Eleições na Rússia

Putin garante mais um mandato em vitória avassaladora

Votos obtidos pelo presidente russo demonstram que ele esteve à altura dos acontecimentos do último período

Na última sexta-feira (15), começaram as eleições gerais da Rússia. Este pleito apresentou, logo de início, algumas características inéditas. Em primeiro lugar, é a primeira votação desde que a constituição russa foi atualizada, em 2020, permitindo que o presidente Vladimir Putin concorra por uma quinta vez.

Além disso, essa é a primeira eleição na qual a votação ocorreu durante um período de três dias – até domingo (17) -, podendo ser feita não só nas estações de voto, como também de maneira virtual. Ademais, é a primeira vez que as regiões de Kherson, Zaporozhye, Donetsk e Lugansk participam do pleito enquanto parte da Rússia.

Apesar de a Comissão Central Eleitoral (CCE) determinar que o resultado final só será divulgado entre os dias 21 e 28 de março, Putin já obteve uma vitória inédita. Até o fechamento desta edição, o presidente russo, com 98,27% das urnas apuradas, atingiu a impressionante marca de 87,34% de todos os votos válidos.

Na sede de sua campanha, em Moscou, Putin concedeu um discurso de vitória com base nos resultados preliminares, que mostram que ele ganhou o pleito de lavada. Ele afirmou que “a única fonte de poder na Rússia é o povo”, acrescentando que o voto de cada cidadão conta quando se trata de traçar o rumo da nação.

“Não importa quem e como tentariam intimidar-nos e suprimir-nos, a nossa vontade, a nossa consciência… Ninguém na nossa história alguma vez conseguiu, não terá sucesso agora ou no futuro. Nunca.”

No mesmo discurso, ele voltou a dizer que “a Rússia não tem preferência por qualquer candidato presidencial dos EUA”, além de comentar sobre a proposta do presidente da França, Emmanuel Macron, de estabelecer uma trégua entre a Rússia e a Ucrânia durante as Olimpíadas.

“Não sei nada sobre esta declaração do presidente francês. Estamos prontos para estudar quaisquer questões, mas sempre em qualquer situação vamos partir dos interesses da Rússia”, disse Putin.

Ademais, o em breve reeleito presidente russo falou, pela primeira vez, sobre a morte do golpista Aleksei Navalni. O chefe do Executivo da Rússia revelou que o governo estava cogitando um processo de troca de prisioneiros para que Navalni “não voltasse à Rússia”:

“Tivemos a ideia de trocar [Alexei] Navalni por quem está nos países ocidentais. Concordei. Queríamos trocá-lo para que ele não voltasse, mas isso [a morte] acontece, isso é a vida.”

Assim como foi em 2018, Putin concorreu como independente, com sua candidatura apoiada por três setores: o partido governante Rússia Unida e os partidos de oposição Rússia Justa – Pela Verdade e Rodina. Ele foi o único candidato de peso a concorrer sem um partido por ter sido o único que conseguiu atingir os requisitos da CCE, que determina um número mínimo de assinaturas para que determinada pessoa possa concorrer.

Putin concorreu contra outros três candidatos. Como eles vieram de partidos que possuem representação no parlamento russo, não precisaram coletar assinaturas para viabilizar suas candidaturas.

Primeiramente, temos Nikolay Kharitonov, do Partido Comunista. Ele é o único candidato, com exceção de Putin, que já concorreu à presidência, em 2004, quando obteve 13.69% dos votos, terminando a corrida eleitoral em segundo lugar.

Kharitonov foi eleito para o parlamento russo pela primeira vez em 1990. Ele fundou o Partido Agrário da Rússia, saindo da sigla em 2007 para juntar-se aos comunistas – ele concorreu antes mesmo de fazer parte do Partido Comunista.

O principal slogan da campanha de Kharitonov é “tentamos o capitalismo – e já tivemos o bastante!”. Nesse sentido, apontando a China como o modelo econômico ideal, ele propõe a introdução de uma escala tributária progressiva, abolindo impostos para os pobres e diminuindo a idade de aposentadoria.

