Em coluna publicada no jornal O Estado de São Paulo, o colunista Dov Bigio lamenta porque, para ele, não haveria um constrangimento social por parte da população diante do que ele considera ofensas e preconceitos contra judeus. Procurando não entrar no mérito jurídico, em que tem havido uma grande ofensiva no sentido de censurar qualquer tipo de comentário ou piada que possa ser considerada “ofensiva” por judeus ou quaisquer outros grupos, ele opina sobre o que ele considera que sejam “regras de respeito e de boa convivência”.
Para o autor, diversos grupos minoritários “têm conseguido cada vez mais apresentar seus pontos de vista, expor suas definições do que consideram aceitável e o que avaliam ser agressivo e até mesmo intolerável”. Ele considera, no entanto, que os judeus não têm tido a mesma prerrogativa.
Primeiramente, é preciso ter claro que o cenário descrito por ele só é real em ambientes determinados. Sejam eles ambientes dominados pelo identitarismo, como as universidades e a Rede Globo, ou então as salas dos tribunais, onde juízes se aproveitam da onda repressora imposta pelo imperialismo e apoiada por identitários infiltrados na esquerda para reprimir a população.
No ambiente social normal, não existe essa patrulha. Entre a população, o humor feito às custas de quaisquer grupos ainda segue sendo a regra, sendo comum. Piadas com homossexuais, mulheres, negros e travestis são feitas a todo momento por todas as pessoas – diga-se de passagem, de forma jocosa e sem implicar, necessariamente, na expressão de uma espécie de “ódio”, como analisam os identitários.
O colunista, no entanto, não considera esse fato, e adiciona que o mesmo não vale para os judeus. O título de sua coluna já dá essa ideia (Os judeus não contam?). Segundo ele, “expressões racistas e ofensas a pessoas homossexuais e transexuais não são mais toleradas, e os que nelas insistem são expostos, punidos ou cancelados. Porém, quando uma pessoa age com avareza, é comum ouvir um ‘deixe de ser judeu’. E o termo ‘judiar’ nunca perdeu a força no vocabulário da Língua Portuguesa”.
Nada disso é real. O humor com os judeus existe na mesma medida em que existe com todos os outros grupos. A bem da verdade, é infinitamente menos “nocivo” (se é que se pode fazer essa consideração a respeito de uma piada), porque os judeus são um grupo que ocupam uma melhor posição social e, portanto, não são alvo de certos tipo de preconceito como o são os negros, por exemplo. Sem contar que são um setor muito menos presente na sociedade brasileira que, por exemplo, são na sociedade argentina.
O autor considera que as leis que reprimem o discurso e o humor da população são “avanços da legislação”, e gostaria que esses “avanços” (também conhecido como “censura”) fossem ainda mais aprofundados.
No entanto, é preciso ter claro que as leis que supostamente protegem os negros do racismo ou os homossexuais do preconceito não cumprem verdadeiramente essa função. Há uma infinidade de casos que comprovam isso, tanto que a lei que deveria punir o racismo está sendo invocada em diversos processos para criminalizar aquele que faz críticas ao Estado de “Israel” (o que deve dar muito gosto e alegria para o senhor Dov Bigio).
Ao fim e ao cabo, a realidade é o exato oposto do que coloca o articulista. No ambiente social comum, o humor continua intacto. O único lugar em que não se faz mais as piadas preconceituosas são os tribunais. No restante de todos os locais, a população segue agindo como sempre agiu, talvez com algum receio maior, mas que não a faz considerar que seriam piadas “erradas”, é apenas uma percepção por parte das pessoas da realidade opressora que se desenvolveu no Brasil atualmente.
Finalmente, é preciso comentar que um texto desse tipo ser publicado no momento em que viemos é quase uma piada de mau gosto. Enquanto dezenas de milhares de pessoas são assassinadas pelos sionistas em Gaza, os sionistas no Brasil estão preocupados com o preconceito contra o “judeu”, preconceito que é praticamente inexistente.
Qualquer bom observador percebe que não existe, como quer fazer crer a direita, uma onda de “antissemitismo”, o que existe é uma rejeição e repúdio do conjunto da população mundial aos crimes perpetrados pelos sionistas que dominam o Estado de “Israel”.
A bem da verdade, se dessa situação toda se desenvolver uma nova etapa de um ódio (mau direcionado e confuso) contra os judeus em várias partes do mundo, os principais responsáveis por isso serão os próprios sionistas, que cometem seus crimes sob a bandeira do próprio judaísmo. Nesse sentido, há vários grupos judaicos que consideram que os sionistas são, nesse momento, os piores inimigos dos judeus. Suas ações covardes reverberam de forma muito negativa por todo o planeta e geram, nas pessoas menos esclarecidas e mais atingidas, um grande ódio e repúdio aos próprios judeus.