No último domingo, 1º de dezembro de 2024, a cidade de Alepo, a segunda maior da Síria, com aproximadamente dois milhões de habitantes, foi invadida por supostos grupos islâmicos que lutam contra o governo de Bashar al-Assad. O avanço se estendeu para outras localidades nas províncias de Idlib e Hama. Em resposta, as forças aéreas da Síria e da Rússia intensificaram os ataques aéreos, com bombardeios focados em bases dos mercenários e depósitos de armas, deixando um saldo de dezenas de baixas.
Os ataques visando desestabilizar o governo Assad não são novidade alguma. Nem tampouco os “rebeldes” são de fato grupos islâmicos. São mercenários financiados e organizados pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), bonecos de ventríloquo do imperialismo.
A ofensiva, que começou na última quarta-feira (27), já resultou na morte de mais de 300 pessoas, conforme estimativas do Observatório Sírio para os Direitos Humanos. A situação é agravada pela fuga em massa de civis. O governo sírio, por meio de sua agência de notícias oficial, afirmou que o exército se reorganizou na zona rural de Hama, ao sul de Alepo, para retomar o controle da cidade.
A Síria tem sido um campo de batalha entre o imperialismo e os países que se opõem à sua dominação desde o início da guerra civil em 2011, com os Estados Unidos apoiando os mercenários da OTAN, enquanto Rússia e Irã têm sido os principais aliados do governo de Assad. Chama muito a atenção que a ofensiva teve início logo após o acordo de cessar-fogo entre “Israel” e Hesbolá, o que indica a participação dos sionistas nos ataques ao governo Assad.
O Irã, que tem se fortalecido na região, denunciou que a ofensiva é parte de um movimento coordenado para enfraquecer a Síria e fomentar a divisão entre as nações islâmicas. Segundo Esmail Baghaei, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores iraniano, as potências imperialismo e o regime israelense estariam interessados em desestabilizar o governo sírio e, em última instância, enfraquecer os laços da Síria com seus aliados, como o Irã e o Hesbolá.
O professor de relações internacionais Mohammed Nadir também aponta que a guerra civil na Síria se transformou em uma “guerra por procuração” entre as grandes potências. Para Nadir, o recente avanço dos mercenários é mais uma tentativa de desgastar a presença russa no Oriente Médio, especialmente após a intensificação da guerra na Ucrânia.
O presidente Bashar al-Assad não hesitou em responder ao ataque, afirmando que os mercenários só podem ser derrotados pela “linguagem da força”. Em um comunicado, Assad declarou que os “terroristas” não representam o povo sírio, mas sim as potências que os apoiam, citando diretamente os Estados Unidos e aliados.
A força aérea russa, aliada do governo sírio, tem desempenhado papel vital nesta guerra, com ataques aéreos coordenados para reverter as conquistas dos mercenários. Segundo fontes militares sírias, esses ataques aéreos têm causado grandes baixas.
Agora, a questão é: como o imperialismo responderá a essa escalada? A entrada direta das potências imperialistas poderia transformar o conflito em uma guerra de proporções ainda maiores, com uma coalizão internacional contra a Síria e seus aliados. No entanto, tal movimento seria arriscado, dada a posição da Rússia e do Irã, e também o medo de que a guerra se alastre para os países vizinhos.
O presidente Recep Tayyip Erdogan, da Turquia, tem sido amplamente responsabilizado pelo apoio aos “rebeldes”, embora sua posição seja ambígua. A presença de bases militares dos EUA na Turquia levanta a possibilidade de que essas forças possam estar, sem o consentimento de Erdogan, organizando as ofensivas contra o regime sírio.
O que a situação como um tudo deixa claro é que o imperialismo está em uma contra-ofensiva. Após ser expulso do Afeganistão e estar sendo derrotado pelo Eixo da Resistência na Palestina e no Líbano, o imperialismo, como um animal ferido, se tornou ainda mais agressivo, promovendo golpes de Estado, revoluções coloridas, assassinatos e guerras em todo o mundo.