Na última quinta-feira (31/10), foi ao ar a edição número 236 do Tição, Programa de Preto no canal Lives da COTV. Na ocasião, entre outros temas, Tiago Pires e Caio Túlio discutiram sobre a “representatividade” negra nas eleições municipais e se isto, de fato, tem algum impacto na vida da população negra brasileira.
Ao iniciar o debate sobre o tema, foram expostas críticas à política tão defendida pela esquerda pequeno-burguesa no Brasil de que a maior representação de negros em cargos políticos ajudaria, de fato, o preto médio brasileiro. Foi discutido, também, se este último resultado eleitoral, no qual se viu um crescimento dos prefeitos eleitos autodeclarados negros, deveria ser motivo de comemoração para a população negra brasileira.
“Essa é uma política para confundir, quando, na verdade, nós temos que ter um programa para a população pobre preta, não dá para apresentar isso como vitória, não dá para pegar a Simone Tebet, por exemplo, e falar que ela é a presidente do ‘sindicato das mulheres’, não dá para pegar a Guajajara e falar que ela é a representante do índio brasileiro”, afirmou Tiago Pires.
Ele apontou como a política desses políticos negros eleitos não é em nada diferente da dos outros políticos burgueses tradicionais. Finalmente, eles têm nenhum programa específico para os problemas dos negros. Essa representação, consequentemente, é completamente irrelevante na vida da população como um todo.
Foi também denunciado, por Caio Túlio, o que realmente está por detrás da política identitária:
“A política de representatividade, como os identitários defendem, é de colocar pessoas em locais de destaque e [falar] que esse fato inspiraria os outros a melhorar sua própria autoestima, ver-se em locais que supostamente quebram o estereótipo. Você precisa mascarar a situação real do povo e colocar elementos direitistas. E pronto, assim você ajuda a mascarar, porque, se você coloca essas figuras, como foi destacado aqui, negras, em postos de poder, o que vai mudar para a situação do negro? Nada”, afirmou.
Ele argumentou que o identitário, ao invés de defender que aqueles que dizem representar lutem e se organizem para defender seus próprios interesses, apenas faz defesas de saídas individuais de uma situação de opressão geral.
“Nós estamos vendo isso na campanha dos Estados Unidos. Colocaram a Kamala Harris, ela representa o negro norte-americano? Ela é negra, mas não representa os negros. Pelo contrário, ela atua contra os negros, atua contra os negros do mundo inteiro, ela é uma representante do sistema que oprime os negros norte-americanos e oprime os negros no mundo. Mas os identitários falam que tem que votar na Kamala Harris, não só para derrotar o Trump, como também porque ela é negra. Então, a política de representatividade leva a esse absurdo, a esse paradoxo. No final, você vai colocar em postos de comando, inclusive de destaque, como eles dizem, os piores inimigos dos oprimidos”, afirmou Tiago Pires.
Confira, abaixo, o programa na íntegra: