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Venezuela

Quem traiu o chavismo é quem defende o golpe – Parte 2

Personalidades "chavistas" citadas por Aldo Fornazieri para atacar o presidente Nicolás Maduro são hoje agentes do golpe, qualquer que tenha sido sua posição no passado

Continuamos aqui nossa polêmica com a coluna publicada no portal Brasil 247, assinada pelo sociólogo Aldo Fornazieri, de título Madurismo e a traição ao chavismo. Na parte 1, destacamos os pontos apresentados pelo próprio autor, e sua citação do ex-presidente uruguaio Pepe Mujica. O presente artigo terá por objeto as posições de figuras (ou ex-figuras) ligadas ao chavismo, citadas pelo sociólogo. Já na sequência do último parágrafo debatido em nosso primeiro artigo, vem o seguinte:

“Um dos primeiros a denunciar a traição de Maduro foi o historiador e ex-guerrilheiro Toby Valderrama a quem Chávez chamava de ‘velho camarada’. Valderrama e seus companheiros acusaram o novo grupo de poder pós-Chávez de ter reconstituído ‘o pacto com a burguesia’ e reconstruído o capitalismo das elites. Héctor Navarro, ocupante de quatro ministérios no governo Chávez e amigo do ex-presidente, afirma que Maduro entregou o país nas mãos de interesses estrangeiros.”

Como demonstrado previamente, resgatamos nossa última colocação: como pode Nicolás Maduro ter entregue o país nas mãos de interesses estrangeiros (leia-se do imperialismo) se a Venezuela sofre hoje uma flagrante ofensiva golpista por parte do imperialismo? Por que motivo, frente a um governo submisso, o conjunto do imperialismo manteria suas sanções estrangulantes sobre a Venezuela? O argumento em si não pode ser caracterizado como outra coisa que não um escárnio, uma falsificação absurda.

Mas o que dizem, concretamente, os tais “velhos camaradas” e figuras de proa do chavismo? Que posição ocupam entre as classes em conflito, os operários e camponeses com o chavismo, de um lado, e o conjunto do imperialismo do outro? Ambos são professores universitários.

*Aqui não resgataremos, porque não cabe, o histórico das figuras, mas apenas o que dizem hoje.)

Toby Valderrama, em artigo publicado também nesta segunda-feira, 5 de agosto, intitulado El madurismo en su agonía libera a sus monstruos (O madurismo em sua agonia liberta seus monstros), no portal Aporrea, afirma:

“O madurismo está vivendo seus últimos dias e seus estertores mortais são muito perigosos. Escolheu a repressão brutal como recurso desesperado e com ela só conseguiu causar mais danos, e reafirmar a sua condição de pranato, aquela espécie de ditadura que se inspira na mais sórdida das prisões comuns. Recorre também à mentira e com ela revela a sua pobreza de ideias, de projectos, de localização na realidade. (…)

“A realidade, fruto da sua gestão governamental, o condena. O êxodo de milhões, a perda de salários, a liquidação da saúde pública, da educação a todos os níveis, a ausência de futuro para os jovens, tudo isto é uma prova irrefutável da inépcia do madurismo (…)

“Sua credibilidade se foi, suas mentiras, que agora assumem níveis de piada, ninguém acredita nelas, os tempos dos raios magnéticos, das iguanas eletricistas, dos grupos estrangeiros sabotando a eletricidade, do trem Aragua dirigindo protestos já passaram. O que ele fala é um excelente material para portais de quadrinhos, memes.”

Valderrama, portanto, realiza uma caracterização idêntica à de Fornazieri, exceto pelo fato de, abertamente, negar a atuação do imperialismo contra o governo! E isso num momento em que a iniciativa golpista se arrasta há anos, num momento posterior à farsa Juan Guaidó, tentada novamente pelo imperialismo, através da autodeclaração de uma pessoa como presidente, avalizada pelos EUA.

Nos detenhamos um momento sobre a questão da repressão. Vale lembrar que o golpista Juan Guaidó, financiado pelo estrangeiro, não foi preso durante todo o período, de 2019 a 2022! Será essa a ditadura de que falam Fornazieri e Valderrama? Que permite aos golpistas livre trânsito pelo país durante uma operação golpista? Se peca, o governo Maduro peca por excesso de tolerância com a direita financiada pelo imperialismo.

Um pedido de prisão só foi pedido no ano passado pela acusação de que o autoproclamado presidente acessou divisas da estatal PDVSA nos EUA para se financiar, e causou um prejuízo de US$19 bilhões, em torno de R$100 bilhões, entre outros feitos. Como vimos, Toby Valderrama não se ergue acima de um capacho sujo do imperialismo norte-americano.

E Hector Navarro, após o apresentado, o que tem a dizer sobre o governo, diretamente?

“Há um ambiente de repressão, veja, seja verdadeiro ou não seja verdadeiro, mas é assim que está o ambiente. (…) O rechaço a Nicolás Maduro é majoritário, esmagadoramente majoritário em nossa população, em nossa gente. (…) Meu voto é contra Nicolás Maduro. (…) Não vou votar em um candidato, vou votar contra Maduro.”

Esses foram alguns dos apontamentos de Hector Navarro em entrevista à VPI TV, veiculada em 2 de maio no YouTube. Em primeiro lugar, é interessante notar o que é dito sobre um ambiente de repressão, seja verdadeiro ou não. O que isso quer dizer? Ou há ampla repressão, ou não há ampla repressão, ora. A manobra de Navarro, que não realiza apontamento mais concreto sobre a questão, tem por objetivo realizar uma acusação e sair pela tangente no momento de demonstrá-la, ou seja, é uma completa farsa.

O tal rechaço a Maduro, como coloca o acadêmico, pode ser comprovado nos “pequeninos” atos de massas, que vem arrastando os trabalhadores da Venezuela às ruas em defesa do governo, e é exemplificado pela foto que ilustra esta matéria, do ato de encerramento da campanha do presidente. É visível, o presidente possui extrema popularidade, e seria impossível para um indivíduo comprometido com o país, ou mesmo minimamente honesto, afirmar o contrário.

O que temos é um golpismo puro e simples, evidenciado pela declaração de voto contra Maduro. Um dito chavista declarar voto na oposição fascista, que chegou a derrubar e prender o comandante Hugo Chávez, que incendiou chavistas nas ruas durante as guarimbas em 2017, e agora retomaram sua atividade, é nauseante. Não à toa, Navarro se esconde covardemente atrás da colocação dissimulada de votar contra Maduro.

Que Aldo Fornazieri utilize declarações de tais indivíduos para provar seu ponto, apenas o rebaixa ainda mais que sua própria posição e a dos outros capachos em separado, o que ainda é acentuado pela continuidade de seu artigo.

Além das figuras citadas, outras falas de personalidades ditas chavistas são elencadas pelo sociólogo. Pela extensão que toma o presente artigo, abordaremos uma a uma em Quem traiu o chavismo é quem defende o golpe – Parte 3, a ser publicado em breve neste Diário Causa Operária.

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