Na última segunda-feira (1º), Sayid Tenório, vice-presidente do Instituto Brasil Palestina (Ibraspal) e personalidade destacada no ato de apoio à Palestina realizado no último dia 30, foi entrevistado pelos apresentadores Henrique Simonard e João Pimenta, no segundo episódio do KombiCast, que vai ao ar todas as segundas-feiras a partir das 19h na Causa Operária TV. Importante saber que além do canal no YouTube, a COTV transmite diretamente do seu sítio e também pela rede social X (o antigo Twitter).
Tenório contou sobre seu envolvimento com a causa palestina, remetendo à sua adolescência, em grupos de jovens na Igreja Católica ligados à Teologia da Libertação. Essa corrente procurou dar atenção mais ativa à situação política e social dos povos oprimidos. Ele cita o episódio do massacre de Sabra e Chatila em 1982 como um evento que o marcou profundamente, assim como a primeira Intifada.
“A Intifada teve mais repercussão porque teve confrontos, enfrentamentos… e durou muito tempo. O massacre de Sabra e Chatila durou três dias, a Intifada de 1987 durou quase cinco anos”, diz.
Após se tornar historiador, passou a investigar com profundidade as questões do Oriente Médio, o que o levou a participar da criação do Ibraspal em 2016 e intensificar o trabalho de apoio ao povo palestino. Sayid cita seu livro “Palestina: do mito da terra prometida à terra da resistência” como um dos esforços em divulgar a realidade do que acontece na região: “é uma ocupação, é um massacre, é um processo de limpeza étnica e de apartheid que se arrasta já por 76 anos”.
Tenório explicou sua conversão ao islamismo xiita e procurou desmistificar a relação estabelecida pela imprensa burguesa entre os xiitas e um suposto radicalismo religioso. Relatou como essa experiência religiosa o aproximou ainda mais da luta palestina.
Antissemitismo X Antissionismo
Questionado sobre a associação feita pelos sionistas entre o antissionismo e o antissemitismo, Sayid Tenório foi direto: “Quem é contra o sionismo não é contra a religião judaica”. Ele explica que o movimento sionista foi fundado em 1897, na Suíça, por pessoas que na sua imensa maioria jamais haviam sequer pisado alguma vez na Palestina. Ele cita o slogan criado pelo movimento, que dizia “uma terra sem povo para um povo sem terra”, que seria o Estado judeu, onde eles poderiam estar livres da perseguição religiosa que sofriam em algumas regiões da Europa.
Sayid critica a atuação do embaixador brasileiro Oswaldo Aranha na sessão da ONU que chancelou a criação de Israel: “foi um fantoche, uma marionete do imperialismo sionista (…) que contrariou a orientação da diplomacia brasileira, do Itamaraty, (…) a orientação do Brasil era pela abstenção”. Ainda acrescentou que “além de votar favoravelmente, ele manipulou a assembleia para que o plano de partilha fosse aprovado”.
Esse foi o ponto de partida para a expansão territorialista do movimento sionista, que se apoiou na propaganda internacional em torno do antissemitismo. Qualquer crítica às ações do recém criado Estado de Israel passavam a ser classificadas como uma negação à existência dos judeus. Sayid destaca, no entanto, que “semitas são os árabes, são os originários das três religiões monoteístas; o judaísmo, que é mais antigo, o cristianismo e o islamismo, mas nem todo judeu é semita”. Explicando que os judeus que criaram Israel nem são originários da Palestina, mas principalmente do leste europeu e da Península Ibérica.
Assista na íntegra e não perca os próximos episódios
Sayid Tenório terminou com um convite a todos que queiram atuar na defesa do povo palestino: “Você que defende a Palestina, você que quer defender a Palestina, seja bem-vindo, é uma honra defender a Palestina, eu me sinto orgulhoso de não sendo palestino defender a Palestina, eu sou palestino de coração e acho que toda pessoa, todo ser humano, que defende justiça e direitos é um palestino”.
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