Não surpreende ninguém a posição expressa pelo Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU) a respeito da situação na Venezuela. Como já fez em todas as ocasiões quem teve a chance, o partido morenista saiu prontamente se colocando contra o governo Maduro e apoiando o golpe dado pelo imperialismo. O automático alinhamento com o imperialismo se deu em situações anteriores como em seus ataques contra o Hamas, o apoio incondicional à OTAN no conflito com a Rússia, o apoio ao golpe de estado na Ucrânia, o apoio ao golpe no Brasil e muitas outras situações.
No caso da Venezuela, o PSTU e sua imprensa demonstram uma disposição gigantesca em produzir matérias atacando o governo. Eles divulgaram sua posição através das redes sociais de seu coletivo de juventude, o Rebeldia. Em um carrossel de fotos publicado pelo perfil do grupo no Instagram, eles procuram trazer diversos argumentos para justificar porque deve-se assumir uma posição de ataque ao governo Maduro, do jeito que pede o Tio Sam.
O argumento básico do PSTU é que quem está nas ruas da Venezuela são “a juventude e a população dos bairros populares venezuelanos”. No entanto, isso se trata de uma falsificação grotesca. A realidade é que a maior parte do país está em relativa tranquilidade. Há, no entanto, alguns pequenos agrupamentos de guarimberos da extrema direita financiados pelo imperialismo que procuram promover tumultos e agressões em locais importantes do ponto de vista do governo, para passar a ideia de que há uma grande revolta contra o governo Maduro.
Isso é uma falsificação, tendo em vista que este governo é extremamente popular em meio à população venezuelana. Há uma grande disposição do povo em defender o governo chavista, tendo uma parte da população até se prontificado a pegar em armas em prol dessa causa. Não fosse assim, o governo venezuelano não teria onde se apoiar e já teria caído há muitos anos com a pressão do imperialismo.
O perfil do Rebeldia segue, afirmando: “Inúmeras organizações de esquerda da própria Venezuela denunciam uma fraude realizada pelo governo para perpetuar-se no poder, como a Unidade Socialista dos Trabalhadores (UST), seção da LIT-QI no país, e até organizações que eram alinhadas ao chavismo e compunham o PSUV (Partido Socialista Unido da Venezuela), como o Partido Comunista da Venezuela ou o Marea Socialista”.
As tais “organizações de esquerda” citadas no texto não têm, efetivamente, nenhum apoio da classe operária venezuelana. A UST é, nada mais, nada menos, do que uma espécie de PSTU venezuelano, filiado à LIT-QI, uma internacional de brinquedo da qual o PSTU também faz parte. A LIT segue a mesma orientação do PSTU em todos os casos: atacar o nacionalismo burguês que se vê acossado pelo imperialismo, de modo a apoiar qualquer golpe de Estado dado pelo imperialismo contra esses governos.
Além disso, o que é dito sobre o PCV é uma meia-verdade. Embora o partido tenha, de fato, assumido uma posição golpista contra o governo Maduro há muitos anos, também é verdade que esse partido rachou porque uma parte de seus militantes não estava mais disposta a seguir nessa política de submissão ao imperialismo contra o povo de seu próprio país.
Logo abaixo, os morenistas afirmam: “Criticar Maduro não significa apoiar a oposição burguesa da Venezuela, capitaneada por María Corina e Edmundo González. Não significa, também, estar ao lado das posições imperialistas e predatórias como as de Biden/EUA”. No entanto, isso é uma posição cínica do PSTU. Primeiramente, porque a posição assumida por eles não é a de simplesmente “criticar” Maduro, mas de chamar a população venezuelana a sair às ruas junto com a extrema-direita para promover a sua derrubada, como veremos a seguir.
Além disso, já foi dito muitas vezes que, em uma situação em que o governo de um país atrasado é assediado e ameaçado de ser derrubado pelo imperialismo, a posição correta a se tomar é a de defendê-lo da ofensiva imperialista. A ideia de que é possível um “meio-termo” é totalmente absurda. Se o imperialismo está querendo derrubar Maduro e o PSTU também pede a derrubada de Maduro, o PSTU está, como um bom cachorrinho de madame, apoiando a política do imperialismo.
