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Eleições 2024

‘Se nós índios não formos à luta, não vamos mudar nada’

Neste artigo, continuamos as entrevistas com os candidatos do Partido da Causa Operária (PCO) nas eleições municipais de 2024 em parceria com o Jornal Causa Operária (JCO)

Neste artigo, continuamos as entrevistas com os candidatos do Partido da Causa Operária (PCO) nas eleições municipais de 2024 em parceria com o Jornal Causa Operária (JCO). Desta vez, falamos com Valderi Garcia, pré-candidato a prefeito em Dourados pelo Partido da Causa Operária (PCO).

Valderi traz como foco de sua campanha a defesa dos direitos dos índios, em especial, os Terena, etnia à qual pertence. Valderi, que atualmente reside na retomada Iwu Vera, em Dourados, compartilhou em entrevista à Causa Operária suas motivações e o que espera alcançar caso seja eleito.

Valderi, que já trabalhou como pedreiro e mecânico, voltou a viver na aldeia após encontrar dificuldades para viver na cidade. “As condições eram ruins, então retornei para a aldeia, onde tenho uma roça de mandioca e iniciei minha atividade política”, explicou o candidato. Foi durante esse período que Valderi conheceu o PCO e decidiu se engajar na política, encontrando no partido uma verdadeira oportunidade para os índios participarem das decisões políticas que afetam suas vidas.

“Vi no PCO um partido que dá a oportunidade para o índio participar da política e que realmente está nas lutas pela melhoria da vida do índio e na luta pela terra”, afirmou Valderi, destacando a importância da luta pela demarcação de terras, uma das bandeiras que pretende defender com vigor.

Valderi destacou que, nas tribos dos índios, faltam recursos básicos, incluindo água potável e apoio para o cultivo de lavouras. “Quero representar meu povo na defesa da demarcação, de melhorias na questão da saúde e educação e na luta por questões básicas, pois até água falta para nós, recursos para plantarmos nossa lavoura e tudo mais”, enfatizou.

Para Valderi, a participação política dos índios e dos trabalhadores é fundamental para promover mudanças significativas. “Se nós índios e os trabalhadores não formos à luta, não vamos mudar nada. Precisamos de um governo do povo trabalhador e dos índios”, declarou, reafirmando seu compromisso de ser a voz dessas comunidades no cenário político.

Confira, abaixo, a entrevista na íntegra:

Qual a importância de uma candidatura indígena para a prefeitura em sua cidade? Dourados é a segunda maior cidade do Mato Grosso do Sul e possui uma das maiores populações de ínios do estado. A Reserva Indígena de Dourados é a mais populosa do País, com mais de 20 mil índios das etnias Guarani-Caiouá e Terena em uma área de 3,5 mil hectares. A cidade tem pouco mais de 200 mil habitantes e os índios representam quase 10% da população e sempre funcionam como massa de manobra, são manipulados pelos políticos não-índios, que vêm até a aldeia pedir voto e não fazem nada depois de eleitos, da mesma forma que fazem contra todo povo trabalhador.

Qual a relação da eleição e a luta que acontece no MS, como a campanha vai estar vinculada a este problema? A proposta é ter candidaturas da luta das retomadas, que são as áreas onde nós índios estamos fazendo a autodemarcação, buscando a resolução dos problemas mais básicos dos índios, e pressionar através da campanha, das entrevistas, a luta pela terra e a organização cada vez maior do movimento dos índios e de todo povo sofrido.

Quais os principais problemas dos índios e da população da sua cidade? Falta tudo. Falta água, falta comida, a moradia é precária e falta terra para trabalhar e fazer agricultura plantando mandioca e um pé de fruta. Além do problema da repressão e violência do latifúndio acobertada pelas autoridades.

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