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Guerra da Ucrânia

‘Putin é um mestre da matança do povo’, diz a esquerda Biden

O Partido Comunista da Grécia segue sendo um dos mais pró-imperialistas partidos comunistas do mundo. Mesmo após 2 anos de guerra ele ainda tem política de querer derrubar Putin

A guerra entre a Rússia e a OTAN na Ucrânia já completou dois anos e muitos setores da esquerda pequeno burguesa continuam com sua posição reacionária de atacar o governo russo. Para disfarçar, esses setores também atacam a OTAN, afinal defendê-la seria um suicídio político para um partido de esquerda. Um dos mais enérgicos nessa posição é o Partido Comunista da Grécia, o KKE, que publicou em seu portal o texto “Dois anos de matança do povo ‘para que se encha os pratos dos mestres’”

O texto comenta a conjuntura geral da guerra, fala sobre o fim da União Soviética, e a conjuntura dos últimos 30 anos. Então ele cita um documento emitido logo no início da guerra em 2022:emitido em 26 de fevereiro de 2022, por iniciativa do Partido Comunista da Grécia, do Partido Comunista do México, do Partido Comunista dos Trabalhadores da Espanha e do Partido Comunista da Turquia, o qual foi assinado por mais de 70 Partidos Comunistas e Organizações Juvenis Comunistas de todo o mundo. A Declaração Conjunta definiu corretamente o caráter da guerra imperialista e enfatizou a necessidade ‘de fortalecer o critério de classe para analisar os acontecimentos, de traçar nosso próprio caminho independente contra os monopólios e as classes burguesas, pela derrubada do capitalismo, pelo fortalecimento da luta de classe contra a guerra imperialista, pelo socialismo, que permanece tão atual e necessário quanto sempre’.

Aqui ele determina qual o bloco internacional que está contra a Rússia. Também afirma o seu principal argumento: é uma guerra interimperialista, ou seja, a Rússia é um país imperialista e, dessa maneira, não pode ser apoiada de forma alguma. Se a tese fosse verdadeira, de fato não se poderia defender a Rússia. No entanto, é falsa.

O texto continua: “outros Partidos Comunistas aceitaram os pretextos fornecidos pela burguesia russa, que alega travar uma ‘luta antifascista’. Hoje, quando os principais partidos burgueses na Alemanha estão repetindo os argumentos da liderança russa e realizando manifestações ‘antifascistas’ na Alemanha, vemos partidos reagindo e destacando a hipocrisia dos organizadores desses comícios. No entanto, para alguns partidos, a linha parece ficar turva quando se trata dos pretextos ‘antifascistas’ usados pela Rússia burguesa como cobertura para a guerra imperialista”.

Aqui o KKE não explica que na Ucrânia existe uma concentração gigantesca de milícias nazistas financiadas pelos EUA para atacar os russos na Ucrânia e a própria Rússia. É uma situação muito diferente do que acontece na Alemanha. O antifascismo russo é uma guerra real do exército russo e das milícias operárias do Donbas contra os nazistas ucranianos. O KKE poderia questionar se o que levou à invasão foi o antifascismo ou a questão da segurança da Rússia. Mas fato é que a Rússia acabou sendo maior força antifascista do mundo, principalmente no início da guerra, 

O artigo então comenta sobre a burguesia da Rússia: “pelo contrário, a burguesia russa, tendo suprimido — pelo menos por enquanto — uma ‘rebelião’ interna dentro de suas fileiras, como a ‘questão Prigozhin’ e seu exército de mercenários, assegurou uma vantagem relativa no front quanto às operações terrestres e aéreas de suas forças armadas, bem como um estoque suficiente de armas”. Aqui o artigo inventa uma suposta rebelião da burguesia russa sem motivos aparentes. Prighozin não era um representante de um setor da burguesia, foi uma rebelião dentro de sua milícia, rebelião que foi muito facilmente derrotada, pois não havia apoio de nenhuma força política. 

Então o texto cita o crescimento econômico e que o PIB da Rússia ultrapassou o da Alemanha e afirma: “esses desenvolvimentos refutam as alegações de certas forças argumentando que a Rússia é um estado capitalista ‘fraco’ e ‘dependente’, a ‘bomba de gasolina do mundo’ em algum lugar na ‘periferia” do capitalismo’. Eles confirmam a avaliação do KKE de que a Rússia ocupa uma das posições mais importantes na ‘pirâmide’ imperialista moderna de interdependência desigual dos estados capitalistas, como função de todo o seu potencial significativo (econômico, político e militar)”.

Aqui está o ponto principal, finalmente o KKE argumenta sobre o suposto imperialismo da Rússia. O seu principal ponto é que o PIB russo é grande, maior que o da Alemanha. É uma argumentação muito fraca. Afinal, por esse critério China, Índia e Brasil também seriam imperialistas. Com a China, infelizmente esse debate ainda existe, mas sobre Índia e Brasil já começa a ser ridículo. Mas o ponto teórico de apoio do KKE é a “pirâmide imperialista”, aqui está a manobra para atacar a Rússia.

A tese do KKE não é que os monopólios imperialistas se agrupam em alguns países que formam os Estados imperialistas. Os principais são os EUA, a Inglaterra, a França, a Alemanha e o Japão. O mundo não é dividido em países imperialistas e países oprimidos. Na verdade existe essa pirâmide e assim pode se incluir imperialismos menores, de forma que fica mais fácil de se dizer que Rússia, China e até Brasil são imperialistas. Qual é o grande beneficio dessa tese? Quando o imperialismo real atacar a Rússia e a China, o KKE não precisará bater de frente, defender os oprimidos; ele poderá também atacar esses países afirmando que fazem parte da “piramide”. 

Pode parecer algo irrelevante, mas é essa política que leva, por exemplo, à condenação dos golpes nacionalistas na África. Quando o Níger começou a lutar contra os franceses em 2023 foi com base nessa tese que a esquerda pequeno burguesa não ficou a favor do país africano. Por que? Não era uma luta real do Níger, mas sim uma luta interimperialista da China e da Rússia contra a França. O caso da Ucrânia pode parecer mais confuso, mas o caso do Níger escancara o quão reacionária é essa tese.

Por fim, o artigo cita a realidade nos territórios que foram integrados à Rússia, nomeadamente Luganks, Donetsk, Zaporíjia e Kherson: “lá também, a ‘reconstrução’ caminha de mãos dadas com a divisão de fábricas e outras unidades industriais e de produção entre os capitalistas. Os capitalistas russos substituem os capitalistas ucranianos, enquanto os trabalhadores que não foram convocados e não estão na frente continuarão a suar sangue para que os patrões possam colher os lucros”. É a clássica posição esquerdista, como cunhou Lênin, “fora todos viva os trabalhadores!

É muito bonito, mas a questão que fica é, essa é a política da classe operária na Rússia e no Donbas? Não. Putin atualmente está em seu momento de maior popularidade em suas mais de duas décadas de governo. E ainda mais importante, no Donbas, onde um levante da classe operária lutou por 8 anos contra a Ucrânia, a operação russa foi encarada como uma gigantesca vitória. “Fora Putin“, portanto, não é a bandeira dos trabalhadores, é a bandeira de Biden, que o KKE supostamente crítica, mas que na prática apoia.

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