Universidades norte-americanas têm sido palco de uma intensa repressão contra alunos e professores que participam de protestos em solidariedade à resistência palestina. Em instituições como a Universidade de Massachusetts Amherst, a UNC-Chapel Hill e a Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA), estudantes e docentes enfrentam prisões em massa, processos administrativos e sanções acadêmicas por se manifestarem contra o genocídio praticado por “Israel” na Palestina, no Líbano e na Síria.
Dados revelam a dimensão da repressão. Em 7 de maio de 2024, 135 pessoas foram presas na Universidade de Massachusetts Amherst durante um ato político. Na UNC-Chapel Hill, 36 manifestantes foram detidos em abril, e, em apenas seis semanas, entre maio e junho de 2024, 231 pessoas foram presas em protestos na UCLA. Além das detenções, as universidades têm implementado medidas burocráticas para restringir a atuação de ativistas, como retenção de diplomas, imposição de “liberdade condicional acadêmica” e proibição de participação em organizações estudantis.
Na UNC-Chapel Hill, por exemplo, a administração chegou ao cúmulo de publicar cartazes com regras que tentam inviabilizar protestos, como proibição de máscaras, montagem de tendas e até mesmo de itens considerados “não tradicionais” para recreação. A repressão tem gerado uma onda de processos judiciais. O professor de ciência política da UCLA, Graeme Blair, foi preso durante uma manifestação e posteriormente submetido a um processo disciplinar. Ele processou a universidade por violação de seu direito à livre expressão, após sua promoção a professor titular ter sido negada.
“Estudantes universitários têm um papel muito importante na mudança social no país. As implicações são sérias, não apenas para o debate sobre a Palestina, mas para outras questões impopulares que são alvo de protestos”, afirmou o professor.
A perseguição, no entanto, não se limita aos Estados Unidos. No Brasil, dois professores do curso de Relações Internacionais da PUC-SP, Reginaldo Nasser e Bruno Huberman, foram convocados a prestar esclarecimentos ao setor de Ética e Integridade da Fundação São Paulo, sob acusações de “antissemitismo” feitas por alunos. Já entidades como a Confederação Israelita do Brasil (CONIB) têm intensificado ações judiciais contra vozes críticas ao sionismo, incluindo jornalistas como Breno Altman e militantes do Partido da Causa Operária (PCO).
Essas ações, no entanto, contrariam princípios fundamentais da liberdade de expressão, como os assegurados pela Primeira Emenda da Constituição dos EUA, que proíbe qualquer lei que restrinja a liberdade de discurso e de reunião pacífica:
“O congresso não deverá fazer qualquer lei a respeito de um estabelecimento de religião, ou proibir o seu livre exercício; ou restringindo a liberdade de discurso, ou da imprensa; ou o direito das pessoas de se reunirem pacificamente, e de fazerem pedidos ao governo para que sejam feitas reparações de queixas.”
A tentativa de calar aqueles que denunciam o sionismo enquanto movimento fascista e supremacista expõe o alinhamento das universidades e de instituições jurídicas ao imperialismo e seus aliados. Apesar das tentativas de silenciamento, os movimentos de resistência continuam, assim como campanha pelo fim das relações com o Estado criminoso de “Israel”, que deve ser apoiada e impulsionada pela esquerda também no Brasil.
Nos EUA, o grupo Students for Justice in Palestine segue ativo, mostrando que a luta contra o genocídio e a opressão não será contida por repressão policial ou manobras burocráticas. Essa resistência é essencial para expor a hipocrisia do chamado “mundo democrático” e garantir que a voz dos povos oprimidos ecoe até a vitória.