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Oriente Médio

Síria: governo de mercenários mostra ‘apreço’ pela soberania

Novo governador de Damasco se coloca claramente como um peão do imperialismo, indiferente à invasão da nação árabe por "Israel"

Nomeado pelo regime golpista da Síria no último domingo (22) como o novo governador de Damasco para o período de transição, Maher Marwan Idlibi concedeu uma entrevista à rede mista norte-americana RPN divulgada na última sexta-feita (27), considerando “normal” que “Israel” “bombardeie um pouco” seu país. O governador indicado pelo grupo mercenário HTS – afiliado à al-Qaeda – disse ainda ser “compreensível” que a ocupação sionista esteja preocupada quando o novo governo sírio assumiu o poder, devido a certas “facções” do movimento golpista.

“Israel pode ter sentido medo no início”, disse Marwan, “então, avançou um pouco, bombardeou um pouco”, comentando os ataques do enclave imperialista contra as instalações militares sírias, além da decisão de se aproveitar da confusão ocasionada pela queda de Assad para invadir e se apropriar de pedaços ainda maiores do território sírio, avançando sobre as Colinas de Golã.

Exibindo uma atitude digna de cachorro – tal qual outro notório instrumento árabe da ditadura sionista, a Autoridade Palestina (AP) -, Marwan reforçou que ele e os demais dirigentes mercenários do movimento golpista “não tem medo de Israel” e que “nosso problema não é com Israel”. “Não queremos nos intrometer em nada que ameace a segurança de Israel ou de qualquer outro país”, acrescentou o novo governador, no momento em que o enclave imperialista rouba porções da Síria.

Dando ao governo golpista da Síria o mesmo tratamento dado à AP na Cisjordânia, a ditadura sionista ignorou o capachismo do novo regime e, em nota à NPR, o Ministério das Relações Exteriores disse que “Israel está tomando medidas para garantir que a segurança de seus cidadãos seja mantida”, acrescentando ainda:

“Aconselhamos a comunidade internacional a lembrar que o novo poder governamental da Síria tomou grandes partes do país à força. Ele não foi eleito democraticamente. Tem laços históricos de longa data com a Al-Qaeda. Esse é um regime islâmico extremista que simplesmente se mudou de Idlib para Damasco.”

A rede norte-americana destaca ainda que a declaração acrescentou: “os EUA não pressionaram Israel a agir de forma diferente”. O órgão ouviu também o pesquisador sênior do Centro Moshe Dayan de Estudos do Oriente Médio e da África da Universidade de Telavive, Uzi Rabi, que reagiu à entrevista dizendo que “essa é uma boa notícia… muito, muito notável”, sobre os comentários de Marwan.

Sobre a resposta da chancelaria sionista, Rabi destacou que a resposta de “Israel” reflete uma “’perda de confiança’ na viabilidade da paz após o ataque liderado pelo Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023”, conforme análise da rede norte-americana publicada na matéria New leaders in Damascus call for cordial Syria ties with a resistant Israel.

O mesmo artigo destaca ainda que “uma autoridade dos EUA não autorizada a falar publicamente sobre o assunto disse à NPR que os EUA retransmitiram a mensagem do HTS, mas que Washington não pressionou nenhum dos países em nenhuma direção”. Como que para coroar sua demonstração de submissão, o novo governador de Damasco disse por fim:

“Os Estados Unidos são uma grande nação e estão à frente de todas as nações, pelas quais temos grande respeito e apreço, além de possuírem conhecimentos especializados dos quais queremos tirar proveito”.

A supracitada matéria de NPR acrescenta ainda:

“‘Como povo sírio, somos pacíficos’, disse ele. ‘Historicamente, não somos belicistas’. Marwan culpou o regime de Assad por criar o que ele chamou de “lacunas” entre o governo dos EUA e o povo sírio. ‘Essas lacunas precisam ser preenchidas para que os dois povos possam ser amigos e possamos realizar coisas que sejam benéficas para ambas as nações’, disse ele.”

O novo governador de Damasco demonstra, na prática, ser uma figura totalmente submissa à política do imperialismo, com declarações vergonhosas que permitem caracterizá-lo como um “Abbas da Síria”, como um cão sem qualquer dignidade ou respeito pelo povo sírio.

Marwan se coloca claramente como um peão do imperialismo, deixando que “Israel” continue suas incursões criminosas no território sírio. Ao afirmar que os ataques do país artificial são “normais” e “compreensíveis”, além de dissociar qualquer problema com a ditadura sionista, Marwan demonstra claramente uma indiferença à soberania nacional e apoio tácito à expansão de “Israel”, ao mesmo tempo que se coloca frontalmente contra a defesa dos interesses do povo sírio. Um instrumento, portanto, de destruição de sua própria nação, alinhado aos interesses de potências estrangeiras que visam o enfraquecimento e a fragmentação da Síria.

O apoio dado por setores da esquerda ao regime golpista, que enalteceu os mercenários como “rebeldes” e se alinhou à propaganda imperialista, evidencia também o erro colossal dos que comemoraram a queda de Assad. Assim como aconteceu na Ucrânia, onde as forças que derrubaram o governo nacionalista estavam a serviço do imperialismo e não titubearam em usar o povo ucraniano como bucha de canhão da OTAN, os “rebeldes” sírios e seus aliados nunca tiveram a intenção de promover qualquer coisa minimamente positiva para o povo sírio, mas sim de facilitar a ruína do país e, com isso, o enfraquecimento da Resistência contra o sionismo.

A tragédia agora é evidente: o novo regime, composto por grupos mercenários, mostra total indiferença à espoliação e ao estupro da Síria, confirmando que os verdadeiros interesses estavam no avanço da política imperialista e no desmantelamento da nação árabe. O apoio a esse movimento resultou, até aqui, na devastação do país, uma verdadeira catástrofe para a população síria.

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