A Jiade Islâmica é uma das principais organizações armadas que compõe a resistência palestina, na luta deste povo martirizado contra a ditadura monstruosa de “Israel”. Sendo o segundo maior grupo, atrás apenas do Hamas, seus combatentes também fizeram parte da vitoriosa Operação Dilúvio de Al-Aqsa, em 7 de outubro de 2023. Atualmente, travam a luta contra os sionistas para a libertação nacional da Palestina.
Quem fundou a Jiade Islâmica foi Fathi Ibrahim Abdulaziz Shaqaqi, sendo também seu Secretário-Geral até sua morte, em outubro de 1995.
Assim como a grande maioria dos militantes revolucionários palestinos, Fathi nasceu nos territórios ocupados, especificamente na Faixa de Gaza, como parte de uma família de refugiados. Ele nasceu no ano de 1951, apenas três depois da Nakba, de forma que teve de conviver desde cedo com o martírio diário por que passam os palestinos.
Estudou em uma escola para refugiado das Nações Unidas. Como ocorre com muitos dos palestinos que acabam por se tornar militantes revolucionários ou, de alguma forma, contribuem com a luta pela libertação nacional da Palestina, Fathi teve um destacado desenvolvimento intelectual, estudando física e matemática na universidade de Bir Zeit (Cisjordânia) e também medicina, esta já na Universidade Mansoura, no Egito.
Foi naquele país que teria início sua militância política, quando conheceu a Irmandade Muçulmana, e tornou-se seguidor de seu líder, Hassan al-Banna (a saber, a origem de grupos como o Hamas e a própria Jiade, como veremos a seguir, está na Irmandade), e também de Sayyid Qutb, outro membro importante do grupo islâmico. Importante intelectual do islamismo, Qutb é considerado o “Pai do Jiadismo Salafita”. Um fato interessante, ele foi preso e enforcado por envolvimento em uma trama para assassinar ninguém menos que Gamal Abdel Nasser.
Voltando a Fathi, é importante ressaltar que a Irmandade Muçulmana não foi sua única influência política. Dada a crise mundial do imperialismo, a Revolução Iraniana teve grande influência em seu desenvolvimento político, levando-o a escrever o livro Khomeini, A Solução Islâmica e a Alternativa, nas quais expõe sua conclusão que o líder xiita iraniano havia demonstrado que “mesmo contra um inimigo tão poderoso como o Xá, uma jihad de militantes determinados poderia superar todos os obstáculos”.
Nessa época, Fathi havia há pouco se distanciado da Irmandade Muçulmana. No que diz respeito à Organização pela Libertação da Palestina (OLP), também não a via como capaz de carregar a luta palestina contra “Israel”. Entendia que esta organização não era islâmica o suficiente, e aquela não prestava a devida atenção ao problema nacional da Palestina.
Assim, em 1981, funda o Movimento da Jiade Islâmica na Palestina (ou simplesmente, a Jiade Islâmica). Para sua fundação, foi auxiliado por Abd Al Aziz Awda e cinco outros líderes palestinos islâmicos e salafistas.
Vale frisar que, apesar da retórica religiosa, Fathi deve ser caracterizado como um líder nacionalista da luta palestina. E um que tinha a consciência disto, o que pode ser constatado com entrevista concedida ao escritor e jornalista britânico Robert Fisk, publicada no jornal The Independent, em 30 de janeiro de 1995. Dentre suas declarações, as seguintes se destacam pela clareza:
“Não estamos falando de teologia, estamos falando de política e coisas militares […] o Islã seria a ideia com a qual começaríamos, a Palestina, o objetivo de libertar, e a Jihad seria o caminho, o método. [Nossa organização é o] ponto de passagem entre o nacionalismo e o islamismo. [Nossa intenção é] libertar toda a Palestina” (Fisk, Robert – 30 de janeiro de 1995, “The doctor who finds death a laughing matter”, The Independent).
Um dos principais métodos de atuação da Jiade Islâmica era o uso de homens bombas, o que ocorria frequentemente nos territórios que “Israel” havia roubado dos palestinos. Fathi era a cabeça pensante por trás desse método de luta dos oprimidos.
Sem jamais capitular perante os “acordos de paz” que foram feitos entre “Israel” e OLP/Fatá, mediados pelo imperialismo, Fathi, à época dos Acordos de Oslo, foi um dos que coordenou uma coalizão envolvendo sua organização (a Jiade), o Hamas e oito grupos dissidentes da OLP para rejeitar o processo de capitulação.
Fathi, pelo fato de jamais ter capitulado pelo sionismo, e pelo fato de manter como programa político da Jiade Islâmica o fim do Estado de “Israel”, foi declarado inimigo mortal.
Tendo em vista que, na década de 1990, as condições da resistência palestina ainda eram bastante desfavoráveis, e o Estado nazista de “Israel” ainda tinha uma margem mais ampla para exercer sua repressão contra os palestinos, em 26 de outubro de 1995, dois espiões do Mossad assassinaram Shaqaqi em frente ao Hotel Diplomat, em Sliema, Malta.
Contudo, apesar de seu assassinato covarde e traiçoeiro (algo típico por parte dos sionistas), sua organização sobreviveu, e seu legado manifestou-se no dia 7 de outubro. Nesse sentido, ele continua vivo, derrotando, a cada dia, a ditadura de “Israel”.