No segundo Natal após o início da Operação Dilúvio de al-Aqsa, a situação em Gaza se mostra mais devastadora do que nunca. Desde o início da campanha genocida de “Israel” contra o povo palestino iniciado em outubro de 2023, a Faixa de Gaza se tornou um dos locais mais desolados do planeta, com uma ofensiva brutal e indiscriminada que já resultou em mais de 45 mil mortos, 106 mil feridos e uma população em completo sofrimento.
O cenário de destruição é tão extremo que as próprias condições de vida se tornaram quase insustentáveis. Uma em cada 59 pessoas de Gaza perdeu a vida devido aos ataques israelenses. Desses mortos, pelo menos 16.756 são crianças, uma tragédia sem precedentes em termos de vítimas infantis em qualquer conflito recente.
A destruição da infraestrutura da região também atingiu níveis inimagináveis, com 80% das casas e 50% dos edifícios danificados ou destruídos, além de hospitais, escolas, universidades, igrejas e mesquitas que foram alvo de bombardeios constantes. Em apenas um ano, o número de jornalistas mortos em Gaza ultrapassou 130, tornando o território árabe o lugar mais perigoso do mundo para a profissão.
Além da morte e destruição visíveis, o bloqueio de “Israel” impôs uma grave crise humanitária, levando cerca de 96% da população de Gaza a enfrentar uma escassez severa de alimentos, com quase um milhão e meio de pessoas forçadas a viver em campos de refugiados temporários. A fome, aliada à destruição das infraestruturas hídricas e sanitárias, já contaminou mais de 1,7 milhão de pessoas com doenças transmissíveis.
A falta de cuidados médicos adequados, agravada pela destruição dos hospitais, levou à morte de centenas de trabalhadores da saúde, que, assim como os civis, foram vítimas da violência imposta pelo regime sionista. “A devastação é absolutamente impressionante”, disse o chefe de comunicações de emergência do Programa Mundial de Alimentos da ONU (WFP) Jonathan Dumont, em uma mensagem on-line de Gaza enviada à agência de notícias da entidade UN News, acrescentando ainda:
“Não há eletricidade, água corrente ou esgoto (tratamento). Quase todo mundo perdeu sua casa. Muitas pessoas estão vivendo em barracas. Temos refeições quentes, distribuições… As pessoas vêm e ficam realmente desesperadas. É possível ver isso em seus rostos e em seus olhos. Para evitar a fome, precisamos encontrar uma maneira de obter um fluxo consistente de alimentos.”
Outro relato chocante sobre o horror da ditadura sionista em Gaza foi dado também à UN News pela oficial sênior de emergência da UNRWA (Agência da ONU para refugiados palestinos) Louise Wateridge “Foi outra noite muito mortal aqui na Faixa de Gaza, estamos acordando todos os dias com um novo horror”, disse Wateridge comentando um ataque aéreo feito por “Israel” contra uma escola da ONU localizada no campo de refugiados de Khan Younis no último dia 15, sem qualquer aviso. 48 pessoas ficaram feridas e 13 foram assassinados no ataque, diz Wateridge, que também destaca:
“Estive no Hospital Nasser esta manhã [16]. Uma das crianças com quem conversei se chama Mona, tem 17 anos; ela tem ferimentos muito graves na perna – ela teve ferimentos de estilhaços muito graves – e estava no hospital com sua irmã… a mãe delas foi esmagada até a morte sob os escombros.”
Entretanto, apesar do horror, do genocídio em curso e da destruição desenfreada, a Resistência Palestina em Gaza não cedeu. Pelo contrário, ela se fortaleceu, alcançando vitórias estratégicas e militarmente derrotando as forças invasoras israelenses em várias frentes. As forças sionistas não conseguiram conquistar o controle de Gaza, um feito que demonstra a determinação do povo palestino em continuar a luta pela libertação.
Esse fracasso de “Israel” no epicentro da Revolução Palestina, em Gaza, também foi percebido na Cisjordânia, onde a insurreição se espalha cada vez mais, desafiando a ocupação e o domínio do regime israelense. A Autoridade Palestina (AP), em sua política colaboracionista com o regime de ocupação, tem sido forçada a intervir para conter a revolta crescente em suas próprias terras.
As forças de segurança da AP têm reprimido com violência os manifestantes e ativistas que se levantam contra a ocupação israelense, assim como entrado em guerra com os partidos revolucionários que travam a luta em defesa do povo árabe. Essa situação tem revelado uma divisão cada vez mais clara e maior entre os interesses do povo palestino e os da entidade criada nos Acordos de Oslo, serviçais de “Israel” e do imperialismo.
Essa revolta generalizada é reflexo do exemplo dado por Gaza. O povo palestino, sob bombardeios incessantes, conseguiu transformar a tragédia em força, mostrando ao mundo sua coragem e determinação em resistir. Cada morte, cada casa destruída, tem impulsionado a Resistência, tornando-a mais radical e mais comprometida com a luta pelo fim da ocupação sionista.
Enquanto a Resistência Palestina alcança novas vitórias e a insurreição cresce na Cisjordânia, porém, a Faixa de Gaza continua a ser palco de umas das maiores monstruosidades já testemunhadas pela humanidade. Os números de mortos e feridos são apenas uma parte do sofrimento que o povo palestino enfrenta.
A destruição cultural, com a perda de patrimônios históricos e religiosos, a morte de crianças e jornalistas, e o sofrimento gerado pela fome e doenças, marcam um dos piores horrores registrados. A brutalidade de “Israel” contra o povo palestino só encontra paralelos no tratamento dispensado pelos nazistas ao povo eslavo, durante a Segunda Guerra Mundial.
O uso combinado de todas as formas existentes de ataques a uma população para exterminá-la, por meio de bombardeios aéreos, fome e peste, além da destruição total de sua infraestrutura (inclusive hospitalar), impossibilita que qualquer pessoa com um sentimento mínimo de humanidade sentir qualquer coisa além de um ódio visceral contra a ditadura sionista, o que tem sido expresso em manifestações de apoio aos palestinos que desde o 7 de Outubro eclodem em todo o planeta. O apoio de todos os povos oprimidos do mundo à Resistência, deve-se destacar, tem sido feito contra a tentativa dos governos imperialistas, de suprimirem qualquer manifestação mínima de apoio à Palestina, recorrendo a uma repressão digna das piores ditaduras, inclusive nos EUA e na Europa.
No segundo Natal desde o início da operação sionista, os esforços de “Israel” para exterminar a Resistência Palestina continuam em marcha, porém não apenas falhando no sentido mais direto, de sufocar a resistência, mas gerando o efeito oposto. O povo palestino, mais unido e determinado do que nunca, está mais próximo de conquistar a vitória contra a ditadura sionista do que jamais esteve desde o início da invasão de seu país, ainda no começo do século XX.
A luta do povo palestino, principalmente em Gaza, se tornou a luta de todos os povos oprimidos do mundo. O genocídio na nação árabe não é apenas uma tragédia local, mas um reflexo das crueldades que a ditadura imperialista impõem aos povos ao redor do mundo.
A luta pela Palestina é a luta contra esse sistema global de opressão, e por isso mesmo, a vitória palestina será uma vitória para todos os oprimidos. É, portanto, imprescindível que os apoiadores da Palestina redobrem seus esforços para apoiar esta causa, aproveitando o exemplo da Resistência Palestina, que demonstra, na prática, estar mais viva do que nunca.