Se alguém lhe perguntasse qual é o país que melhor representa a ideia de imperialismo no mundo, você, leitor, com certeza responderia: Estados Unidos. Até aí, não restam dúvidas. Trata-se da maior economia do planeta, da nação que mais participou de guerras nas últimas décadas e daquele país que todo mundo sabe que está por trás de toda grande conspiração contra o povo. Não é à toa que, dentre sua própria população, as teorias conspirativas contra o governo norte-americano sejam tão populares, indo desde a promoção de experimentos biológicos perigosos até mesmo o ocultamento de atividades extraterrestres.
Mas os Estados Unidos governam o mundo sozinhos? É possível que um país consiga se estabelecer como “dono do mundo”, derrotando, assim, a dominação norte-americana? Que outros países seriam considerados “imperialistas”?
Para responder a essas perguntas, basta conhecer a teoria marxista do imperialismo, formulada pelo revolucionário russo Vladimir Lênin. Nascido em 1870 e falecido em 1924, Lênin foi o autor da célebre obra Imperialismo, fase superior do capitalismo. Em virtude do centenário de sua morte, a Aliança da Juventude Revolucionária (AJR) e a Universidade Marxista estão promovendo um curso imperdível sobre o imperialismo, que será apresentado durante a próxima edição da Universidade de Férias do Partido da Causa Operária (PCO).
O curso, que terá duração de uma semana, será ministrado pelo presidente nacional do PCO, Rui Costa Pimenta, e permitirá uma profunda discussão sobre o texto de Lênin e sobre suas implicações para a política contemporânea. Entre os debates mais constantes atualmente, está o de que países seriam imperialistas – mais especificamente, se Rússia e China seriam países imperialistas. Outro debate atual, que muito tem a ver com os ensinamentos de Lênin, é que política um partido revolucionário deve adotar diante de um conflito entre país imperialista e um país atrasado.
Em sua clássica obra, Lênin explica que “os países exportadores de capitais dividiram o mundo entre si, no sentido figurado do termo. Mas o capital financeiro também conduziu à partilha direta do mundo”. Isto é, os países que primeiro experimentaram o desenvolvimento capitalista partilharam o mundo entre si, formando uma espécie de condomínio para subjugar os países mais atrasados economicamente. Até 1910, os países com maior volume de valores emitidos eram:
Inglaterra – 142
Estados Unidos – 132
França – 110
Alemanha – 95
Rússia – 31
Áustria-Hungria – 24
Itália – 14
Japão – 12
Holanda – 12,5
Bélgica – 7,5
Espanha – 7,5
Suíça – 6,25
Dinamarca – 3,75
Suécia, Noruega, Romênia, etc. – 2,5
Apesar do desenvolvimento capitalista precoce em alguns desses países, como Espanha e Holanda, já era claro que, desde 1910, um pequeno grupo de países se destacava em relação aos demais: Inglaterra, Estados Unidos, Alemanha e França. A Rússia e a Áustria-Hungria, com a falência de seus impérios, acabariam perdendo muito de seu poder. Após a Primeira Guerra Mundial, se consolidou a configuração atual do condomínio imperialista.
Hoje, os países mais importantes do bloco imperialista são, indubitavelmente, Estados Unidos, Alemanha, França e Reino Unido. O Japão, por sua vez, poderia ser considerado o quinto sócio mais importante. À exceção da Rússia, que foi vítima de uma revolução proletária, e da Hungria, que se tornou independente da Áustria, os demais países da lista apresentada por Lênin em 1910 continuam como sócios menores da partilha mundial.