Rui Costa Pimenta, presidente nacional do Partido da Causa Operária (PCO), participou de mais uma entrevista com Leonardo Attuch na TV247, no YouTube. Desta vez, analisou problemas como a formação do governo Trump, o movimento 6×1 e o homem que se suicidou em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Donald Trump está preenchendo os cargos para formar seu governo, e alguns nomes estão causando certa estranheza. Alguns analistas afirmam, inclusive, que o presidente eleito já está cedendo para o chamado “Estado profundo”. Rui Pimenta comentou:
“Acho difícil tirarmos uma conclusão pelo que vimos. Mas, genericamente, acho que existe uma tendência de choque com o chamado ‘Estado profundo’ em algumas questões, não em todas, e existe uma tendência de compromisso. Esse Marco Rubio, por exemplo, expressa uma tendência de compromisso. Outros nomes, se não me engano a pessoa que foi designada para a CIA, para a inteligência, esses setores aí indicam uma tendência do Trump de cortar as asas de seus inimigos políticos dentro do Estado norte-americano. É uma no cravo e outra na ferradura. Temos que ver o que vai predominar no andar da carruagem.”
Falando sobre Rubio, completou:
“Marco Rubio é um homem do Tea Party, mas é considerado uma extrema direita compatível, vamos dizer assim. Não é um trumpista, acho que [a indicação] é uma forma de compromisso. A política externa norte-americana é o ponto mais sensível do imperialismo. Então, ele indicou uma pessoa de compromisso, vamos ver como ele vai se comportar, como vai ser o relacionamento dele com o Trump.”
América Latina
Sobre a avaliação de que Trump será mais agressivo em relação à América Latina, Pimenta afirmou que:
“Muita gente fala que a política do Trump tem a tendência de ser mais agressiva na América Latina do que fora daqui. Isso é algo que teremos que ver porque, o que vimos no primeiro mandato do Trump, foi que ele patrocinou, aparentemente, o golpe na Bolívia e foi agressivo com a Venezuela. O caso Guaidó é uma obra dele. Mas, é difícil de dizer porque, num certo sentido, os Democratas foram até mais agressivos, patrocinaram vários golpes de Estado. Então me dá a impressão de que o Trump atua com interesses definidos, com interesses localizados, específicos, e não com uma política geral para a América Latina. Vamos ver como a coisa vai andar para ver como isso se confirma.”
Rui Costa Pimenta também considerou que “a única coisa que medida mais de força que ele tomou de fato foi com a Bolívia”. Ele afirmou, no entanto, suspeitar que isso não seja uma “política geral”, mas sim resultado de interesses mais imediatos, mais específicos. No caso da Bolívia, controlar o lítio boliviano.
Anistia a Bolsonaro
Sobre a possibilidade de Bolsonaro conseguir ou não uma anistia para concorrer às eleições de 2026, Pimenta disse:
“Acho que há uma tendência da burguesia em direção ao Bolsonaro. Até porque eles não têm muita alternativa. Infelizmente para eles, o País está polarizado entre Lula e Bolsonaro, entre PT e Bolsonaro. O candidato que o Lula apoiar é competitivo – às vezes não, se fizer uma escolha muito ruim. E nenhum candidato de direita pode existir sem o apoio do Bolsonaro. Acho que a composição da burguesia com o Bolsonaro é uma coisa natural. O Lula está fazendo um esforço muito grande na economia para ser uma pessoa palatável para o que se chama de ‘mercado’. Mas eu não acho que esse tipo de operação vai dar certo a não ser em circunstâncias muito excepcionais. Porque o mercado quer um homem do mercado, não é o Lula. Eles podem ir com o Lula, nesse momento, por exemplo, eles estão achando que o Lula está fazendo tudo corretamente para eles, mas não quer dizer que eles prefiram o Lula porque o Lula é uma pessoa imprevisível pra eles.”
Escala 6×1
Além de ter analisado o que ocorreu em Brasília na última quarta-feira (13), outro assunto muito importante, e que contou com grande participação da audiência, foi a questão da campanha pelo fim da escala 6×1. Com os argumentos levantados por Rui Costa Pimenta, os espectadores afirmaram começar a perceber que se trata de uma armadilha.
Rui Pimenta começou dizendo que “é preciso tomar muito cuidado com esse movimento”. Ele explica que, segundo a PEC, o trabalhador imaginaria que vai ficar com os finais de semana livres. No entanto, Pimenta esclarece:
“Não é isso que eles estão propondo, eu li o projeto. Primeiro, o projeto não faz sentido nenhum, propõe uma escala 4×3, o projeto não fala nada do salário. Então, se você vai reduzir a jornada, mas não vai garantir que o salário vai permanecer estável, isso daí é um perigo.”
Outros pontos importantes levantados por Rui Pimenta é que esse movimento “é uma tábua de salvação para as empresas capitalistas grandes porque nós vivemos em uma economia mundial que está cada vez pior”.
“Pode ver que qualquer empresa grande não tem demanda regular porque o mercado é um mercado instável. (…) A empresa, ora fica dias sem nada que fazer, e depois entra em uma política intensa de produção. (…) Então, se você tem uma jornada de quatro dias por três, o que vai acontecer, é que as empresas vão elaborar uma espécie de banco de horas institucional. (…). O que estou levantando aqui não é uma mera suspeita porque essa politica é uma política empresarial, isso aí veio dos Estados Unidos existe um movimento que se chama ‘semana de quatro dias de trabalho’ e é uma coisa que várias empresas estão tentando adotar”, afirmou.
No final, Rui Costa Pimenta convocou a todos para participarem do ato em defesa da Palestina que ocorrerá no dia 18 de novembro, no Rio de Janeiro, às 10h, na Cinelândia. Mesmo dia da abertura da Cúpula do G20.
Assista à última participação de Rui Costa Pimenta na TV247 por meio do link abaixo: