Beirute

Resistência apresenta programa laico e democrático para Palestina

Declaração publicada no dia 28 de dezembro é o resultado do encontro de representantes de Hamas, Jiade Islâmica, FPLP, FDLP e FPLP - CG

No dia 28 de dezembro, reuniram-se, na capital libanesa, Beirute, representante das cinco organizações da luta armada palestina: Movimento de Resistência Islâmica (Hamas), Jiade Islâmica, Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP), Frente Democrática para a Libertação da Palestina (FDLP) e Frente Popular para a Libertação da Palestina – Comando Geral (FPLP – CG).

O texto começa elogiando a “heroica firmeza de nosso povo nas terras ocupadas”, afirmando que o povo palestino está, neste momento, lutando de armas na mão contra a ocupação sionista. A declaração segue então afirmando que a Operação Dilúvio Al-Aqsa teria sido “um ponto de virada histórico, abalando a situação internacional”.

Em um dos momentos mais marcantes do texto, os participantes criticaram indiretamente a Autoridade Palestina, hoje dirigida pela Fatá e que atua como um governo fantoche de “Israel” na Cisjordânia. Diz o comunicado:

“A eventual diminuição do interesse registrada no passado não se deve a uma queda em seu status no mapa político da região, mas sim à liderança oficial, que baseou seus cálculos apostando no projeto norte-americano de ‘solução de dois Estados’ e no projeto de ‘entendimento’ com a ocupação sionista, simbolizado nos ‘Acordos de Oslo’. Firmados em 1993, os Acordos de Oslo encerram a Primeira Intifada, um grande movimento de massas contra “Israel”, marcando, assim, a total incapacidade da Fatá dirigir a luta contra a ocupação sionista.

Cabe destacar, ainda, que, na medida em que as forças de resistência classificam a “solução de dois Estados” como um “projeto norte-americano”, elas estão defendendo, como política, o mesmo que os marxistas defendem para a Palestina: o fim do Estado de “Israel”.

Também merece atenção o fato de que, para os participantes da reunião em Beirute, o programa político a ser defendido no momento é um programa tipicamente democrático, que nada tem a ver com as acusações caluniosas de que o Hamas visaria um “Estado fundamentalista”. As forças de resistência palestina propõem “convocar uma reunião nacional abrangente que inclua todas as partes sem exceção para implementar o que foi acordado em diálogos palestinos anteriores e enfrentar as consequências da brutal guerra contra nosso povo na Faixa de Gaza e os ataques bárbaros por gangues de colonos e forças de ocupação, bem como projetos de assentamento e anexação na Cisjordânia, especialmente em Jerusalém”. Além disso, se comprometem a “desenvolver e fortalecer o sistema político palestino com base em fundamentos democráticos, por meio de eleições gerais (presidenciais, legislativas e conselho nacional), de acordo com um sistema de representação proporcional completo, em eleições livres, justas, transparentes e democráticas, com a participação de todos, reconstruindo assim as relações internas sobre os fundamentos e princípios da coalizão nacional e parceria nacional genuína”.

Veja abaixo a declaração completa:

Declaração conjunto das forças de resistência palestina

As lideranças das forças de resistência palestina realizaram uma reunião consultiva em Beirute, onde discutiram os desenvolvimentos da Operação Dilúvio Al-Aqsa em meio à contínua agressão sionista contra nossa terra, nosso povo e nossos locais sagrados, especialmente na Faixa de Gaza, na Cisjordânia palestina e em Jerusalém. A reunião chegou aos seguintes resultados:

