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Mato Grosso do Sul

Riedel e Guajajara fecham acordo de 80 mi; índios fecham a BR

Em resposta ao descaso do governo federal e estadual, índios do MS intensificam suas manifestações

Na última terça-feira (26/11), foi ao ar mais uma edição do Programa de Índio no canal Lives da COTV. Nesta ocasião os companheiros Marcelo Batarce, Camilo Duarte e Josiel Machado discutiram a crise de abastecimento de água nas aldeias indígenas do Mato Grosso do Sul, especialmente em Dourados e Amamba, as terríveis situações vividas nas aldeias e o descaso hipócrita do Ministério dos Povos Indígenas da ministra Sônia Guajajara e do governo estadual de Riedel, em geral.

Abordando o problema da falta de água, os apresentadores criticaram duramente a atuação do governo. Foi discutindo o impacto do acordo firmado com a Itaipu Binacional, que promete investimentos milionários, mas não apresentando soluções reais para as aldeias mais afetadas, apontando como embora as promessas incluam projetos como o “Água para Todos”, não há nenhuma ação concreta, com, por exemplo, a cidade de Dourados, que abriga as aldeias mais populosas do Brasil, não estando no plano de investimento, apesar da situação precária, o que, em um plano sério, nunca poderia ser explicado.

“Como que pode? É uma aldeia dessa, com falta d’água, a aldeia mais populosa do país. Aí você tem um recurso de 100 milhões que, na propaganda deles, é pra resolver o problema da água. Como que não tá Dourados? Tem alguma coisa errada nisso tudo.”

Josiel Machado denunciou como o governo federal, apesar de ostentar o discurso de inclusão, tem priorizado alianças com partidos de direita e abandonado as bases que deveriam ser beneficiadas por sua política, colocando que: “Aqui em Amambai também não é diferente de Dourados, né? Muitas pessoas pensam em ter a sua autonomia e tudo mais, mas uma coisa básica de água, né? Não tendo no território, não há como produzir nada”.

Foi denunciado também atuação da Funai e de outros órgãos responsáveis, que reconhecem sua incapacidade de agir: “A própria Coordenadoria da Funai se diz sem forças pra resolver essa situação. […] Quer dizer, sem mobilização, eles não são ouvidos enquanto Coordenadoria”, apontou Marcelo, que também destacou como os partidos de esquerda muitas vezes preferem tratar os indígenas como símbolos de preservação ambiental, ignorando problemas reais, como o acesso à as mais básicas coisas. “A esquerda trata muito a questão indígena como uma questão de cultural, de tradicionalidade, de dança, de defesa do meio ambiente. […] Mas o índio real, verdadeiro, nem água tem para beber. Essa é a pauta do índio”.

Batarce ainda ressaltou que essa abordagem seletiva da esquerda abre espaço para que políticos de direita ocupem o vácuo e se apresentem como “defensores” das comunidades indígenas, mesmo sem oferecer soluções reais, como ele mesmo já viu acontecer.

Dado descaso do governo com a situação das aldeias, os próprios índios resolveram se organizar para levar suas reinvidicações adiante, bloqueando as rodovias na região de Dourados e Amambai como formas de protesto pelo descaso sofrido e a falta de água, com essa não sendo uma manifestação isolada mas sim parte de uma sequência que já ocorrem há meses, com demandas específicas que continuam sem resposta. É exigido ações concretas, como o início das obras de perfuração de poços artesianos e a implementação de uma solução de abastecimento contínuo de água potável para as aldeias.

Josiel Machado comentou que, caso o problema não seja resolvido, os índios planejam intensificar os protestos: “Caso se não tiver (respostas), eu estou acompanhando nas articulações que o pessoal ia fazer um fechamento de BR geral, ao nível de Mato Grosso do Sul“.

Confira, abaixo, o programa na íntegra:

Riedel e Guajajara fecham acordo de 80 mi e índios fecham a BR - Programa de Índio nº 175 - 26/11/24

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