Mais a frente, os apologistas do imperialismo querem fazer crer algo totalmente absurdo e ilógico. Em um conflito em que se tem de um lado, um governo nacionalista burguês de esquerda e, do outro, grupos de extrema direita que tomam as ruas financiados e incentivados pelo imperialismo, a posição de defesa do governo de esquerda seria uma posição que fortalece a extrema direita, criando um verdadeiro “Paradoxo do antifascismo da esquerda pequeno-burguesa”. Segue abaixo a incrível linha de raciocínio por eles proposta:
“Justamente porque queremos barrar o avanço da extrema direita, acabar com suas políticas de morte e derrotá-la de vez, é necessário olhar com atenção aquilo que alimenta as condições de sua sobrevivência e reprodução: sobretudo a miséria dos trabalhadores, a barbárie capitalista e a falta de respostas e promessas não cumpridas da esquerda capitalista, que, com sua política de traição, geram uma desilusão imensa nos trabalhadores.”
Portanto, o que alimenta a extrema direita não é o imperialismo e os golpes de Estado que eles dão em governos de esquerda ao redor do planeta, mas sim os erros que esses governos de esquerda cometem durante esses governos.
Neste sentido, é importante ressaltar também que o PSTU defende que a própria atitude de Maduro de procurar enfrentar o golpe do imperialismo é considerada, por eles, um erro. A certa altura, falam da “repressão” promovida pelo governo Maduro, embora se veja claramente que Maduro é até tolerante demais com os agentes estrangeiros infiltrados em meio à população venezuelana e financiados por Washington que procuram desestabilizar seu país para tomarem o petróleo à força.
No que diz respeito às eleições em si, o Rebeldia afirma que foi um setor “burguês e ditatorial” que “anunciou, mais de seis horas após o fechamento das urnas, resultados que em nada condiziam com a realidade observada em relação à preferência dos votos durante toda a jornada eleitoral, nem com os resultados que os mesários liam no decorrer do fechamento das mesmas”. O PSTU se refere, naturalmente, a pesquisas de opinião promovidas e financiadas por institutos de pesquisa capitaneados por Washington, que colocavam Edmundo González muito acima de Maduro nas intenções de voto, numa falsificação absurda da realidade.
Para justificar a sua posição de submissão ao imperialismo norte-americano, o PSTU afirma que o governo Maduro teria sido responsável “pelo colapso econômico e social da Venezuela”, apesar de que todos que têm a mínima noção de como funciona a política mundial sabem que, se há alguma dificuldade econômica pela qual a Venezuela passa, ela se dá devido às sanções criminosas impostas pelo imperialismo contra o país. Sanções essas apoiadas por Maria Corina Machado, principal aliada do PSTU em sua luta contra o governo Maduro.
A saída proposta pelo PSTU é a típica saída cínica de um partido submisso ao imperialismo que não quer perder a fachada de esquerda, mas que apoia a derrubada de um governo de esquerda: “A classe trabalhadora venezuelana precisa derrubar o regime de Maduro e lutar para garantir liberdades democráticas, salário, emprego, educação, saúde, moradia dentro de uma perspectiva socialista”. No entanto, não está posto na situação atual uma revolução em que a classe trabalhadora venezuelana esteja procurando superar o governo chavista para tomar o poder para si. O que acontece de fato é que há uma ofensiva da burguesia imperialista para derrubar o governo venezuelano e esmagar a classe trabalhadora da Venezuela. A classe trabalhadora lá está com o governo Maduro.
O PSTU, nesse sentido, assume uma posição furiosamente pró-imperialista, ao lado de Maria Corina Machado, dos bolsonaristas no Brasil, do governo Biden-Harris nos EUA, dos guarimberos sanguinários e assassinos da Venezuela. É preciso denunciar e tirar a máscara desse agrupamento que apoia o avanço do imperialismo em todas as oportunidades que tem.