Uma matéria publicada pelo órgão iraniano Presstv, repercutindo informações do sítio britânico de jornalismo investigativo Declassified UK, fornece dados mais concretos sobre como o imperialismo está unido e atuante no extermínio da população árabe na Faixa de Gaza e no sul do Líbano.
O texto que foi ao ar na última terça-feira (3), traça a trajetória de aviões britânicos que sobrevoam toda a região de Gaza e repassa informações ao exército de ocupação israelense, que as usa para atacar civis, incluindo comboios de ajuda humanitária que chegam à população palestina.
“Em outubro, foi revelado por fontes militares próximas ao governo britânico que aviões espiões da Força Aérea Real (RAF, na sigla em inglês) do país voavam diariamente sobre Gaza para realizar vigilância de “comboios de veículos, ruas e blocos de apartamentos”, com informações repassadas a Tel Aviv.” Afirma Ivan Kesic, autor da denúncia.
Ainda segundo a matéria, as atividades desses aviões britânicos começaram já logo após o 7 de Outubro. Há relatos sobre aviões espiões britânicos decolando de sua base aérea em Chipre diariamente e passando horas realizando missões de espionagem sobre o mar perto da Faixa de Gaza.
De acordo com Kesic, o Declassified UK conduziu uma análise mais detalhada sobre o assunto, que documentou pelo menos 50 dessas missões do gênero até janeiro e, depois, 200 até maio de 2024. Uma linha do tempo construída de forma independente mostrou que o número de voos foi mais alto em março, com 44, o que aumentou depois.
Desde os primeiros relatos da ação do governo britânico contra a população palestina junto aos genocidas exércitos de ocupação, surgem questões de jornalistas e políticos do país imperialista, incluindo Jeremy Corbin. Atestando sua culpa e deixando claro que participa do extermínio em Gaza, o governo trabalhista britânico se nega a comentar os questionamentos, recusando-se a informar a quantidade de voos e quantas aeronaves estão em operação para o fim de abastecer os israelenses de informações.
Segundo a matéria, o método dos voos é sempre o mesmo: “eles decolam da Base Aérea Britânica de Akrotiri, no sul de Chipre, voam em direção a Gaza e permanecem sobre o mar aberto na Gaza devastada pela guerra por duas a seis horas, após o que retornam com informações.” Aponta Kesic.
A máquina de guerra utilizada neste momento contra crianças, mulheres e civis em Gaza é um Shadow R1, uma aeronave de inteligência, vigilância, aquisição de alvos e reconhecimento (ISTAR) baseada no modelo de aeronave utilitária civil King Air 350CER produzido pela empresa norte-americana Beechcraft.
O Shadow R1 tem 14,26 m de comprimento e 17,4 m de envergadura, peso máximo de decolagem de 7.500 kg, velocidade máxima de cruzeiro de 453 km/h, altitude máxima de operação de 35.000 pés (10,67 km) e pode realizar missões de vigilância em baixa altitude por mais de 7 horas, sendo operado pelas forças armadas de 50 países e custam em média 75 milhões de euros.
A aeronave espião também apresenta uma ampla capacidade de comunicação, gerenciada a partir de consoles de operadores na cabine. Quaisquer dados coletados podem ser analisados a bordo do R1 durante uma missão ou transmitidos para outro lugar via satélite.
Mais especificamente, a aeronave tem a capacidade de interceptar comunicações de rádio e chamadas telefônicas palestinas, além de fazer zoom sobre o que sobrou dos edifícios em Gaza, tudo a uma distância de várias dezenas de quilômetros.
Ainda segundo o texto, o Reino Unido também teria utilizado esses aviões e a mesma estratégia contra os iranianos e o Líbano. A imprensa local do Chipre alertou também que jatos britânicos estariam trabalhando na região para abater aeronaves e drones do Irã durante a operação “A promessa” iraniana em retaliação aos ataques israelenses.
Apesar de o governo norte-americano parecer o mais fiel parceiro no envio de armas, dinheiro e suporte ao governo de “Israel”, Declassified UK demonstra que todo o conjunto do imperialismo trabalha arduamente para matar toda a população palestina. O empenho da ocupação, seus financiadores e apoiadores em tomar a região e todo território envolve todos os governos da ditadura mundial, e o Reino Unido de Keir Starmer não é uma exceção.