No Rio Grande do Sul, a maior tragédia já registrada nos dá a compreensão da dicotomia entre o aparato repressivo do Estado e a ação humanitária dos voluntários do SUS. Enquanto a Força Nacional atua na manutenção da ordem e na segurança pública, os profissionais da Força Nacional do SUS, mobilizados voluntariamente, oferecem cuidados essenciais em saúde, desde atendimentos médicos até suporte psicológico.
Essa situação expõe as diferentes funções desempenhadas por esses grupos em uma sociedade marcada pelas atrocidades das forças de repressão brasileiras e da necessidade de assistência social, questionando as prioridades e o papel do Estado na resposta a crises humanitárias. No quadro de catástrofe do estado, o governador Eduardo Leite (PSDB) optou por reforçar a presença da Força Nacional, uma medida claramente repressiva, parte de uma estratégia de intimidação e coação da população.
Essa medida, frequentemente utilizada para manter a ordem capitalista sob controle da tragédia, serve tão somente para prevenir possíveis revoltas da população que enfrenta condições precárias e desamparo. As enchentes, que devastaram a região desde o final de abril, resultaram na destruição de residências, comércios e dois terços da infraestrutura do estado sulista.
Em resposta, a Força Nacional do SUS, composta por voluntários, mobilizou pouco mais de 500 profissionais, entre médicos, enfermeiros, técnicos e farmacêuticos para cuidar da população em situação de risco e vulnerabilidade. Um número muito aquém das dezenas de milhares de profissionais do cadastro.
Esses profissionais têm prestado serviços essenciais, como atendimentos médicos e suporte psicológico, demonstrando um compromisso com a saúde e o bem-estar das vítimas e incorrem em pouco menos de 20 milhões atendimentos desde seu recrutamento, em comparação ao mais de 1000 agentes da Força Nacional que realizaram menos de 8 mil auxílios notificados que foram em sua maioria auxílios de tipo geral.
A decisão de Leite de solicitar a continuidade da Força Nacional, além de garantir a manutenção da ordem, aparece como uma tentativa de evitar que a população, já sofrendo com a falta de recursos em assistência adequada, se mobilize contra o governo estadual. A discrepância entre a ação repressiva e a solidariedade voluntária revela uma política que prioriza a contenção de crises sociais sobre a resolução das necessidades básicas dos cidadãos afetados.
O governo do estado é responsável por fornecer suporte às operações da Força Nacional, mas não se dedica minimamente a atender as necessidades populares decorrentes das enchentes no RS. Essa situação levanta a questão social das pessoas em situação de risco sobre a disposição de recursos e a responsabilidade do governo Eduardo Leite em garantir não apenas a seguridade, mas também o bem-estar integral da população, outra vez que a quantidade de atingidos supera 2 milhões de vítimas.
Em tempos de crise, a prioridade da ação governamental deveria ser estender à proteção e cuidado das vidas afetadas, algo que a mobilização voluntária do SUS tem exemplificado, ainda que ocorra da limitada infraestrutura e suporte, mas passa longe da política de Leite e dos demais governantes municipais.