindo Hani al-Jaafarawi, diretor de ambulâncias e emergência de Gaza. Ele teria sido o 500º trabalhador médico morto durante a campanha militar de Israel em Gaza. O motor do foguete de um míssil Hellfire fornecido pelos EUA foi recuperado no centro de saúde.
- 14 de julho de 2024: Centenas de palestinos estavam se refugiando na escola de Abu Oraiban da Agência das Nações Unidas de Assistência e Obras para os Refugiados da Palestina (UNRWA) quando esta foi atingida por um ataque aéreo israelense, matando pelo menos 22 pessoas. Os militares israelitas não emitiram qualquer aviso às pessoas deslocadas que ali se abrigavam antes do ataque. Fragmentos do míssil Hellfire fabricado nos EUA foram encontrados na escola, incluindo parte de seu sistema de orientação e motor. (Restos da cauda de um GBU-39 fabricado pela Boeing também foram recuperados no local.)
Cartuchos de tanque de 120 mm
A administração Biden invocou uma autoridade de emergência para contornar o período de revisão do Congresso. Como os projéteis foram provenientes do inventário do Exército dos EUA, eles poderiam ser transferidos imediatamente para Israel.
No dia anterior, a Reuters, a Human Rights Watch e a Anistia Internacional publicaram investigações que fornecem provas de que um tanque israelita provavelmente disparou deliberadamente dois projéteis de 120 mm de fabrico israelita contra um grupo de jornalistas no sul do Líbano em Outubro, matando um jornalista da Reuters e ferindo outros seis. Tanto a Human Rights Watch como a Anistia Internacional afirmaram que o incidente foi um aparente crime de guerra. Os tanques israelenses também atacaram hospitais e abrigos humanitários usando cartuchos de 120 mm. Em 13 de agosto, a administração Biden notificou o Congresso que aprovou uma venda de armas a Israel por 774 milhões de dólares por 32.739 cartuchos de tanque de 120 mm.
- 29 de janeiro de 2024: Hind Rajab, de seis anos, foi a única sobrevivente no carro de sua família depois que tanques israelenses abriram fogo. Por telefone, Hind implorou às equipes de resgate que viessem salvá-la. A Sociedade do Crescente Vermelho Palestino enviou uma ambulância com dois socorristas. Pelo menos um tanque israelense abriu fogo, matando os dois paramédicos. Um fragmento de um cartucho de tanque M830A1 de 120 mm fabricado nos EUA foi documentado no local.
Valor entregue: Pelo menos 57.000 (em 1º de dezembro). Este total inclui milhares de cartuchos de 155 mm originalmente destinados à Ucrânia, que a administração Biden desviou para Israel em outubro. Netanyahu solicitou especificamente projéteis de artilharia de 155 mm aos legisladores dos EUA em meados de novembro.
Na mesma altura, mais de 30 organizações instaram a administração Biden a não fornecer estas munições a Israel porque a sua imprecisão e o raio de vítimas de 100-300 metros tornam-nas “inerentemente indiscriminadas” no contexto de Gaza. “É difícil imaginar um cenário em que projéteis de artilharia altamente explosivos de 155 mm possam ser usados em Gaza em conformidade com [o direito humanitário internacional]”, escreveram as organizações.
Em 29 de dezembro, a Casa Branca notificou o Congresso que aprovou a venda de 57.021 munições adicionais de 155 mm a Israel. A administração Biden invocou uma autoridade de emergência para contornar o período de revisão do Congresso. As forças israelenses provavelmente dispararão esses projéteis com obuseiros fabricados nos EUA. Os militares israelitas anunciaram no início desse mês que dispararam mais de 100.000 tiros de artilharia durante os primeiros 40 dias da invasão terrestre de Gaza, acrescentando que a artilharia desempenha um “papel central” ao fornecer “cobertura de fogo intensa” às suas forças terrestres.
- 16 de outubro: As forças israelenses dispararam projéteis de artilharia de 155 mm contendo fósforo branco em Dhayra, sul do Líbano. Pelo menos nove civis foram mortos e propriedades civis foram danificadas. Os códigos de produção dos lotes encontrados nas cápsulas indicam que foram fabricados nos EUA. A Anistia Internacional disse que o ataque foi indiscriminado e deve ser investigado como um crime de guerra.
Valor entregue desde 7 de outubro: Desconhecido. O Ministério da Defesa de Israel informou em 19 de outubro que aviões de carga da Força Aérea dos EUA entregaram a primeira parcela de veículos blindados leves David fabricados nos EUA, parte de um acordo de armas de US$22 milhões a partir de abril de 2023.
14 de novembro de 2023: A primeira foto abaixo do Ministério da Defesa de Israel mostra veículos blindados leves David após serem descarregados de um C-17 da Força Aérea dos EUA no Aeroporto Ben Gurion em 19 de outubro. obstruir uma ambulância a caminho de um hospital em 14 de novembro, prendendo o ferido lá dentro. O Direito Internacional Humanitário proíbe ataques e obstruções ao transporte médico.