O balanço eleitoral do desempenho da esquerda nas eleições já era desastroso antes do segundo turno, com um crescimento considerável da votação no PL (Partido Liberal) que, trocando em miúdos, é onde se concentra o bolsonarismo.
O PL, em 2024, teve um crescimento de mais de 10 milhões de votos em comparação com as eleições de 2020, e, no geral, à exceção do PCO, a esquerda somente teve um aumento residual em seus votos (PT, PSOL, PCB, UP) ou uma queda (PCdoB, PSTU).
As principais capitais brasileiras estão, com exceção de Fortaleza, onde o PT ganhou, todas, nas mãos da direita, tradicional ou bolsonarista. A demagogia eleitoral de que toda cidade é importante, ou que não existem diferenças entre elas, não serve para avaliar o desenvolvimento das forças políticas em desenvolvimento, e, neste caso, ao contrário do que diz a imprensa, a polarização está muito viva.
Neste segundo turno o PT disputava a possibilidade de levar mais uma prefeitura nas seguintes cidades:
- Camaçari (BA)
- Caucaia (CE)
- Fortaleza (CE)
- Olinda (PE)
- Natal (RN)
- Pelotas (RS)
- Porto Alegre (RS)
- Santa Maria (RS)
- Diadema (SP)
- Mauá (SP)
- Sumaré (SP)
Além de São Paulo (SP), que não era do PT, mas era o candidato apoiado por PT, o Guilherme Boulos (PSOL).
O Partido dos Trabalhadores, até o momento de fechamento dessa edição (19h), venceu em:
- Camaçari (BA), com Caetano, em uma margem apertadíssima de votação.
- Fortaleza (CE), com Evandro Leitão, em outra margem apertada.
- Mauá (SP), com Marcelo Oliveira, sendo que o outro candidato, Átila (União), estava impugnado.
- Pelotas (RS), com Marroni.
Perdeu em:
- Caucaia (CE), Naumi Amorim (PSD) venceu.
- Natal (RN), Paulinho Freire (União Brasil) levou.
- Porto Alegre (RS), Sebastião Melo (MDB) venceu.
- Diadema (SP), Taka Yamauchi (MDB) venceu.
- Olinda (PE), Mirella (PSD) venceu.
- Santa Maria (RS), Rodrigo Decimo (PSDB) ganhou.
- Sumaré (SP), Henrique do Paraíso (Republicanos) levou.
- São Paulo (SP), Ricardo Nunes (MDB) venceu com larga margem.
Para fins de balanço, é de constar que o PSOL foi atropelado em Petrópolis (RS), na pessoa de Hingo Hammes, do Partido Progressista (PP).
Do total de capitais existentes, o Partido dos Trabalhadores, que por sinal é o partido do presidente da República, ficou apenas com Fortaleza (CE), e isso tendo em consideração que a máquina do governo federal está nas mãos do PT. Ou seja, é um resultado desastroso.
Em 2016, em pleno processo de golpe de Estado, o PT elegeu apenas um candidato à prefeitura de capital, que foi em Rio Branco (AC), já em 2020 nenhuma capital ficou nas mãos do Partido dos Trabalhadores. E, agora, em 2024, com quase dois anos do governo federal de Lula, o PT elegeu prefeito em apenas uma única capital.
Em São Paulo (SP) o desastre do PT foi ainda maior. Ao invés de lançar um candidato próprio, apoiou um candidato falsificado do PSDB, Guilherme Boulos (PSOL), que, a cada dia de campanha, revelava um programa político que quase o tornava igual à Ricardo Nunes (MDB).
As alianças com setores da direita serviram para ajudar a dissolver o Partido dos Trabalhadores, bem como a falta da apresentação de um programa minimamente sério de luta. Não lançar candidatos próprios, também, foi outra política que serviu para fortalecer as derrotas do PT nessas eleições. Não basta a bênção de Lula para um prefeito ser eleito. É preciso alguma vinculação com a luta dos trabalhadores, algum programa de luta sério, para que um candidato tenha o apoio do povo.
É preciso apresentar os dados como eles são: as eleições foram um desastre para a esquerda. Vários dirigentes do PT cantam vitória, que tudo está indo bem, que o partido está se reconstruindo. Mas a realidade das eleições de 2022 mostra a vitória do bolsonarismo e uma enorme chance de vitória desse setor em 2026.