O Irã se prepara para suas maiores eleições no próximo 1º de março. No entanto, como já era de se esperar, o país continua sendo considerado uma ditadura pelo imperialismo e sua imprensa vendida. Não há escapatória: se um país que não esteja sob o domínio imperialismo não fizer eleições regulares, será seguramente tratado como ditadura. Se fizer eleições, mesmo assim será condenado, acusado de fraude etc.
Neste início de fevereiro, o Conselho Constitucional Iraniano aprovou a participação de 15.200 candidatos para as eleições parlamentares com mandatos de quatro anos. Impressiona a qualificação desses quase 15 mil candidatos, dentre eles entre eles estão 1.100 professores, 250 médicos, 1.700 professores, 400 juízes e 1.713 mulheres.
Há também no Irã uma eleição simultânea: 144 clérigos concorrerão por oitenta e oito cadeiras no Conselho de Líderes, e os eleitos cumprirão um mandato de oito anos. Conforme a constituição iraniana, esse conselho monitora o líder do país e escolhe seu sucessor.
Nessas eleições no Irã, participam 74 partidos nacionais, 31 partidos provinciais e 21 alianças políticas, o que mostra uma grande diversidade de representação política no país. O ministro do Interior, Ahmad Vahidi, disse que o terreno está preparado para uma verdadeira competição entre grupos com gostos e inclinações políticas diversas.
Qassem Soleimani
As últimas eleições parlamentares no Irã ocorreram em 2020, naquele momento o país passava por uma comoção com a morte de Qassem Soleimani, vítima do terrorismo americano.
Segundo a Press Tv, o líder da Revolução Islâmica, aiatolá Ali Khamenei, disse no domingo que todos deveriam participar nas eleições.
“É importante escolher a melhor pessoa, mas a prioridade é que as pessoas participem”, afirmou.
O líder disse que as diferenças políticas não deveriam afetar a unidade nacional da nação iraniana contra os inimigos.
“As eleições são o principal pilar da República Islâmica. A forma de reformar o país são as eleições.”
Ao participar nas eleições, o povo iraniano “transforma todos os tipos de conspirações, sedições e atos terroristas dos inimigos em segurança”, disse o ministro da Inteligência, Esmaeil Khatib, na quinta-feira (22) .
“A sua participação nas eleições produz uma dissuasão sustentável. Nosso querido povo sabe que a participação nas eleições cria segurança”.
Quem é democrático?
Como se pode notar, o Irã é muito mais democrático do que aqueles que se colocam como defensores da democracia mundial.
Hoje, na Europa e nos Estados Unidos, é praticamente proibido se manifestar em favor da Palestina. Há uma verdadeira censura contra tudo o que seja russo, até mesmo artistas e atletas são boicotados ou impedidos de participar de eventos, ou competições.
Julian Assange está preso por possibilitar que o mundo visse os crimes de guerra praticados pelos Estados Unidos no Iraque. O mal de Assange foi ter garantido que o mundo soubesse a verdade.
Nos Estados Unidos, neste exato momento, há uma verdadeira perseguição judicial contra Donald Trump, o franco favorito para vencer as próximas eleições presidenciais. O imperialismo não quer saber se seus oponentes também pertencem à burguesia e são extremamente direitistas, puxam o tapete de quem quer seja.
Trump andou discordando da política econômica dos Estados Unidos, quer tirar dinheiro destinado às guerras e repatriar recursos para tentar salvar a economia doméstica no país, que vai de mal a pior. A dívida pública americana, agora em fevereiro, gira em torno de US$ 34,2 trilhões, o equivalente a 123% do PIB americano.
A dívida americana vem crescendo anualmente, e um dos principais motivos são os gastos militares. A corrupção corre solta no setor militar. Um único drone MQ-9, por exemplo, pode custar US$ 37 milhões, a depender do tipo de armamento que carregue. Bastou Trump esboçar um pequeno descontentamento com esse setor poderoso para ser perseguido pela justiça e pela grande imprensa. Não que Trump seja um revolucionário, pois se trata de um direitista como todos os outros, mas serve como exemplo de como age o imperialismo quando quer defender os interesses do grande capital.
Eleições e ‘eleições’
Existe um certo fetiche na esquerda pequeno-burguesa e na imprensa com relação ao número de eleições. Como se isso, por si, fosse um indicador de democracia.
Muitas críticas ouvimos sobre a longevidade de Fidel Castro no poder, bem como a de Hugo Chávez e Nicolás Maduro. No entanto, os mesmos críticos de nossos vizinhos se calam diante de uma Angela Merkel, que ficou 16 anos no poder, e nem por isso vimos qualquer campanha na grande imprensa para ‘democratizar’ a Alemanha.
As eleições no Irã aparecem como um bom exemplo da atividade política no país, que desde sua revolução, o que contrariou o imperialismo, vem sendo atacado e colocado em um certo “eixo do mal”.
A classe trabalhadora não deve cair na campanha contra as eleições no Irã, pois o país é hoje um dos principais oponentes do imperialismo. Não devemos nos deixar levar pelas mentirar da imprensa burguesa, que apoia todo tipo de ditaduras, como a que está praticando um genocídio em Gaza, mas que chama as vítimas de terroristas.