Leste Europeu

Rússia deixa Ucrânia no escuro em meio a escalada

A atuação da OTAN, frente à crise, ameaça jogar o planeta numa guerra nuclear

Nesta semana, veio à tona um relatório apresentando que o presidente dos norte-americano Joe Biden autorizou a Ucrânia a utilizar armas de longo alcance para atacar alvos na Rússia. A decisão foi confirmada pelo Secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken. O relatório ainda afirma que um número maior de restrições dos EUA ao uso de determinadas armas pode ser liberado em um futuro próximo.

Ao jornal Politico, contudo, fontes próximas a Vladimir Zelenski, o presidente fantoche da Ucrânia, afirmaram que “há frustração em Quieve” a respeito das restrições. A aprovação do uso de armas de longo alcance se deu apenas em Carcóvia, enquanto Zelenski esperava uma liberação mais ampla. Ainda de acordo com o órgão imperialista, a mudança de política, que aumentará a tensão direta entre os EUA e a Rússia, ocorreu por medo do governo norte-americano de que a Rússia capture Carcóvia, segunda maior cidade da Ucrânia, por completo.

O porta-voz do Crêmlin, Dmitry Peskov, denunciou a posição dos EUA sobre ataques contra território russo como “irresponsável”, e avisou que isso pode levar a uma grande escalada da guerra. O representante ainda declarou que Quieve já vinha atacando posições no território russo com armas norte-americanas, mesmo sem a aprovação de Washington.

Frente aos ataques a posições fronteiriças da Rússia, que atingiram civis e parte de sua infraestrutura, o presidente Vladimir Putin declarou que Moscou estabeleceria um cordão sanitário em áreas controladas pela Ucrânia para prevenir a continuidade dos ataques. Em maio, ele explicou que a ofensiva em Carcóvia não visa capturar a cidade, mas sim criar essa zona de segurança.

Nova frente, nova crise

Segundo o analista militar Scott Ritter, em artigo publicado neste sábado, 1 de junho:

“Em primeiro lugar, ao atacar o norte de Carcóvia, Moscou compeliu Quieve a comprometer não apenas o restante de suas reservas estratégicas móveis em resposta, mas, uma vez que essas forças são inadequadas, forçou a Ucrânia a desmembrar unidades na linha de contato ao leste, em Quérson, Zaporíjia e Donbas, e desviá-las para a direção de Carcóvia. O esgotamento das reservas é parte da estratégia geral russa de atrito. Ademais, conforme essas forças são desviadas para a região de Carcóvia, elas estão sendo interditadas por ataques aéreos, de mísseis, e drones russos, erodindo ainda mais seu poder de combate. O resultado é que a Ucrânia agora está defendendo uma linha de defesa maior com ainda menos forças do que começou”.

E complementa: “Não se deve esperar que os esforços russos parem na direção de Carcóvia. Relatórios indicam que Moscou está acumulando forças significativas próximo à cidade ucraniana de Sume”.

A Rússia, segundo Vladimir Zelenski, realizou operações de “sabotagem e reconhecimento” na região norte da fronteira, de Sume e Chernigov, e incrementou o bombardeio de ambas as regiões. O porta-voz do Serviço de Guarda de Fronteira da Ucrânia, Andrii Demchenko, afirmou que o exército russo concentrou três batalhões de grupos táticos próximo a essas regiões.

A defesa ucraniana estava completamente despreparada para a ofensiva. Denys Yaroslavskyi, comandante da Unidade Especial de Reconhecimento da Ucrânia, que participou de uma ofensiva ucraniana em outono de 2022 em Carcóvia, declarou à emissora britânica BBC, sobre o recente avanço russo, que “não havia uma primeira linha de defesa”.

“Nós vimos. Os russos simplesmente entraram caminhando. Eles só caminharam, sem quaisquer campos minados”.

Yaroslavskyi mostrou o vídeo de um drone ao jornalista da BBC, em que pequenas colunas de tropas russas podiam ser vistas atravessando a fronteira a pé, sem oposição. Segundo ele, representantes do governo afirmaram que defesas estavam sendo construídas com grande custo, mas essas defesas não estavam lá. “Foi ou um ato de negligência, ou corrupção. Isso não foi uma falha. Foi uma traição”, declarou.

De acordo com o general Kyrylo Budanov, chefe da agência de inteligência militar da Ucrânia, em chamada de vídeo de uma fortificação em Carcóvia ao The New York Times:

“A situação está no limite. A cada hora esta situação se desenvolve rumo a um ponto crítico”.

Escalada nuclear

Na sexta-feira, 31 de maio, o ex-presidente e atual vice-chefe do Conselho de Segurança da Rússia, Dmitri Medvedev, declarou que a concessão de armas de longo alcance à Ucrânia para atacar a Rússia “não é um tipo de ‘ajuda militar, é tomar parte na guerra contra nós'”.

“Isso não é intimidação ou um blefe nuclear. O atual conflito militar com o Ocidente está se desenvolvendo de acordo com o pior cenário possível. O poder das armas aplicadas feitas pela OTAN está escalando constantemente. É por isso que hoje ninguém pode excluir a transição do conflito a seu estágio final”.

Medvedev alertou que a OTAN arrisca um erro de cálculo sobre as chances de armas nucleares serem empregadas, assim como falhou em prever a operação russa na Ucrânia.

Ucrânia no escuro?

Em comunicado deste sábado, o Ministério da Defesa da Rússia declarou ter realizado uma série de ataques de longo alcance contra a infraestrutura de energia e depósitos de armamento providenciado pela OTAN na Ucrânia. A operação foi uma resposta a tentativas de Quieve de alvejar parte da infraestrutura de energia e de transportes russa. Segundo o Ministério, “o objetivo do ataque foi cumprido. Todos os alvos pretendidos foram atingidos”.

Nas últimas semanas, a Ucrânia tentou atacar uma série de plantas de processamento de petróleo em várias regiões da Rússia. O Ministro da Defesa russo, Andrey Belousov, afirmou ainda na sexta-feira (30) que um dos ataques se dirigia à ponte da Crimeia, mas todos os projéteis foram derrubados por defesas antiaéreas, de acordo com ele. 

Autoridades ucranianas confirmaram os ataques russos. A Ukrenergo, operadora nacional de rede elétrica, declarou que instalações de energia em cinco regiões foram atingidas.

Na região ocidental de Lviv, representantes ucranianos afirmaram que seis mísseis russos atingiram três instalações de energia, mas que não houve vítimas. Além disso, o veículo Strana compartilhou um vídeo que mostra uma forte explosão em Stryi, também na região de Lviv, e destacou que a cidade é sede de uma grande instalação de armazenamento de gás e de um aeroporto militar.

A companhia ucraniana DTEK admitiu que duas de suas termelétricas foram seriamente danificadas, sem especificar sua localização.

A Rússia vem realizando repetidos ataques contra a rede de energia da Ucrânia nas últimas semanas, o que tem gerado apagões no país. Ao passo em que Quieve pede à população que conserve energia, Moscou destacou repetidamente que seus ataques visam apenas as instalações ucranianas que dão apoio a operações militares, e não a população civil.

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