Primeiro: Com todo orgulho e honra, os participantes elogiaram a heroica firmeza de nosso povo nas terras ocupadas, especialmente a lendária firmeza de nosso povo na Faixa de Gaza, onde nossas crianças, mulheres e todo o nosso povo, de peitos descobertos, enfrentam os atos brutais do inimigo “israelense”, que escolheu como alvos abrigos para deslocados, casas, mesquitas, igrejas, escolas, hospitais e instalações de infraestrutura em geral, como parte da implementação de uma política genocida e de terra arrasada contra nosso povo aguerrido, que frustrou firmemente o projeto de deslocamento em massa para os vizinhos árabes, que visava o esvaziamento da Faixa de Gaza, anexando-a Estado de ocupação e assassinato em massa. Este plano visa claramente extinguir causa nacional palestina e liquidar os legítimos direitos nacionais de nosso povo, isto é. estabelecer o Estado palestino independente com Jerusalém como sua capital e garantir o direito de retorno dos refugiados de nosso povo às suas casas e propriedades, conforme a Resolução 194, em contraste com a anexação de territórios ocupados na guerra agressiva de 1967 e o estabelecimento da “Grande Israel” às custas de nosso projeto nacional, da identidade de nosso povo e de seu direito à soberania sobre sua terra e ao estabelecimento de seu Estado independente com Jerusalém como sua capital.

Segundo: Os participantes destacaram as ações heroicas da brava resistência nas terras palestinas ocupadas em geral e na Faixa de Gaza em particular. Eles elogiaram sua capacidade de frustrar os objetivos do inimigo, demonstrando sua incompetência e fragilidade de suas forças no campo. Eles também elogiaram a unidade de luta de todas as alas militares das forças de resistência, conforme manifestado no campo de batalha na criatividade, nas táticas inteligentes e nas ações que excederam as expectativas, numa extensão da batalha estratégica da Operação Dilúvio Al-Aqsa, que tornou 7 de outubro de 2023 um ponto de virada histórico, abalando a situação internacional. Isso reafirma que a causa palestina ainda é e permanecerá a questão central no nível regional, e que a eventual diminuição do interesse registrada no passado não se deve a uma queda em seu status no mapa político da região, mas sim à liderança oficial, que baseou seus cálculos apostando no projeto norte-americano de “solução de dois Estados” e no projeto de “entendimento” com a ocupação sionista, simbolizado nos “Acordos de Oslo”.

Neste contexto, os participantes afirmam sua determinação em continuar a resistência no campo e em outros fóruns, até que a brutal guerra contra nosso povo cesse e a agressão seja repelida da Faixa.

Terceiro: Os participantes afirmaram que as tarefas de combate e luta diretas e imediatas a serem alcançadas são as seguintes:

  1. Cessação imediata da guerra de genocídio, terra arrasada e limpeza étnica pelo inimigo “israelense” na Faixa de Gaza.
  2. Fim do cerco à Faixa de Gaza, começando com o fornecimento de todas as necessidades de vida para nosso povo e, simultaneamente, a reconstrução das instituições e instalações de infraestrutura. Isso inclui fornecer os suprimentos necessários para reativar o sistema médico, que está quase entrando em colapso sob os atos bárbaros da agressão “israelense”, e transferir casos graves de ferimentos da Faixa de Gaza para tratamento no exterior, em países irmãos e amigos.
  3. Compromisso árabe, islâmico e internacional com a reconstrução da Faixa de Gaza e requisição de países irmãos e amigos, bem como organizações internacionais e regionais, principalmente a Liga Árabe, a Organização para a Cooperação Islâmica e a Organização das Nações Unidas, para lançar uma iniciativa internacional para reconstruir o que a ocupação e a agressão bárbara destruíram na Faixa de Gaza, e trabalhar seriamente para devolver a vida às cidades da Faixa, fornecendo as bases necessárias para fortalecer a firmeza de nosso povo e sua aderência à sua terra, como uma recompensa mínima pelos sacrifícios lendários que surpreenderam o mundo inteiro.

Quarto: Os participantes enfatizaram sua condenação e rejeição dos cenários de círculos ocidentais e “israelenses” para o chamado “dia seguinte” em Gaza. Eles confirmaram que esses cenários, rejeitados tanto em detalhes quanto em geral, são apenas apostas na tentativa fracassada de quebrar a firmeza de nosso povo e de nossa valente resistência; são meros devaneios que não se realizarão agora nem no futuro, especialmente após os sinais da derrota do inimigo começarem a aparecer, em seu reconhecimento explícito de suas mortes e ferimentos pelas mãos de nossa resistência e sua retirada forçada da parte mais significativa de suas forças, após a vergonha que sofreu no campo pelas mãos de nossos heróicos combatentes da resistência no campo.

