No último dia 3 de setembro, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou expansão de 1,4% do PIB, ocasionando especulações acerca aumento da Taxa Selic. Há toda uma especulação do setor financeiro para aumento da taxa Selic.
Avanço do PIB
No segundo trimestre de 2024, foi constatado um aumento de 1,4% no PIB, oriundo de alta no setor de serviços (1%) e na indústria (1,8%). Esse cenário de alta ocorreu mesmo com uma redução de 2,3% na produção agroindustrial do período.
Nas palavras da coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis: “com o fim do protagonismo da Agropecuária, a Indústria se destacou nesse trimestre, em especial na Eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos e na Construção”.
“A alta dos investimentos, beneficiados pelo crescimento da importação e a produção nacional de bens de capital, o desempenho da construção e, também, o desenvolvimento de software. Além disso, ao contrário do ano passado, o setor externo tem contribuído negativamente para o crescimento da economia”, complementou Palis.
A expectativa do “mercado financeiro” era um crescimento de 0,9% no período, um valor em muito inferior ao resultado obtido. Esse crescimento estimular o setor de serviços e o consumo das famílias.
Lula emparedado
Uma tendência marcante do último período é a imobilizado do governo Lula diante da situação política e econômica. O governo segue preso numa série de compromissos que o colocam em posição frágil.
Apertado pelo imperialismo de um lado, com os capitalistas nacionais no encalço e cobrado pelos trabalhadores para colocar em prática o programa para o qual foi eleito, o terceiro governo Lula se desgasta em sua base, resultando em avanço extraordinário da extrema-direita.
A capitulação perante a política de recessão e destruição da economia nacional promovida pelo imperialismo, é um combustível potente no processo de ascensão da extrema-direita.
Governar para quem?
Pressionado pelo imperialismo de um lado, e o fantasma da extrema-direita do outro, a política do PT tem sido de cede ao programa da direita. Essa rendição se estende do aspecto político, com apoio a censura e retirada de direitos democráticos, ao econômico, com o orçamento federal sendo sugado pelo sistema financeiro.
É evidente que sem uma luta contra esses setores que pressionam o governo à direita, sua prática será bastante diferente do programa para o qual foi eleito. Essas manifestações direitistas do governo denunciam esse problema, e na ausência de luta, prenunciam o que está a caminho.
Unidade dos banqueiros
Para os parasitas do mercado financeiro é simples: se há crescimento no PIB, há espaço para sugar mais. Assim, existe praticamente um consenso de aumentar os juros do Banco Central, mesmo com os seus impactos negativos na economia.
A posição do ex-diretor do Banco Central, Fabio Kanczuk, exemplifica bem essa tendencia: “o hiato do produto, que estava negativo, agora ficou positivo, então acabou essa moleza de PIB potencial maior”. Em sua defesa do aumento dos juros, Kanczuk afirma que: “Mas isso está mudando. No Brasil, a inflação já parou de cair e começa a subir, e os únicos resultados possíveis são a economia crescer menos ou a inflação não cair.”
“Em contas aproximadas, o PIB potencial era da ordem de 1,5% antes da pandemia, foi para mais perto dos 2,5% depois e, agora, está voltando para 1,5%”. Complementa Kanczuk
Com a desculpa de controle da inflação, os banqueiros defendem o aumento da taxa Selic para patamares acima de 12%, garantindo lucros altíssimos a especulação mesmo com redução da economia.
Golpe duro
O nome Selic vem da sigla do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia, é a taxa básica de juros da economia, sendo a média praticada nas operações com títulos públicos federais. Seu impacto na economia é gigante, influenciando todas as outras taxas de juros do País, de empréstimos comerciais a financiamentos e aplicações financeiras.
A determinação do valor da taxa Selic possibilita controlar vários aspectos econômicos, entre estes a inflação.
O primeiro reflexo da Selic da-se diretamente no custo do crédito. Quanto maior a Selic, maior o custo das linhas de crédito, como empréstimos, financiamentos e cheque especial. Seu aumento reflete em todas as taxas de juros, encarecendo o crédito, seja para produção ou consumo.
Outra consequência imediata ocorre no consumo, com a queda da taxa Selic o consumo tende a aumentar, mas com a alta da taxa básica, ocorre o contrário e o consumo cai. Esse efeito é significativo em todo a econômica, taxas altas desalentam o comércio e favorecem a estagnação.
Em outras palavras, taxa Selic alta favorece apenas os investidores que lucram com especulação, sendo desfavoráveis a basicamente todos os outros setores sociais. A taxa atual já encontrasse em um patamar altíssimo, acima de 10%, o seu aumento apenas permitira maior lucro dos especuladores.
Essa taxa Selic estratosférica é catastrófica para o setor industrial nacional, reduzindo o consumo e encarecimento do crédito. Essa tendencia estimular aumento do desemprego e ataques as condições de vida da classe trabalhadora.
Mas é sentida imediatamente no comércio, que sofre com o aumento do crédito e tende a estagnar.