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Rádio Causa Operária

Rui Costa Pimenta fala sobre movimento contra jornada 6×1

Presidente nacional do PCO destacou que dificilmente tal proposta seria aprovada no Congresso

No programa Análise da 3ª, transmitido pela Rádio Causa Operária, o presidente do Partido da Causa Operária (PCO), Rui Costa Pimenta, analisou a recente proposta de emenda à Constituição (PEC) que visa reduzir a jornada semanal de trabalho de 44 para 36 horas e eliminar a escala 6×1, que impõe seis dias consecutivos de trabalho para um dia de descanso.

Para Rui Pimenta, embora a reivindicação seja válida, o movimento em si suscita desconfiança. Ele iniciou sua análise destacando a ascensão do movimento Vida Além do Trabalho (VAT), liderado pelo vereador Rick Azevedo (PSOL-RJ), que usou a causa para se promover, algo que, segundo Pimenta, reflete mais uma estratégia publicitária do que uma luta genuína da classe trabalhadora.

“É uma pauta legítima, claro, todos têm o direito de lutar por uma jornada mais digna. Mas o que chama atenção é a forma como essa questão ganhou espaço. Estamos vendo a pauta ser impulsionada por um setor que, até então, não demonstrava preocupação real com os trabalhadores”, afirmou Rui, questionando as motivações do PSOL e de outros envolvidos.

Ele apontou para o apoio de figuras de direita e de setores da grande imprensa como um elemento suspeito: “é curioso ver setores da direita e até da Globo apoiando. Se eles apoiam, isso já levanta uma bandeira de que há algo por trás”, disse Rui, acrescentando que a Rede Globo, por exemplo, dificilmente daria voz a um movimento que realmente desafie os interesses patronais. “Se a Globo está apoiando, é porque, na visão deles, isso não vai dar em nada ou, pior, serve para promover determinadas figuras políticas que cumprem um papel de fachada, de fazer parecer que estão ao lado do trabalhador quando, na realidade, não estão”, complementou.

Rui Pimenta também lembrou que o atual Congresso é dominado pela burguesia, o que torna extremamente improvável que essa reivindicação avance sem uma mobilização popular significativa. Esse Congresso patronal dificilmente aprovará algo que significa uma vitória econômica para o trabalhador. Se isso passar, representa um aumento salarial indireto, um ganho de um dia livre a cada seis de trabalho, e não há qualquer indício de que essa classe política esteja disposta a conceder isso sem uma luta forte”, argumentou.

Para ele, a ausência de mobilização por parte das centrais sindicais, como a CUT, evidencia ainda mais o caráter superficial da proposta. Rui criticou duramente a falta de engajamento sindical na questão:

“Uma luta dessas não se faz com assinaturas e apoio de internet. A mobilização da classe trabalhadora, em escala nacional, precisa ser encabeçada pelos sindicatos e centrais sindicais, que até agora parecem distantes dessa questão. Sem o apoio dos sindicatos, a PEC não passa de uma proposta vazia.”

Pimenta também comparou essa situação à Emenda Dante de Oliveira, nos anos 80, que propôs eleições diretas no Brasil em plena ditadura militar. “Naquela época, também sabíamos que o Congresso da ditadura não aprovaria eleições diretas, mas apoiamos as mobilizações nas ruas, sem ilusões de que uma emenda seria suficiente para derrubar a ditadura”, explicou Rui. “Aqui é parecido. Não é possível acreditar que uma emenda isolada será capaz de vencer a resistência do patronato e implementar a redução da jornada de trabalho sem que haja uma mobilização de fato nas ruas”.

Sobre Érika Hilton e Rick Azevedo, ambos do PSOL, Rui Pimenta destacou que o partido tem uma história de priorizar pautas identitárias em detrimento de questões econômicas reais da classe trabalhadora”. Ele comentou: “Érika Hilton é uma figura muito associada ao identitarismo. Seria curioso pensar que, de repente, ela passou a se preocupar com os trabalhadores e com a jornada de trabalho. Esse tipo de preocupação não é característica do PSOL, que costuma levantar outras bandeiras”, afirmou Pimenta, questionando se o envolvimento dela e de Azevedo seria realmente motivado por um compromisso com os trabalhadores ou por uma tentativa de promoção pessoal.

Ele também apontou para o fato de que, apesar de setores da direita, como o deputado Rubinho Nunes (MBL), se colocarem contra a PEC e promoverem um discurso “liberal e canalha”, a reação desses grupos também ajuda a alimentar a ideia de que a proposta é genuinamente pró-trabalhador. Segundo ele, isso também é um “truque conveniente” para o PSOL. “Esses liberais têm usado aquele argumento típico: ‘não está feliz, arruma outro emprego’. Esse discurso é, sem dúvida, reacionário, mas não transforma essa proposta do PSOL em uma verdadeira luta da classe trabalhadora. Eles usam a rejeição da direita como uma estratégia para parecerem do lado do povo, mas a realidade é outra”, afirmou Rui.

No fechamento, Rui resumiu sua posição:

“Somos a favor da luta pelo fim da escala 6×1 e pela jornada de quatro dias, sim. Essa é uma pauta histórica da classe trabalhadora. Mas também não vamos nos iludir: não é com uma assinatura no Congresso ou com uma campanha online que isso será conquistado. O trabalhador precisa saber que essa luta, se for séria, será árdua, enfrentará forte resistência, e não contará com apoio de quem está no Congresso apenas para fazer marketing.”

Rui Pimenta deixa claro que, embora apoie a reivindicação, é contrário ao movimento VAT e vê a PEC como algo vazio, sem a força necessária para fazer uma verdadeira diferença, se limitando a promover figuras políticas sem compromisso real com a luta dos trabalhadores.

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