Os participantes afirmam que nosso movimento nacional e nossa brava resistência possuem um vasto estoque de luta, intelectual e político, que os qualifica para rejeitar todos os projetos e cenários apresentados como uma “solução” para a causa de Gaza, pois não há uma causa separada para a Faixa, outra para a Cisjordânia e outra para Jerusalém.

A causa palestina é a causa de toda a Palestina: terra, povo, direitos, futuro e destino. A solução para a causa só pode ser alcançada através da saída da ocupação e de todas as formas de assentamentos, pavimentando o caminho para nosso povo determinar seu destino nacional em sua terra.

Quinto: Os participantes concordaram sobre a necessidade de enfrentar as consequências da guerra bárbara contra nosso povo com uma luta estratégica e combativa unificada, reintroduzindo nossa causa como uma causa de libertação nacional para um povo sob ocupação. Neste contexto, propõem as seguintes sugestões a todas as partes do movimento nacional palestino e seus componentes:

  1. Convocar uma reunião nacional abrangente que inclua todas as partes sem exceção para implementar o que foi acordado em diálogos palestinos anteriores e enfrentar as consequências da brutal guerra contra nosso povo na Faixa de Gaza e os ataques bárbaros por gangues de colonos e forças de ocupação, bem como projetos de assentamento e anexação na Cisjordânia, especialmente em Jerusalém.
  2. Rejeitar todas as soluções e cenários para o chamado “futuro da Faixa de Gaza” e apresentar uma solução nacional palestina com base na formação de um governo de unidade nacional que surja de um consenso nacional abrangente, incluindo todas as partes, responsável por unificar as instituições nacionais nas terras ocupadas na Cisjordânia e na Faixa, assumindo responsabilidades na adoção de projetos destinados a reconstruir o que a invasão bárbara destruiu na Faixa, restaurando a vida de nosso povo lá e se preparando para eleições.
  3. Ênfase total na necessidade de um cessar-fogo e na cessação permanente de todos os atos de agressão e na retirada completa do inimigo da Faixa de Gaza, como condição para discutir a troca de prisioneiros com base no princípio de “todos por todos”, esvaziando as prisões e interrompendo as prisões contra nosso povo nas terras ocupadas.
  4. Desenvolver e fortalecer o sistema político palestino com base em fundamentos democráticos, por meio de eleições gerais (presidenciais, legislativas e conselho nacional), de acordo com um sistema de representação proporcional completo, em eleições livres, justas, transparentes e democráticas, com a participação de todos, reconstruindo assim as relações internas sobre os fundamentos e princípios da coalizão nacional e parceria nacional genuína.

Os participantes saúdam os mártires de nosso povo nas terras ocupadas, especialmente nosso povo na Faixa de Gaza, desejam uma rápida recuperação aos feridos e saúdam aqueles que permanecem firmes apesar da dureza e brutalidade da agressão na Faixa de Gaza. Eles estendem uma saudação de luta e admiração aos Estados e forças de resistência em nossa nação [árabe e islâmica] por seu papel em apoiar nosso povo e nossa resistência.

Eles também saúdam nossos povos árabes e as pessoas livres do mundo que saíram em seus países e capitais, condenando o terrorismo sionista e apoiando o direito de nosso povo a se defender e defender sua terra e dignidade. Eles pedem mais apoio político, midiático e financeiro, estabelecendo uma frente global contra o terrorismo e a agressão “israelenses”, e a barbárie do Atlântico, liderada pelos Estados Unidos, o inimigo número um dos povos do mundo que aspiram à liberdade, independência, prosperidade e uma vida digna.

Movimento de Resistência Islâmica – Hamas

Frente Popular para a Libertação da Palestina

Movimento Jihad Islâmica Palestina

Frente Democrática para a Libertação da Palestina

Frente Popular para a Libertação da Palestina – Comando Geral

28 de dezembro de 2023

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