Kharitonov finalizou a corrida eleitoral em segundo lugar, com 4,30% dos votos.

Depois, com 3,80% dos votos, temos Vladislav Davankov. Com 40 anos, ele é o candidato mais novo destas eleições, faz parte do partido Pessoas Novas, criado em 2021. Anteriormente, em 2023, Davankov participou das eleições municipais, concorrendo ao cargo de prefeito de Moscou, quando terminou em quarto lugar, com 5,34% dos votos.

Por fim, em quarto lugar, está Leonid Slutsky, concorrendo pelo Partido Liberal Democrata da Rússia (LDPR), o partido mais antigo da Rússia, com 3,17% de todos os votos.

Como chefe da Comissão Parlamentar de Relações Internacionais, Slutsky defende a política de maior cooperação com os países asiáticos, ao mesmo tempo que considera os países imperialistas uma ameaça. Ele é visto como agressivo em diversas áreas, incluindo o apelo a uma legislação mais rigorosa sobre “agentes estrangeiros” e a aceleração da operação militar especial contra a Ucrânia.

Cabe ressaltar que, diferente do que diz a propaganda imperialista, de que as eleições na Rússia seriam profundamente antidemocráticas, o pleito registrou uma taxa de participação inédita, com 74% dos mais de 112,3 milhões de eleitores russos comparecendo às urnas durante o período de três dias. Este é o maior envolvimento que a população teve com as eleições em mais de duas décadas.

Essa conquista foi atingida apesar de algumas tentativas de danificar urnas e locais de votação. De acordo com Ella Pamfilova, chefe do CCE, foram registrados 30 casos de ataques a urnas em todas as 20 regiões russas. Eles resultaram na inutilização irreversível de 214 cédulas. Houve um caso, por exemplo, em que uma mulher jogou um coquetel molotov na entrada de um local de votação.

Nas regiões que se juntaram à Rússia recentemente, principalmente em Kherson e em Zaporozhye, foram registrados diversos ataques ucranianos contra locais de votação. As investidas incluem ataques de VANTs (Veículos Aéreos Não-Tripulados) e bombardeios.

Segundo Alexandr Gorovoy, o primeiro-vice-ministro do Interior, um bombardeio perpetrado pelos nazistas ucranianos assassinou uma fiscal na cidade de Berdyansk, em Zaporozhye.

Na última sexta-feira (15), Putin chegou a afirmar que a Ucrânia orquestraria “uma série de ações armadas, criminosas e demonstrativas” para intimidar os eleitores russos. Na manhã de domingo, as autoridades locais nas regiões de Kherson e Zaporozhye relataram bombardeios contra locais de votação que deixaram várias pessoas feridas.

A imprensa imperialista já iniciou sua campanha contra as eleições russas. O Politico, por exemplo, publicou um artigo intitulado Putin “ganha” eleições fraudulentas na Rússia com quase todos os votos; o New York Times publicou outro com título Putin “ganha” eleições fraudulentas na Rússia com quase todos os votos; já o Washington Post foi além, com o artigo Para a eleição de Putin na Ucrânia ocupada, a votação é forçada sob a mira de uma arma.

Quer dizer, é a continuação da campanha de que o regime russo é uma ditadura brutal e que Putin só permanece no poder por conta dessa ditadura. O resultado destas eleições, no entanto, possui explicações muito mais factuais que essa: Putin se mostrou à altura dos acontecimentos mais recentes e solucionou problemas essenciais para o povo ucraniano.

Com a deflagração da operação especial russa na Ucrânia, enfrentou como poucos fizeram o imperialismo no país vizinho, garantindo que a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) se afaste das fronteiras russas. Ao mesmo tempo, combateu as sanções impostas pelos países imperialistas contra a Rússia de maneira tão eficiente que praticamente não foram sentidas pela população russa.

Nesse sentido, obteve uma série de conquistas essenciais que aumentaram em muito a sua popularidade entre o povo russo, algo inevitável dado que os problemas que foram resolvidos afetam diretamente a classe operária do país eslavo.

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